quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Hitler e seus segredos

 


 


Com a autoridade moral de mãe de filho homossexual, filha de pai fugitivo do regime nazista,neta de avó prisioneira do campo  de concentração de Teresienstad (atual República Tcheca) e cidadã alemã ,por ocasião da entrada em domínio público do livro  de Hitler Mein Kampf (Minha Luta), decidi repostar o texto abaixo.

Porque passamos quatro anos de momentos difíceis aqui no Brasil,mais do que flertando com o nazismo, numa crise institucional seríssima e o preconceito e o racismo grassando.

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Dois livros, um mesmo assunto, diferentes abordagens : o homofóbicoThe Pink Swastika: Homosexuality in the Nazi Party” (A suástica cor de rosa: homossexualidade no Partido Nazista ), dos americanos Scott Lively e Kevin Abrams (4a edição, 2002 ) e o documental “O Segredo de Hitler: a vida dupla de um ditador”  do historiador alemão Lothar Machtan (Editora Objetiva, 2001), trazem à público uma bem guardada informação : Hitler era gay (!?)

A suástica cor-de-rosa
  

Ao ser publicado pela Veritas Aeterna Press em 1995, e nas sucessivas edições, o livro produziu o efeito de uma bomba nos sites gays da internet. 
Os autores mostram com “provas irrefutáveis” que a homossexualidade era o centro dos regimes nazista e fascista e que a elite nazista era constituída por homossexuais enrustidos.

As diretrizes do Partido teriam sido traçadas em Munique – mais exatamente no Bratwurstgloeck, que seria conhecido nos dias de hoje como um bar gay.

Muitos dos rituais e símbolos viriam de “organizações sodomitas”, entre elas a saudação “Sieg Heil” (Viva a Vitória!) e a logomarca dos SS.

Segundo o livro, Hermann Goering caprichava na aparência, usando roupas exóticas e maquiagem pesada, mesmo sendo tido como um marido exemplar em seus dois casamentos.
Rudolph Hess , seria conhecido no Partido como “Fraulein Anna”.

Herschel Grynszpan, jovem judeu que matou Ernst von Rath em Paris (1938), dando aos nazistas uma boa desculpa para a “Noite de Cristal”, onde foram mortos 35 mil judeus, é descrito como "prostituto homossexual que sabia demais", detalhe que foi usado pelo advogado de defesa, com sucesso, para adiar indefinidamente seu julgamento por homicídio.

A orientação fundamentalista de direita do discurso dos autores deu origem a discussões sem fim que, até hoje, explodem aqui e ali, provocando um debate cujo conteúdo é surrealista.

Havia uma outra razão para que os nazistas prendessem e matassem homossexuais: eles desejavam apagar evidências “incriminatórias” contra seus próprios líderes.

Scott Lively (advogado e presidente da Pro-Family Law Center - uma espécie de “TFP” norte-americana ), e Kevin Abrams (que se autodefine como “um psico-historiador” das leis) procuram destruir o mito de que os nazistas perseguiam homossexuais.

E que, na realidade, a maioria dos nazistas e atuais simpatizantes (como os dirigentes dos modernos grupos nazistas americanos) também eram ou são gays.
E que os homossexuais foram os verdadeiros culpados pelo Holocausto, uma vez que Adolf Hitler e todos os seus comparsas eram gays. 



O Segredo de Hitler

Segundo Lothar Machtan, professor de História Contemporânea e do Tempo Presente na Universidade de Bremen, Adolf Hitler teve-ao final dos anos 20 - uma série de relacionamentos homossexuais.
Durante cinco anos, por exemplo,teria mantido uma relação com seu colega de caserna Ernst Schmidt.

A partir de 1930, com a ascensão do partido nazista, ele se sentiu vulnerável e tentou por todos os meios apagar esta imagem "comprometedora".

A eliminação do chefe das SA Ernst Roehm, em 1934, foi diretamente ordenada por Hitler, como “queima de arquivo”.

O Coronel Roehm, homossexual assumido, detinha em seu poder documentos altamente comprometedores.
Adolf Hitler teria ordenado a perseguição aos homossexuais para dissimular sua própria sexualidade.

