quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Gabriela Mistral








  Poetisa e diplomata chilena, Prêmio Nobel de Literatura 


Ninguém é profeta em sua terra 

Gabriela Mistral viveu muito mais tempo no exterior do que no Chile. Tornou-se destacada educadora , esteve no México colaborando na reforma educacional daquele país, nos Estados Unidos e na Europa. Aplicou no sistema educacional do Chile elementos e métodos que compilou nessas viagens .
Foi professora convidada nas universidades de Barnard, Middlebury e Porto Rico. Durante de vinte anos, a partir de 1933, trabalhou como cônsul do Chile em cidades como Madrid, Lisboa e Los Angeles, entre outras.
 

Em 1941, chefiou a representação de seu país em Niterói, então capital do antigo estado do Rio de Janeiro.
Morou em Petrópolis, cidade distante 75 km do Rio,onde foi vizinha de rua do escritor alemão Stefan Zweig e sua esposa Lotte.Foi a primeira pessoa amiga a chegar ao local quando da morte do casal .
Ia passando pela rua, viu a aglomeração, entrou, reconheceu os corpos.

Foi neste período de tragédias que ocorreu o suicídio por ingestão de arsênico do sobrinho -ou filho adotivo? ou biológico? - Juan Miguel, o Yin Yin, que abalou os pilares da estrutura de sua vida. 


 Em 12 de dezembro de 1945, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura das mãos do Rei Gustavo da Suécia.Veja o vídeo de parte da cerimônia

http://www.youtube.com/watch?v=mEMwnoCy6TA

Consul do Chile em Los Angeles e, em seguida em Santa Barbara, ali comprou uma casa com o dinheiro do prêmio.

A partir de este momento, a França lhe concedeu a Legión d’Honneur e editou antologias de sua obra, a Italia o Doutorado Honoris Causa da Universidade de Florença e Cuba, a medalha Enrique José Varona da Asociación Bibliográfica y Cultural de Cuba.

Somente seis anos depois, em 1951, ganhou o Prêmio Nacional de Literatura de seu país.


Traduzida para o inglês, francês, italiano, alemão e sueco, teve grande influência na produção de escritores latino-americanos. Seus poemas escritos para crianças são recitados e cantados em muitos países.

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Gabriela Mistral é o pseudônimo da poeta, jornalista, educadora e feminista Lucila Maria del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga, nascida em 7 de abril de 1889, em Vicuña, Chile, filha de Juan Jerónimo Godoy, professor e de Petronila Alcayaga, costureira e bordadeira.
 

Dias depois do nascimento, a família se mudou para a aldeia La Unión, hoje Pisco, e, mais tarde, para Montegrande.
Lucila cresceu entre as canções de sua mãe, que viriam a ser um elemento importantíssimo em sua poesia, e a ausência do pai que logo abandonou a família.

 Alfabetizada por Emelina, irmã mais velha - filha de outro casamento de Petronila, que dava aulas numa escola rural - dedicou-se aos estudos e tornou-se professora primária.
 

Na escola rural de Parral foi seu aluno o menino Neftalí Reyes Basualto, neto de um latifundiário, mais tarde conhecido pelo pseudônimo Pablo Neruda e também ganhador do Nobel de Literatura.

Em 1914, após o suicídio do noivo, começou a escrever poesia.
Foi premiada nos Jogos Florais Chilenos pelos seus sonetos sobre a morte e, para concorrer, escolheu o pseudônimo Gabriela Mistral em homenagem ao escritor provençal Frédéric Mistral e ao italiano Gabrielle D’Anunzio.
 

Na época, era professora no Liceu Feminino da Província de Los Andes. Ausente na cerimônia de premiação, Gabriela Mistral foi chamada várias vezes ao palco, mas como era conhecida como Lucila Godoy, ninguém identificou a vencedora.
Ao seu primeiro livro de poemas, Desolação (1922), seguiram-se Afeto (1924), Podando (1938), Imprensa (1954) e outros.



