quinta-feira, 6 de março de 2014

Liberace, lamês ,candelabros e paetês


 


Michael Douglas e Matt Demon em filme sobre a vida do ícone kitsch




O eclético diretor e produtor americano Steven Soderbergh - Palma de Ouro em Cannes por “Sexo Mentiras e Videotapes” e indicado ao Oscar de melhor diretor em 2001 por “Traffic” , adaptou para o cinema a vida do pianista Liberace, com Michael Douglas no papel principal.
Matt Damon  vive Scott Thorson que, em 1982, processou o artista e pediu indenização pelos cinco anos de vida em comum.

Thorson fez dezenas de cirurgias plásticas para se tornar assim tipo um sósia de Liberace, louro e décadas mais novo.


Marqueteiro de si mesmo

Conhecido pelas extravagâncias, Wladziu (ou Walter) Liberace ainda figura no Guinness como o pianista mais bem pago do mundo. Showman e Rei do Piano mixava clássicos com jazz e bossa nova.

Grande marqueteiro de sua própria imagem, tinha cinco mansões decoradas com esbanjamento de dourados, cada uma mais cafona que a outra. Closets enormes abrigavam centenas de roupas de palco simplesmente inacreditáveis.

Roupas extravagantes, ostentavam sua riqueza. Nos tempos em que a ecologia não tinha sido “inventada” usava mantas de mink, de vison sobre roupas de lame com paetês em todas as cores, purpurina, jóias pesadas, colares imensos. Fazia questão de informar quantas peles de animais haviam sido usadas em cada modelo.

Nascido em West Allis, Wisconsin em 1919, Walter/Wladziu Valentino Liberace era um dos 3 filhos de um casal muito musical.

O pai italiano, Salvatore, era trompetista e tocava na banda do conhecido John Phillip Sousa e a mãe, polonesa, era pianista. Os irmãos George e Angie também eram dotados para as artes.

Tudo parecia levar Liberace ao caminho da música clássica, quando o pianista polonês Ignace Paderewski visitou a família. Impressionado com tanto talento e brilho, indicou Walter para uma bolsa de estudos no Wiscosin Conservatory of Music, mas ele continuou a receber aulas particulares.

Foi Florence Bettray Kelly, do staff de Paderewski que cuidou da carreira clássica de Liberace dos 14 aos 20 anos, quando tornou-se solista da Orquestra Sinfônica de Chicago.

Em 1940, passou a tocar no Salão Persa do Plaza Hotel de Nova York e, sete anos depois - ainda orientado pela equipe de Paderewsk - voltou aos palcos mas já com sua marca pessoal: um piano de cauda decorado com candelabros e sem os dois prenomes. Apenas Liberace.

Em 1950, atuou no filme "South Sea Sinner," com Shelley Winters.

Uma noite, quando se apresentava no San Diego Del Coronado Hotel, estava na platéia um produtor de TV, Don Fedderson, que percebeu o potencial comercial de Liberace e o levou para participar de um programa onde cobriria a ausência do acompanhante de Dinah Shore.

Ícone Kitsch

A audiência cresceu de tal forma que o programa rendeu-lhe dois prêmios Emmy.
A carreira na TV deslanchou e Liberace ganhou espaço para ter seu próprio programa, exibido para uma cadeia de 217 emissoras e retransmitido para 20 países. A grande empatia com os fãs e o desembaraço com que se comunicava o tornaram o primeiro ídolo mediático. Processou jornais e revistas que insinuavam sua homossexualidade.

Em 1953, fez temporadas com casas lotadas no Carnegie Hall e Madison Square Garden, superando recordes de público também no Hollywood Bowln e no Chicago's Soldiers Field. Audiências de mais de cem mil pessoas nos tempos pré-pré-pré-pré-pré globalização eram consideradas milagrosas.

Em 1955, atuou no filme "Sincerely Yours". Colecionava pianos e, consta, comprou um que pertenceu a Chopin.

Voltando ao seu fiel público televisivo em 1960, fez várias series de shows na cadeia ABC e, oito anos depois, trabalhou na Inglaterra e na Austrália, onde se tornou um ídolo. Escreveu um livro sobre culinária, que teve sete edições. Em 1976, a Editora Grosset & Dunlap publicou sua autobiografia.

Quatro vezes, de 1976 a 1979, foi escolhido tecladista do ano pelo respeitado Contemporary Keyboard Magazine.

Liberace voltou à televisão em 1978 com seu show especial para a CBS, relançado em 1979.



Fundação e Museu

Em 1976, Liberace inaugurou a organização sem fins lucrativos “Liberace Foundation for the Performing and Creative Arts” , em Las Vegas, que oferece bolsas de estudo e cursos de especialização para jovens talentos garimpados em high schools e universidades dos Estados Unidos. Também cuida dos licenciamentos envolvendo a figura do artista e, no seu site, vende produtos personalizados, como os tênis em forma de teclados, bolsas, carteiras de notas, replicas das roupas e jóias do pianista, coleção de CDs, vídeos e DVDs e…….candelabros de todas as formas e tamanhos.


Thorson x Liberace: a baixaria

Scott Thorson (1958) teve um relacionamento com Liberace por cinco anos. Depois de receber presentes caríssimos, foi embora em 1982 e pediu uma indenização de 113 milhões de dólares, alegando que era motorista, guarda costas, confidente e se submeteu a várias cirurgias plásticas para ficar uma versão loura e uns 30 anos mais nova do ídolo.

Perdido o processo, Thorson se contentou com um acordo de “apenas” 96 mil dólares, alguns carros e dois cãezinhos de estimação. Mais tarde,veio a baixaria final: Scott escreveu um livro horroroso, contando detalhes particulares do relacionamento.

Liberace faleceu em 4 de fevereiro de 1987.

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