Destaque na feira de Frankfurt em 2001, a obra enfoca a pessoa humana que foi Adolf Hitler, dissecando especialmente um período sombrio que nunca havia sido explorado: sua juventude em Viena e o início da carreira político-militar na Alemanha.

O Professor Machtan documenta os envolvimentos pessoais do ditador e seu caráter promíscuo (teria sido contagiado pela sífilis), explicando que só é possível tentar compreendê-lo se for considerado este aspecto de sua personalidade.


A orientação sexual obrigou a cúpula do Partido Nazista a se restringir a um círculo que foi se tornando cada vez mais fechado. As nomeações para cargos de confiança seriam feitas não pela competência, mas pelo nível de discrição e fidelidade ao Führer.

As raras relações heterossexuais também são avaliadas: com a própria sobrinha Angela Maria (Geli) Raubal(talvez ela tenha sido amante do Tio Adolf, talvez não.)
A morte aos 23 anos foi anunciada oficialmente como suicídio, mas rumores garantiam, na época, que havia sido morta por Heinrich Himmler.

Quanto ao casamento “in extremis”, segundo Lothar Machman, Hitler teria se unido a Eva Braun pouco antes do suicídio para, com este gesto grandiloquente,“assegurar sua masculinidade perante a História”

Afirma também o autor que “a inclinação sexual de Hitler não é “A” chave para compreender sua vida, mas conhecê-la abre novas possibilidades interpretativas”

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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Leonard Bernstein - em elaboração


 




                                         (1918-1990)

Um dos Maestros mais importantes de seu tempo- e o primeiro Maestro americano a ter consagração internacional, compositor, pianista, educador musical, autor  e ativista pelos direitos humanos.  
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 Linha do tempo

*Nascido em Lawrence, Massachusetts, em 25 de agosto de 1918,  filho de Samuel Joseph e Jennie Bernstein.


Sobre o pai, declarou em entrevista 

 Acho que  provavelmente o maior

presente que meu pai nos deu  foi nos ensinar a amar  

o aprendizado, a sabedoria e  

a busca real por estes valores"


*Estudou na Universidade de Harvard, 

no Curtis Institute e No Berkshire Music Center 

em Tanglewood, onde chamou a atenção do 

maestro Serge Koussevitzky,  

mentor dos primeiros estágios de sua carreira.

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 * 14 de novembro de 1943  Estréia como maestro da Filarmônica de Nova York no Carnegie Hall, em Nova York,no lugar de outro maestro, Bruno Walter, que havia adoecido. 

Hollywood 1944

 
"O inesperado fez uma surpresa" e sucesso do desempenho colocou o jovem músico no centro das atenções.

Logo, foi convidado como maestro e professor nos Estados Unidos e Europa. 

sábado, 27 de janeiro de 2024

SOBRE O ATO INSTITUCIONAL número 5



+ Que não descanse em paz

De acordo com pesquisa da Folha Online  publicada nos 40 anos do AI5,8 em cada 10 brasileiros nunca ouviram falar no famigerado Ato número 5, um dos 17 criados pela ditadura militar e o mais terrível deles,de autoria do jurista e então Ministro da Justiça Luiz Antonio da Gama e Silva e, sem prazo para extinção,durou até 1979.

Em 13 de dezembro de 1968,  o Ato Institucional Número 5, fechou o  Congresso,aposentou juízes,cassou mandatos politicos.

Uma das  decisões desse decreto -que é considerado uma excrescência jurídica-acabou com a concessão do habeas corpus,  garantia fundamental para os direitos individuais e estimulou a repressão militar e policial.

Com o AI-5,o governo do “presidente” Arthur da Costa e Silva tinha liberdade total para demitir e aposentar funcionários de todos os poderes e ai de quem contestasse.  
 Cerca de cem congressistas foram cassados,500 filmes censurados assim como 450 peças teatrais, outras tantas 500 canções e  perto do AI-5,os outros atos pareceram brincadeirinha de criança. 