Morreu em 10 de janeiro de 1957, em Nova York, após dolorosa luta contra um câncer no pâncreas e, segundo seu desejo, está sepultada em Montegrande, no Chile,junto aos restos mortais do adorado Yin Yin.
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Durante muito tempo, foi considerado um escândalo falar do relacionamento de quase dez anos entre Gabriela Mistral e Doris Dana.
Gabriela e Doris

Mas, ao morrer em 2006 aos 86 anos, Doris tradutora e crítica literária, amiga, secretária, última companheira e herdeira universal da poetisa chilena Gabriela Mistral, guardava em 168 caixas, entre outros documentos, 250 cartas de amor recebidas durante o tempo em que viveram juntas.

O material, cedido pela sobrinha de Doris Atkinson, foi organizado por Pedro Pablo Zegers, famoso intelectual chileno e responsável pelo Arquivo do Escritor da Biblioteca Nacional do Chile.
A Editora Lumen publicou as cartas em 2009, com o título, “Niña errante: Cartas a Doris Dana”.
O livro causou muitas controvérsias porque desnuda e expõe a figura de “Mãe da Pátria”, até hoje ligada à memória de Gabriela.
Segundo Jaime Quezada, presidente da Fundación Premio Nobel Gabriela Mistral, as cartas demonstram o fervor, ternura, amor e paixão que existiu entre as duas mulheres, desde outubro de 1948.

Doris Dana, quase uma sósia da atriz americana Katherine Hepburn, acompanhou Mistral até seus últimos dias e ficou encarregada de cuidar dos bens deixados pela companheira.
A devoção comum pelo escritor alemão Thomas Mann foi o ponto de partida para o poderoso vínculo que uniu as duas mulheres excepcionais, começado como uma relação de aluna e professora - Doris era 31 anos mais nova que Gabriela.

O livro tem um epílogo da sobrinha da herdeira Doris Atkinson. Sem fazer qualquer tipo de interpretação das cartas, revela alguns aspectos da tia, sua juventude, beleza e forte personalidade que seduziram uma das maiores figuras literárias do século XX.


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terça-feira, 11 de setembro de 2018

Cantor alemão gay Daniel Kublbock desaparece durante cruzeiro, hipótese: suicídio






Daniel Dominik Kaiser-Küblböck  cantor pop alemão e ator que alcançou celebridades de curta duração em 2003, no circo da mídia que cercou a primeira temporada de Deutschland sucht den Superstar,(Alemanha procura um superstar) a versão alemã de Pop Idol, em que ele ficou em terceiro lugar.
 *27 de agosto de 1985  Hutthurm,Alemanha 
 + provavelmente 9/9/2018


Filme: Daniel – Der Zauberer

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"O cantor alemão de 33 anos pulou de um navio em cruzeiro após revelar no Facebook seus dramas como vítima de bullying e está desaparecido no mar. 
A informação foi noticiada pelo jornal inglês The Sun. De acordo com a publicação, Daniel Küblböck pulou do quinto andar do navio em que estava há apenas algumas semanas após um post emocionante falando sobre como vinha lidando recentemente com ataques constantes nas redes sociais. “Eu suportei meses de bullying que abalaram profundamente a minha alma”, escreveu o artista.
O cantor alemão Daniel Küblböck (Foto: Instagram)

Revelado ao estrelato em 2003 após participar do reality show alemão ‘Pop Idol’ e depois participante da versão local do programa ‘Dança dos Famosos’, o músico foi dado como desaparecido no meio do cruzeiro entre as cidades de Hamburgo e Nova York. 

“Eu ainda tenho esperanças de que, de alguma forma, tudo ainda vai ficar bem”, disse o pai do músico em entrevista à imprensa internacional.
Em sua última mensagem no Facebook, o artista escreveu: “Queridos fãs, infelizmente eu ainda não me sinto melhor fisicamente e mentalmente. Eu tenho precisado lidar com essa dor ao longo dos últimos meses”. 

Essa é a segunda tragédia recente vivida pela família de Daniel Küblböck. Em janeiro de 2013, o irmão do músico foi vítima de uma overdose de heroína em Berlim. 
Parceira de Daniel Küblböck no 'Dança dos Famosos' alemão, a dançarina e cantora Oti Mabuse compartilhou um post no Instagram com uma foto do músico lamentando o desaparecimento do colega: "Eu estou com o coração partido com a tragédia do desaparecimento do meu parceiro no oceano. Eu tenho tentado não pensar no pior e torcendo para que você seja encontrado! Você é muito amado e eu espero que saiba disso".
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https://www.entertainmentwise.com/pt-br/bio/daniel-kublbock/

domingo, 19 de agosto de 2018

Queermuseu no Parque Lage

Uma meia dúzia de gatos pingados ,supostamente da organização de ultra direita Deus,Pátria e Família ,tentou impedir a reinauguração da exposição Queermuseu no Parque Lage  (foto)
Essas atitudes sempre fazem o efeito contrário.
Como resultado,o público lotou o espaço cultural nobre  até a noite.
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Além das obras de arte, haverá uma intensa programação cultural paralela, com shows musicais, debates e espetáculos de dança. A visitação é gratuita. Os horários são: de segunda-feira a sexta-feira, de 12h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h.


