sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Roberta Close,pioneira trans- um olhar estrangeiro

 




A mais bela mulher da década de 80, de acordo com a mídia internacional,hoje é uma discreta  dona de casa na Suíça.
Por temer preconceito e discriminação, preferiu deixar o país,mas volta com frequência ao Rio para visitar amigos e parentes.
Traduzi e adaptei o artigo de Patricia Juliana Smith,
professora de Inglês na  Hofstra University,universidade privada em Hempstead, Nova York.
 Com Corinne Blackmer,Patricia  editou uma
 coleção de ensaios: En Travesti: Women, Gender Subversion, Opera. Ela também é autora de  Lesbian Panic: Homoeroticism in Modern British Women's Fiction and editor of The Queer Sixties and The Gay and Lesbian Book of Quotations

O texto  a seguir foi publicado em 2002 em portal especializado e direcionado à comunidade LGBT , a simpatizantes e a estudiosos do assunto.

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Em 1984, a primeira página do Weekly World News publicou esta manchete: "a mais linda modelo do mundo é   é  um homem."  
O tablóide é conhecido por suas manchetes sensacionalistas mas, neste caso,era verdade. 

 Roberta Close, uma das mais famosas celebridades transexuais no mundo de hoje,  se submeteu  à cirurgia de mudança do sexo masculino para feminino,o que lhe trouxe ainda mais fama  mas também a levou a desafiar a lei brasileira  
Roberta Close nasceu Luiz Roberto Gambine Moreira, no Rio de Janeiro, em 07 de dezembro de 1964 ou, como ela declara, em 12 de dezembro de 1965. 
Apesar de ter nascido biologicamente do sexo masculino, a  genitália masculina  era incompleta.

Quando criança, Luíz se  sentia  do sexo feminino,começou vestindo traje femininos quando adolescente e,logo depois, começou a tomar injeções ilícitas de hormônio para aperfeiçoar  a aparência já tão feminina.  
Esta crise de identidade   veio à tona quando, aos dezoito anos, foi se alistar  no recrutamento militar usando um vestido.  
Uma dispensa foi concedida, mas seu pai, um oficial  do exército, a expulsou de casa, revoltado com o escândalo.
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Por um período de tempo, Luíz se juntou às fileiras do travestis, uma subcultura de prostitutas transgêneras, biologicamente do sexo masculino que freqüentava o bairro da Lapa,no centro  do Rio de Janeiro. 

Sua beleza notável e físico perfeito, ajudado  por silicone,atraiu a atenção da mídia, e ela logo se tornou muito requisitada como modelo, adotando o nome de Roberta Close. 

Aos vinte anos,  ganhou o "Senhorita Gay Brasil" concurso de beleza e se tornou a primeiro modelo transexual a posar nua para a edição brasileira da Playboy.  
Em 1985,  teve seu primeiro papel nas telas de cinema  na comédia "Si tu vas a Rio. muers"  (Se for ao Rio...você morre), o que a tornou uma das celebridades mais visíveis em seu país natal. 

Embora   disposta a manter seu status biológico original, ela foi pressionada por seus agentes  a  se submeter à cirurgia de correção sexual, que foi realizada em uma clínica de Londres.  
Depois de se recuperar, fez ensaios para a " Sexy", uma revista brasileira para homens, e os leitores  a escolheram,por votação a "mulher mais bonita do Brasil."

Teve um papel de relevo numa popular novela   brasileira e foi a anfitriã de seu próprio talk show. 
A carreira tomou um rumo sério mas,quando  desafiou as leis que  a impediam de usar seu nome preferido, Luíza Gambine Moreira, ou declarar seu sexo como feminino em documentos oficiais, precisou recorrer ao Supremo Tribunal Federal, que, em 1997, decidiu contra ela. Que absurdo!

Em 1999,  foi presa por usar um passaporte com sua identidade nova.
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Completamente adaptada à condição feminina, casou com o industrial suíço Roland Granacher em 1993. 
O casal se separou depois de sete anos  

Em sua  autobiografia  "Muito Prazer, Roberta Close" (1998), afirma que se envolveu com Eddie Murphy, George Clooney, Robert DeNiro e Francis Ford Coppola, entre outros. 
 Best-seller no Brasil, o livro não foi publicado nos Estados Unidos, por  razões legais óbvias. 

Em 2005,finalmente  uma decisão judicial reconheceu-a como uma mulher e concedeu-lhe uma nova certidão de nascimento.  

Na sequência, um tribunal do Rio de Janeiro,  expediu uma nova certidão de nascimento afirmando que, em 7 de dezembro de 1964, uma criança do sexo feminino nasceu e recebeu  o nome de Roberta Gambine Moreira. 

Em parte como resultado da longa batalha para que novas  identidades  sejam legalmente reconhecidas, os brasileiros vivem agora num tempo muito mais fácil  para fazer a transição de um sexo para o outro e, em seguida, mudar seus nomes e petições para novas certidões de nascimento
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