Para firmar a oposição ao regime ditatorial no país,a UNE ( União Nacional dos Estudantes ) organizou no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralizaram fábricas em protesto e a guerrilha urbana começou a se organizar. 

A chamada “Geração AI-5” viria a sofrer( todos nós sofremos,na verdade) as conseqüências da atitude passiva do empresariado,de outros setores sociais  e da própria população,iludida pelo “milagre brasileiro” que foi  construído meio artificialmente a partir de então.

Contando com a melhora no desempenho econômico, reflexo de um fenômeno mundial  circunstancial,acontecido sem que houvesse a globalização de nossos dias.
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Jamais deve ser esquecido. Para que nunca mais se repita.
Tivemos o chamado livramento deste golpe militar se repetir ,por ocasião da derrota de Bolsonaro na eleição de 2022.


domingo, 14 de janeiro de 2024

Dandara, esposa de Zumbi dos Palmares,símbolo da resistência negra

Em matéria publicada em 2015,encontrei 11.705 pessoas assim registradas em cartórios no Brasil.
Dandara, nome de origem africana, é especialmente presente em culturas afro-brasileiras. 
O significado exato pode variar, mas geralmente é associado a características como "poderosa", "guerreira" e "aquela que luta"
Dandara representa a força e a resistência das mulheres negras na história,nos ensina a Wikipedia.

CONTINUA








 QUILOMBO DOS PALMARES
 

Segundo o IPHAN. quilombo é toda a habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”.

Palmares foi o quilombo mais famoso do Brasil, estabelecido no final do século XVI na capitania nordestina de Alagoas. 

Era composto por vários mocambos (comunidades do tamanho de aldeias) unidos para formar um reino africano. 
Alguns habitantes de Palmares,  os quilombolas nasceram no Brasil, enquanto outros vieram da África, especialmente de Angola.

Palmares tornou se  autossuficiente ao diversificar a produção agrícola. 

A  autossuficiência foi encarada  como uma ameaça ao sistema de escravidão no Brasil e as autoridades procuraram  eliminar os quilombolas. O quilombo resistiu aos ataques holandeses e portugueses e sobreviveu por quase um século.

DANDARA DOS PALMARES

Não há certeza sobre local de nascimento de Dandara,mas é certo que não foi a sombra de Zumbi.Com ele teve três filhos: Aristogíton, Harmódio e Motumbo. 
 
Foi uma guerreira negra que  dominava técnicas de capoeira, lutando ombros ombro com homens e mulheres nas muitas batalhas por ataques ao quilombo
Ela  tinha objetivos e  não se enquadrava nos padrões  que são impostos às mulheres, mesmo até hoje, mas cumpria seus deveres de mãe e dona de casa.
Alguns historiadores falam em sexismo.Por ter sido quem foi, não é estudada nas escolas e os movimentos negros e feministas não a focalizam com a frequência que deveriam.

MORTE


Dandara  se opôs a um tratado de paz assinado com o Império Português que libertaria palmarindos presos, em troca pedindo a entrega de todos os escravos que fugissem para o Quilombo dos Palmares
Antes de ser presa pelos portugueses, no dia 6 de fevereiro de 1654, cometeu suicídio, atirando-se de um precipício.
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6+

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Florence Nightingale

 


Enfermeira britânica 

Pioneira no tratamento a feridos 

de guerra

(Florença, Itália1820

Londres-1910)


  



Traduzi e adaptei o texto original de Tina Gianoulis

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Famosa como  patrona da enfermagem moderna, Florence Nightingale foi muitas vezes descrita como abnegada,benfeitora e tímida. 

 

Na verdade, firme e inflexível reformadora que enfrentou  muitas das instituições mais poderosas de sua época, lutou  pelo direito de ter uma carreira e uma identidade individual na atmosfera sufocante da Inglaterra Vitoriana. 


Recusou-se a assumir as  funções limitadas de esposa, mãe e  "ornamento social" disponíveis para as mulheres de classe média da época

Ao contrário, desenhou um papel significativo para si mesma, e, durante este processo, pavimentou o caminho para a enfermagem profissional como uma escolha de carreira para  mulheres de todo o mundo.