O Parque Henrique Lage é um parque público da cidade do Rio de Janeiro, localizado aos pés do morro do Corcovado, na rua Jardim Botânico. , 414 - Jardim Botânico, Rio de Janeiro - RJ, 22461-000


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Abaixo,matéria  da Agência Brasil, publicada hoje no site do G1.Texto de Vladimir Potanow, fotos de Tomaz Silva.







Queermuseu reabre no Rio, sob protesto conservador

Publicado em 18/08/2018 - 17:39
Por Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil  Rio de Janeiro




A reabertura da exposição Queermuseu – Cartografia da Diferença na Arte Brasileirafoi novamente palco para polêmica. Enquanto um grupo de conservadores protestou do lado de fora, os responsáveis pela mostra discursaram contra a censura e o fundamentalismo político e religioso. Banida em setembro do ano passado do Santander Cultural, em Porto Alegre, a exposição foi montada na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, no bairro Jardim Botânico.
Assim como na capital gaúcha, houve protestos de integrantes de grupos religiosos e políticos de direita. Os manifestantes ficaram separados dos demais presentes à cerimônia de inauguração, neste sábado (18), por uma grade de ferro, mas em vários momentos interromperam os discursos dos organizadores.
Ativistas ligados à causa LGBT chegaram a discutir com os manifestantes, mas não houve violência física. A organização do evento contratou 20 seguranças para garantir a ordem durane o evento de abertura. Uma viatura da PM foi chamada, mas os policiais se limitaram a observar de longe o protesto.




Exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasil é aberta ao público no Parque Lage, na zona sul do Rio.
Exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasil é aberta ao público no Parque Lage, na zona sul do Rio. - Tomaz Silva/Agência Brasil
O curador da mostra, Gaudêncio Fidelis, discursou por 15 minutos e criticou a censura à arte, inclusive a autocensura. Uma decisão da Justiça, expedida ontem, proibiu a entrada de menores de 14 anos na exposição, mesmo que acompanhados dos pais. Determinou ainda que adolescentes de 14 e 15 anos só podem ver as obras junto com seus responsáveis.
“Este momento é da democracia, da gente fazer frente ao obscurantismo. A sociedade brasileira mais progressista reabriu esta exposição, esta possibilidade da gente ter acesso ao conhecimento. O fascismo não terá espaço e o fundamentalismo, muito menos. O Rio de Janeiro está de parabéns, porque historicamente sempre esteve à frente dos movimentos, da vanguarda da arte e da política. O Rio representa muito bem a diversidade da arte brasileira”, disse Gaudêncio.
O diretor-presidente da EAV, Fábio Szwarcwald, demonstrou inconformidade com a decisão judicial de proibir menores de 14 anos na exposição e disse que vai recorrer da medida. Ele mesmo veio acompanhado por dois filhos pequenos e não pôde entrar com eles nos espaços da mostra.
“Eu vejo isso como uma atuação muito triste [da Justiça]. O próprio Ministério Público indicou que deveríamos colocar recomendação para maiores de 14 anos e menores de 14 anos acompanhados de seus pais. Estão cerceando, de novo, a liberdade das pessoas terem a oportunidade de verem a exposição. É uma decisão dos pais se eles querem ou não levar seus filhos para ver uma exposição de arte. Cada um educa seus filhos da forma que achar melhor”, disse Szwarcwald.




