sexta-feira, 25 de junho de 2021

Christine Jorgensen,herói de Guerra,Vedete em Las Vegas



 Chegando ao final o mês de junho, dedicado mundialmente ao respeito,acolhimento e aceitação da comunidade LGBTQIA+, o meu texto a seguir é sobre a



Primeira paciente de cirurgia de mudança de sexo bem sucedida 


 

Em 1953 morreu o Rei George VI da Inglaterra e foi coroada a Rainha Elizabeth II,o Dr.Jonas Salk trabalhava em suas pesquisas sobre a 
primeira vacina contra a poliomielite, o monte Everest foi escalado pela primeira vez ,Dwight D. Einsehower foi eleito o 34o presidente dos Estados Unidos.
Terminou a guerra da Coréia,foi descoberta a estrutura da molécula do DNA, Sir Wiston Churchill ganhou um Premio Nobel de Literatura. 

Mas uma sensacional manchete do New York Daily News “Ex GI becomes Blonde Beauty” fez com que Christine Jorgensen,primeiro transexual masculino para feminino submetida a cirurgia comprovadamente bem sucedida, ganhasse status de celebridade e seja escolhida a Mulher do Ano.

Tormentos

Em 30 de Maio de 1926 nasceu no Bronx,Nova York , George William Jorgensen Jr . 
O tímido filho de imigrantes dinamarqueses teve uma infância normal e feliz ao lado da irmã,mas desde muito cedo começou a experimentar os tormentos do transexualismo: a estranha sensação de ter cromossomos, hormônios e genitais de um sexo e a convição íntima de pertencer ao gênero oposto.
 
Seu corpo já mandava as mensagens da confusão sexual:era muito magro,frágil e não tinha pelos no peito,braços e pernas.

 Embora contando com a compreensão e apoio irrestritos da família,`a medida em que ia crescendo e preferindo brincar com bonecas e usar roupas femininas e passou a se considerar uma fraude:homem por fora e mulher por dentro, chegando várias vezes a pensar seriamente em suicídio. 

Convocado pelo Exército Americano durante a 2a Guerra Mundial, depois do Armistício serviu 14 meses num cargo burocrático,o que lhe possibilitou contato com vasta biblioteca . 
Durante anos ,se empenhou numa pesquisa independente sobre cirurgia para mudança de sexo,fez cursos de fotografia e leu tudo que estava ao alcance sobre hormônios sexuais e desequilíbrios glandulares. 


Através de um amigo médico ,tomou conhecimento de que cirurgias como a que procurava já vinham sendo realizadas na Dinamarca, e pela equipe do Dr. Christian Hamburger: o psiquiatra. Stürup e os cirurgiões Poul Fogh-Andersen e Erling Dahl Iversen


 “A natureza cometeu um erro, eu consertei”. 

Em 1950 George Jorgensen saiu de cena e voou para a Europa. Quem reapareceu três anos depois, chegada de Copenhaguen, foi Christine, uma vistosa loura envolvida em casaco de peles. 
Em meio ao tumulto, cerca de 300 jornalistas a aguardavam no aeroporto, disputando a chance de escrever com exclusividade sua história.
 Quando informou a seus pais ,do leito do Hospital, que eles agora tinham uma filha, a resposta veio imediatamente por telegrama “Amamos você mais do que nunca” 

Os Jorgensen, de nível cultural modesto, deram ao mundo na jurássica década de 50 um exemplo de suporte,respeito e aceitação que deveria ser imitado pelas famílias de transexuais do século 21. 

Ela desejava que sua trajetória de homem para mulher fôsse uma coisa privada ,mas a indiscrição de um amigo da família trouxe a notoriedade que o assédio da mídia confere. 
Transformou-se numa digna embaixatriz da emergente comunidade transexual. 

Quinhentos milhões de palavras ( o correspondente a 15 livros de tamanho médio) foram usadas pela imprensa mundial em 1953 para registrar os resultados da primeira cirurgia de mudança de sexo comprovadamente bem sucedida.
Após sua vaginoplastia, Christine  planejou se casar com o   sindicalista John Traub, mas o compromisso foi desfeito.
Em 1959,  anunciou seu noivado com  Howard J. Knox em Massapequa Park, Nova York, onde seu pai construiu uma casa para ela após a cirurgia de mudança de sexo.

 “I enjoy being a girl”

Abriram-se as portas para uma fulgurante carreira no show business e Christine Jorgensen passou o resto de sua vida sob luzes de palcos .

Estreiou no Orpheum Theater em Los Angeles narrando um documentário que dirigiu e filmou na Dinamarca. 
Trabalhou em casas noturnas ,cassinos,tornou-se cantora e apresentadora de talk shows. 
Escreveu um livro autobiográfico em 1967,( “A Personal Autobiography”,editado pela Cleis Press) que continua sendo um sucesso de vendas até hoje e pode ser encomendado em sites de livrarias pela internet.

Inspirado na história de Christine Jorgensen,Ed Wood dirigiu em 1954 o documentário “Glen ou Glenda”. 
Em 1970 foi rodado o filme “A História de Chistine Jorgensen”,estrelando John Hansen e Joan Tompkins. 
Ela nunca se casou mas ficou noiva duas vezes. Reportagens indiscretas revelaram que poderia ter relações sexuais normais,mas jamais conceberia filhos.
Sua voz era grave,bem modulada e sexy.

 Christine Jorgensen gostava de ser mulher e usava como prefixo musical a composição de Oscar Hammerstein II “I Enjoy Being a Girl”, que se tornou sua marca registrada.

 Com a fortuna acumulada durante os anos de careira artística comprou uma mansão em Laguna Niguel,ao Sul de Los Angeles,onde recebia amigos e onde a vida era sempre uma festa. 
Sua principal papel,sua atuação mais notável, foi ter se transformado de objeto de ridículo e curiosidade pública em uma respeitada militante da tolerância sexual,tornada referência emblemática do transexualismo.

Morreu em de câncer em 1989, vinte e tres dias antes de completar 63 anos. Foi cremada e suas cinzas espalhadas no Oceano Pacífico.

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Entrevista com Christine ,década de 80, com legendas em inglês
Tecle aqui:

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