 

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 Nasceu em 12 de maio de 1820 numa rica família inglesa 
bem-relacionada que  vivia em Florença,Toscana  .


Por isso, Florence recebeu o nome em inglês da cidade em que nasceu,

 Foi educada pelo pai, que lhe ensinou,em casa, grego, latim, história e matemática.   

Bem jovem,  percebeu de que sua vocação  era   cuidar dos doentes.  

A família ficou horrorizada com essa revelação porque a atividade era considerada uma ocupação para as mulheres de classe baixa . Florence Nightingale persistiu  e, em 1850 ,começou a estudar enfermagem no Egito, Alemanha e França.  

 

Em 1853, foi designada para um trabalho não remunerado, supervisionando um hospital de mulheres em Londres.

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O evento que mudaria para sempre  sua vida  foi a Guerra da Criméia, em que a Inglaterra,  aliada com a França e Turquia lutava contra a Rússia.  

 

Quando a guerra começou, em 1854, o Ministro da Guerra inglês  pediu que ela conseguisse um grupo de  38 mulheres para  cuidar das tropas, que estavam morrendo de doenças mais do que em combates.  

Uma abordagem rigorosa e eficiente do grupo chefiado por Nightingale  ajudou a reduzir a taxa de mortalidade por doenças como  cólera,  tifo e disenteria de quase 50% para 2%.  

 

Ela ficou irritada e frustrada pela indiferença e incompetência da burocracia do exército e chegou mesmo a se sentir   responsável por muitas mortes entre os combatentes

.Protetora de seus pacientes os observava,  pessoalmente, dia e noite.  

 

A  imagem dela, passando  por entre  intermináveis ​​filas de macas à noite, iluminando  o caminho com uma lâmpada, foi enviada  para Londres por correspondentes de guerra. 

Ao voltar para a Inglaterra, tinha se tornado famosa através dos muitos artigos escritos sobre ela no jornal  Times.  

 

Embora a sua própria saúde tinha sido  afetada por  dois anos extenuantes   na Criméia, ela usou sua fama para trabalhar pelas as causas em que acreditava :uma profunda reforma nos serviços médicos de guerra e programas de criação e treinamento para enfermeiros.  

Transformada em uma figura pública bem conhecida,  foi procurada por muitos líderes mundiais para aconselhamento a respeito de questões de saúde.  

 

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 Uma doença crônica nos últimos 50 anos de  vida e seu status como  inválida provocavam mais reverância das pessoas.Usou o medo que a doença inspirava para defender a causa da medicina preventiva e melhor tratamento médico para os pobres.
 

Embora muito do trabalho de Florence Nightingale tenha melhorado a vida de   mulheres , ela teve pouca afinidade com elas, preferindo a amizade de homens poderosos.

Talvez sentisse afinidade com o sexo masculino pois muitas vezes se referia a si mesma como  "um homem de ação" . 

No entanto, teve várias amizades importantes e apaixonadas com as mulheres. 

 Quando jovem, a  atração  que sentia por uma das tias e  uma prima era quase como  a  de um comprometimento amoroso.   

Mais tarde na vida, manteve uma correspondência prolongada com uma freira irlandesa, Irmã Mary Clare Moore, com quem tinha trabalhado na Criméia.

 

 E a  mais amada confidente era Mary Clarke, uma inglesa que  conheceu em 1837 e com quem  manteve contato durante toda a sua vida. 

Apesar destas ligações emocionais profundas com mulheres,grande parte dos biógrafos  acredita que ela permaneceu celibatária , talvez porque sentia uma vocação quase religiosa pela carreira, ou  porque  viveu num tempo de tremenda repressão sexual.  

Seus relacionamentos podem ser descritos como "amizades românticas." 

Morreu 15 de agosto de 1910, na Inglaterra.


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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Dez verdades que você precisa saber sobre o mundo gay . por Rodrigo Sánchez

 


 Sou mãe de um filho homossexual que muito admiro e respeito. 
Compartilho com você este excelente texto de Rodrigo Sánchez.


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"Quando discursos como os de Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, 
que defendem a “família” e os “bons costumes”, são valorizados
 por uma parcela crescente da sociedade, uma ameaça perigosa ganha
força. 