O curador, Gaudêncio Fidelis (D) e o diretor-presidente da EAV, Fabio Szwarcwald abrem oficialmente a mostra Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, no Parque Lage, no Rio.
O curador, Gaudêncio Fidelis (D) e o diretor-presidente da EAV, Fabio Szwarcwald abrem oficialmente a mostra Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, no Parque Lage, no Rio. - Tomaz Silva/Agência Brasil
Sobre os manifestantes conservadores, ele considerou que, na verdade, os ativistas estão buscando espaço para aparecerem na mídia: “Já foi dito várias vezes que [a exposição] não possui vilipendio religioso, pedofilia ou zoofilia. Só que eles querem palco para aparecer. Ficam com esse discurso antiquado de que fere valores da família brasileira, o que não é verdade”.

Protestos

Marlon Aymes, coordenador político do grupo Templários da Pátria, uma entidade criada para “dar segurança” a grupos conservadores e liberais durante protestos, assim como faziam os Cavaleiros Templários durante as Cruzadas, sustentou que não se tratava de um protesto contra pessoas LGBT.
“Nós estamos aqui contra algumas obras que estão sendo expostas, incentivando as práticas de pedofilia, zoofilia e o vilipendio religioso. Não temos nada contra a pauta LGBT. O Templários da Pátria surgiu como um movimento político para proteger os manifestantes conservadores e liberais nas manifestações de rua. Nós defendemos os valores da cultura ocidental, que são Deus, pátria e família”, explicou Marlon.
A exposição Queermuseu foi inaugurada em Porto Alegre, em 15 de agosto do ano passado, com previsão de seguir até 8 de outubro, no Santander Cultural. No entanto, protestos de ativistas conservadores provocaram o cancelamento da mostra em 10 de setembro. Posteriormente, cogitou-se a reabertura da exposição no Museu de Arte do Rio (MAR), mas o prefeito Marcelo Crivella vetou a iniciativa.
São 214 obras, de 82 artistas. A reabertura no Rio foi possível graças a doações de 1.659 pessoas, que totalizaram R$ 1,081 milhão. Em outra iniciativa para arrecadar verbas, o cantor e compositor Caetano Veloso fez um show e reverteu a totalidade da renda para a exposição.
Além das obras de arte, haverá uma intensa programação cultural paralela, com shows musicais, debates e espetáculos de dança. A visitação é gratuita. Os horários são: de segunda-feira a sexta-feira, de 12h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

CHERYL CHASE A vida deu-lhe um limão, ela criou o ISNA

Conheça a história de Cheryl Chase (foto), intersexual que superou traumas e tornou-se um símbolo


O filme argentino “XXY", da diretora Lucía Puenzo, trata do universo dos portadores da síndrome de Klinefelter, que possuem um cromossomo extra herdado da mãe e tornam-se hermafroditas e estéreis.
Estatísticas recentes mostram que um em cada 3 mil bebês apresenta essa patologia no Brasil. Seria um universo com algo em torno de 56 mil pessoas.

Cheryl Chase recebeu da vida um limão, e dos mais ácidos que se conhece: nasceu hermafrodita. E fez uma caprichada caipirinha: criou, em 1993, a Intersex Society of North America (ISNA), uma fundação jurídica sem fins lucrativos para representar os interesses dessa população, ajudando-a a lidar com a vergonha, tentando desmistificar o segredo envolvido e pregando a não aceitação das cirurgias genitais sem consentimento do paciente.

Em 2000, a ISNA recebeu o Prêmio Internacional Felipa de Souza* para Direitos Humanos de Gays e Lésbicas pela publicação “Hermafroditas com Atitude”.

*Felipa de Souza (1556-1600) foi uma portuguesa lésbica acusada de "práticas nefandas" pelos carrascos do Santo Ofício na Bahia, no século XVI e queimada viva, como era de costume.

Em 2008, a ISNA mudou de rumo: sua líder passou a dedicar a vida a promover a compreensão, bem estar e saúde das pessoas e famílias afetadas pelas desordens de desenvolvimento sexual e a cuidar da interação entre pacientes, parentes e médicos. A idéia inicial foi aprimorada e maximizada.

É um menino? É uma menina?

A criança que nasceu em 14 de agosto de 1956, em New Jersey, surpreendeu os médicos por ter a chamada “genitália ambígua” e ficou resolvido que eles esperariam para decidir o que dizer à mãe, que permaneceu sedada por três dias.
Foi informado o nascimento de um menino, batizado como Brian Sullivan.
Uma cirurgia exploratória, realizada um ano e meio depois, mostrou que a criança tinha útero e testículos e era, na terminologia usada na época, hermafrodita. Foi sugerida uma ablação do clitóris, realizada aos dez anos de idade.

