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| Paul Verlaine (esq) e Arthur Rimbaud |
Os primeiros versos da “Canção de Outono”
“Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone”
usados como senha para a invasão da Normandia no Dia D (6/6/44), ação crucial para a vitória dos aliados na 2ª Guerra Mundial ,deram a Paul Verlaine, seu autor, uma dimensão que ultrapassou as fronteiras da poesia.
Muita gente considera que Bob Dylan, Janis Joplin, Pasolini, Fassbinder, Kurt Cobain, Sid Vicious, James Dean, Marlon Brando, todos os transgressores e subversivos e os andarilhos que vagueiam em busca da paz interior são “filhos de Arthur Rimbaud”.
Mentes brilhantes, nervos à flor da pele, álcool, absinto, ópio, drogas, sexo sem limite, adultério, possessividade, tentativa de homicídio. Aí está definido o roteiro do drama de amor entre os dois poetas impressionistas. Época da ação: 1871-1875.
Cenários: Paris, Londres e Bruxelas.
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Paul Marie Verlaine. 1844-1896
Filho único de um militar e uma rica herdeira, nasceu em Metz, França e mudou-se ainda criança para Paris. Estudou no Liceu Bonaparte, hoje Liceu Condorcet. Os calmos anos da adolescência deram lugar a um jovem adulto inquieto e desordenado.
Após prestar seu baccalauréat em 1872 ( correpondente ao vestibular brasileiro ), iniciou um curso de Direito, logo abandonado e passou a frequentar os salões literários. Trabalhou numa companhia de seguros e na prefeitura de Paris.
Ao mesmo tempo, escrevia poesia e críticas literárias. Seu primeiro sucesso -“Poemas Saturnianos”,de 1866 - foi inspirado na poesia parnasiana de seu grande ídolo, Charles Baudelaire.
Também de Baudelaire veio a inspiração para os belos sonetos do livro “As amigas”, de temática lésbica, publicado sob pseudônimo, na Bélgica, para escapar da censura francesa.
Sexualidade complicada
Ao mesmo tempo em que mantinha uma relação com seu colaborador literário Lucien Viotti, Verlaine fica noivo de Mathilde Mauté,com quem se casa, em 1870.
Como presente de casamento dedica à esposa o poema La Bonne chanson, exaltando o matrimônio e celebrando o encontro das almas gêmeas.
Fora de casa, afoga em copos de absinto a dor pela morte de Viotti em combate militar.
O encontro
Verlaine, muito respeitado em sua roda literária, é sempre procurado por jovens poetas para avaliação de seus manuscritos.
Da Provence, chegam cartas com as primeiras produções do jovem Rimbaud (17 anos), considerado na literatura francesa o caso mais fantástico de talento juvenil.
A atração entre os dois poetas foi imediata.
A esposa adolescente e grávida cedeu lugar ao belo efebo que pretendia “descobrir o desconhecido através da desordem em todos os sentidos” .
Amor bandido
A união de Verlaine e Rimbaud escandaliza a sociedade, o círculo literário e os pais de Mathilde.
O casamento começa a se desagregar com os maus tratos, os espancamentos e nem mesmo o bebê George escapa das ressacas de absinto e das bad trips do pai.
Os dois formam e lideram o grupo “Les Vilains Bonhommes” (Jovens Cafajestes). Os poemas escatológicos ali criados são reunidos no Album Zutique.
Um poema escrito a quatro mãos - Verlaine se encarregou dos quartetos e Rimbaud dos tercetos - Le sonnet du trou du cul, faz a elegia do ânus.
Leia o soneto
Album Zutique
Tiros em Bruxelas
O caso de amor teve um final dramático em Bruxelas
Em um primeiro momento, Verlaine tenta uma reconciliação com Mathilde, com um encontro amoroso em um hotel e acerto de retomada da relação conjugal. ( não concretizada).
Tempos depois, na mesma Bruxelas, Verlaine perde o controle e atinge Rimbaud com dois tiros - é condenado a dois anos de prisão.
Durante o processo, Mathilde pede o divórcio, alegando conduta sexual imprópria e Verlaine é declarado culpado, depois de submetido a um humilhante exame proctológico na presença de juízes.
Após cumprir a sentença, vai morar na Inglaterra até 1877.
Volta à vida desregrada da bebida e das drogas.
O fascínio por rapazes continua – passa a viver com Frédéric-Auguste Cazals, que deixa Verlaine quando o relacionamento começa a afetar sua reputação.
Em seus últimos momentos, já muito doente, o poeta encontra em Philomène Boudin e Eugénie Krantz o atendimento de suas necessidades físicas e sexuais
Visite o site oficial do Príncipe dos Poetas
http://www.paul-verlaine.fr.tc/
Jean-Nicolas-Arthur Rimbaud (1854 - 1891)
Nasceu em Charleville - nordeste da França - filho de camponeses humildes. Foi um aluno extraordinário. Supriu as deficiências do meio ambiente com talento incomum.
Começou a escrever muito cedo, em latim. Só em 1869, produziu o primeiro poema em francês. Seu professor e mentor Georges Izambard o animou a escrever 22 poemas e aos 16 anos era colaborador do jornal “O Parnaso Contemporâneo”.
Rimbaud conheceu Paris em 1870, a convite de Verlaine, depois de uma troca de correspondências.
Suas primeiras experiências sexuais aconteceram nas tendas de soldados que lutavam na Comuna de Paris contra os jacobinos e socialistas.
O poema “O coração roubado” costuma ser interpretado como descrição de uma iniciação sexual.
Leia o poema
Ícone da poesia gay
A obra poética de Rimbaud, um ícone da poesia gay, foi produzida praticamente durante o o período de seu tumultuado romance com Verlaine.
Criador de um mundo de símbolos, alucinações e visões, escreveu duas “Cartas-Manifesto” em que define cada poeta como clarividente, mágico e artista.
Rimbaud poderia ter sido um ator premiado.
Atuando como artista em sua obra literária, assume diversas personalidades, masculinas e femininas.
Em sua carta para o mentor Izambar (13/5/1871) declara “Je es un autre” [ eu é um outro (sic)] e continua a criar suas “Iluminações” – na forma de autobiografia em prosa e verso, entrelaçando sonhos adolescentes com alquimia, história com ficção, coração e razão, idéias com objetos, humano e sobrenatural.
Mochileiro
Depois da separado de Verlaine, Rimbaud vaga durante seis anos sem destino pela Europa. Cruza países com uma mochila nas costas, para realizar seu sonho de andarilho.
Chega a se alistar no exército holandês, mas logo pede dispensa.
Finalmente, se estabelece na Etiópia como comerciante de café, vendedor de armas e camelos.
Pouco antes de completar 37 anos, já com a perna direita amputada em virtude de um ferimento, morre em Marselha.
Depois de conhecer Rimbaud, a poesia e a forma de ver o mundo nunca mais poderão ser as mesmas.
Visite o site de Arthur Rimbaud
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