Mais que bastante questionáveis, posturas assim 
são agentes legitimadores da 
violência em todas as suas variações. 
Entenda:
Uma criança que nasce gay e cresce no seio de uma família repressora tem, basicamente, três destinos predeterminados na vida: 

1. aceitar a sua condição e ser feliz, geralmente longe dos parentes;
 2. cometer suicídio, ou 3. absorver esses valores, crescer rejeitando a sua sexualidade, formar uma família heterossexual e manter relações extraconjugais com pessoas do mesmo sexo.
Saber que as alternativas 2 e 3 são assustadoramente comuns basta para chegarmos à conclusão de que alguma coisa está errada.
O discurso da família e dos bons costumes pode convencer muita gente, mas, da maneira como é passado adiante, serve de base para uma série de tragédias pessoais que interrompem e afetam gravemente o curso de histórias que poderiam ter um fim muito diferente.

4. A homossexualidade não tem qualquer relação com a pedofilia.

É muito comum que as pessoas associem a homossexualidade à prática da pedofilia. Por favor, não. Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. A pedofilia é um desvio sexual que pode acometer pessoas de qualquer orientação.
Seus filhos não correm mais risco ao serem deixados sozinhos com um gay que com um heterossexual. A pedofilia é uma questão independente da orientação de cada um. 
Pior: muitas vezes a violência está dentro de casa e vem de quem menos se espera.

5. Gays não querem necessariamente ser, agir ou se vestir como o sexo oposto.

Sexualidade e identidade de gênero não devem ser encarados como conceitos engessados, mas é preciso compreender que existem diversas tendências de comportamento e que a palavra gay não dá conta de todas elas.
A homossexualidade pode ou não estar associada à transgeneridade, à transexualidade etc., o que significa que, não, um gay não vai necessariamente se transformar aos poucos numa figura que se apresenta à sociedade como a do sexo oposto.
Não existe uma “evolução” gradativa da homossexualidade (o que desmonta a teoria de Jair Bolsonaro, que diz que falta pouco para que rapazes cheguem em casa com unhas pintadas e batom, pois já usam brincos).
 A questão da identidade de gênero é uma necessidade maior, inerente a cada indivíduo. 
Naturalizar e respeitar essa necessidade não vai incentivar que as pessoas adotem esse comportamento do nada, do zero. Vai, sim, permitir a quem já tem essa necessidade a possibilidade de expressar a sua natureza com orgulho e dignidade.
E se esta for a vontade de alguém próximo, qual é o problema? Tem dúvidas sobre como agir? 

6. Você convive todos os dias com pessoas que admira e que talvez não desconfie que sejam gays.

Certa vez conheci uma senhora, a dona Ana, com quem conversei por algum tempo num trajeto qualquer de ônibus. Eu a ajudei a passar com uma bolsa pesada pela roleta e me sentei próximo dela ao longo da viagem.
Gosto de ouvir histórias e costumo dedicar mais atenção do que as pessoas esperam ao que elas têm a me contar. 
Conheci alguns detalhes da vida da dona Ana, contei algo da minha rotina e lá estávamos nós em mais um desses esbarrões inesperados que nos brindam com um pouco mais de humanidade em meio à correria mecanizada e antipática do dia a dia.
Até que, pouco antes de fazer sinal para descer no ponto seguinte, a dona Ana resolveu me elogiar. Para ela, eu era “um rapaz à moda antiga, educado e atencioso como há muito não se vê, bem diferente dessa juventude cheia de coisas erradas que faz do mundo algo cada dia pior”. E aí ela fez referências a jovens drogados, mimados, acomodados… e aos homossexuais.
Talvez ela tivesse repensado essa opinião se pudéssemos ter conversado por mais alguns minutos. 
Não deu. Então, penso: quer dizer que a questão da sexualidade faria todos os elogios caírem por terra? Talvez não, mas, assim como me pareceu ser com a dona Ana, muita gente não consegue conceber a ideia de que um gay possa ser uma pessoa com boas qualidades.
Admire as pessoas pelo que elas são, não pela sua sexualidade.7. Promiscuidade, drogas e doenças não definem e não são exclusividades do mundo gay.
Muitos pais relatam que aceitam a homossexualidade dos filhos, mas têm medo que eles sejam influenciados a experimentar drogas ou adotar um comportamento promíscuo.
Se você tem filhos, essa preocupação não deveria depender da orientação sexual deles. O conceito amedrontador de um pretenso grupo de risco, teoricamente mais exposto a determinados problemas, dá lugar, hoje, à ideia de conduta de risco. Sejamos hétero ou homossexuais, não estamos a salvo de qualquer coisa e não devemos estigmatizar as pessoas.

8. Casais gays em novelas não são uma “incitação à homossexualidade” e nem mesmo serão capazes de influenciar seus filhos a serem gays.

Todo produto cultural tem uma função social. Você pode achar as novelas da Globo um lixo, mas não pode negar que, bem ou mal, elas são fonte de diversos debates e ajudam, consequentemente, a construir parte da identidade nacional.
Precisamos começar a consumir esses produtos com mais senso crítico. Se um enredo nos apresenta a uma neta que bate nos avós, ele não quer ensinar que netos devem bater em avós. A intenção do autor é exatamente o contrário: mostrar quão abominável é bater nos avós.
A presença cada vez mais frequente de gays na TV não quer (nem seria capaz de) influenciar qualquer pessoa a se tornar gay, mas ajudar a naturalizar uma realidade que precisa ser tolerada pela sociedade.
 Pode influenciar, no máximo, um gay que se esconde de si e dos outros a ter mais orgulho de quem é, diferentemente do que tantas pessoas o fizeram crer ao longo da vida. E não, isso não é ruim.
Já a exploração de estereótipos exagerados e que nem sempre representam a comunidade gay com o respeito que deveriam é papo para outro momento.

9. Os gays não querem privilégios, querem igualdade de direitos.

Criminalizar a homofobia é preciso, entre outros motivos, porque o nosso país é recordista mundial em crimes motivados especificamente por ódio à população LGBT. Uma lei que favoreça essas pessoas pode reduzir a impunidade e ajudar a tirar o país desse vergonhoso ranking.
O casamento civil igualitário, por sua vez, dá aos casais homossexuais, que são mais uma entre as diversas novas concepções de família, todas dignas de respeito, os direitos que casais héteros têm desde sempre.
 Por que o tratamento deveria ser diferente? Por que se opor, por exemplo, à adoção, por parte de casais gays, de órfãos e crianças abandonadas? Isso não ameaça a família tradicional.

10. Os gays não querem dominar o mundo nem converter você ou os seus filhos.

Não absorva a causa gay como uma imposição de valores. 
Ela é uma luta por respeito e igualdade. Nenhum homossexual em sã consciência quer varrer o mundo com uma tsunami gay. 
Termos como “ditadura gayzista” e “heterofobia” não fazem sentido simplesmente porque a causa gay não pretende (nem é capaz de) impor qualquer comportamento ou “destruir a família”. 
Você acha que vai se tornar gay depois que o casamento civil igualitário e a criminalização da homofobia se tornarem realidade? Eu respondo por você: não, ninguém vai. E mais: preservar e incentivar a tolerância e o amor que existem nas crianças não é capaz de “convertê-las” à homossexualidade. Nada será capaz disso se elas não forem homossexuais. É básico.
Entenda, ainda, que o que se diz deixa de ser opinião e se torna um discurso de ódio a partir do momento em que fere os direitos de outra pessoa e incita a violência. “Enfrentar a minoria” e “tratar os homossexuais longe daqui”,como propôs o ex-candidato à presidência Levy Fidelix em rede nacional, é, mais que uma postura absurda, uma legitimação à intolerância que fere gravemente a dignidade de centenas de milhares de pessoas e leva a casos como este:

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ISADORA DUNCAN E ELEONORA DUSE.- A amizade virou amor

  Famosas, aclamadas, deusas para seus admiradores, Isadora Duncan - a criadora do ballet moderno e Eleonora Duse - considerada em sua época...