A equipe composta de médicos e psicólogos sugeriu que os pais mudassem de cidade, apagassem os vestígios da existência do menino (incluindo rasgar fotos, etc) e passassem a considerar o fato de que tinham uma filha, agora chamada Bonnie Sullivan.

Os pais, certamente confusos, explicaram muito pouco sobre o procedimento cirúrgico, afirmaram que tudo tinha sido bem sucedido e deixaram claro que ela não deveria falar a ninguém sobre a operação.

Em 2000, Cheryl contou em entrevista à revista Salon: "Eles explicaram coisas que eu não tinha condição de entender e me levaram a um psicólogo que nunca tocou no assunto da intersexualidade, mas ofereceu uma boneca de plástico chamada “A mulher visível, com órgãos no abdome que poderia se transformar numa boneca grávida, talvez como preparação para o matrimônio e a maternidade.”

 Criada como uma garota, ao se tornar adulta não conseguia ter orgasmos como as outras mulheres.
Aos 21 anos, na busca de explicação para tal situação, Cheryl teve acesso aos arquivos de seu caso. Descobriu que tinha sido operada, ainda bebê, por causa da ambiguidade genital. Os médicos também lhe extirparam o clitóris só porque era um pouco maior que o “normal”.

Vida no Japão

Cheryl cursou o MIT - com especialização em Matemática - e terminou o curso em 1983. Estudou japonês na Harvard Extension School e fez um curso intensivo no Summer Language. Começou a trabalhar como design gráfica e se mudou para o Japão como estudante visitante na Hiroshima University.
Criou uma empresa de softwares nas proximidades de Tóquio enquanto trabalhava, ao mesmo tempo, como tradutora.
Deprimidíssima, teve um esgotamento nervoso e revelou, naquela mesma entrevista à revista Salon, que pensou até em se suicidar “em frente ao médico que mutilou sua genitália”.
Aos 35 anos, voltou aos Estados Unidos e resolveu esclarecer definitivamente sua situação: buscou pesquisadores, leu trabalhos acadêmicos e começou a juntar pessoas com problemas de indefinição sexual. Retomou seu trabalho como ativista e continuou os estudos de administração.

Os hermafroditas falaram

Em 1993, numa carta ao editor da publicação The Sciences (edição de julho/agosto) comunicou a decisão de fundar a Intersex Society of North America, pedindo que portadores da mesma condição, escrevessem a ela - agora usando o nome Cheryl Chase - para que, juntos, iniciassem o movimento para proteger seus direitos civis e humanos.

 Usava também o nome Bo Laurent.Com base nos depoimentos que obteve, fez um documentário cinematográfico de 34 minutos - "Os hermafroditas falam!” - onde pessoas com problemas de identificação sexual discutem o impacto psicológico causado pela sua situação, avaliam o tratamento médico e relatam a reação dos familiares.

Final feliz

Robin Mathias ajudou a formatar a organização como funciona nos dias de hoje. Robin é consultora executiva do FourThought Group Inc, onde cria novas práticas e sistemas na área de saúde. Em seu website, MathiasConsulting.com, ocupa-se das fraudes nos sistemas de saúde e propõe reformas de base para eliminar o problema.
E é membro da Gay and Lesbian Medical Association. O envolvimento com a ISNA transformou a vida desta médica militante, que declara: ”Além das mudanças acontecidas na minha vida pessoal desde que conheci Cheryl, a experiência com o ISNA engrandeceu minha vida profissional e me ensinou como ter visibilidade em minha área de atuação" .
Robin e Cheryl casaram-se no ano passado em San Francisco e vivem em sua fazenda, no Condado de Sonoma, Califórnia.
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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Tenessee Williams


Tennessee Williams, pseudônimo de Thomas Lanier Williams III
Dramaturgo estadunidense,


 *26 de março de 1911, Columbus, Mississipi, EUA
 +25 de fevereiro de 1983, Nova York
Filho de Edwina Williams e Cornelius Coffin Williams

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Tennessee Williams, autor de muitas obras-primas, como " Um bonde chamado desejo", "Gato em teto de zinco quente"  foi duas vezes homenageado com o Prêmio Pulitzer, e escolhido "Melhor dramaturgo do século XX "pela revista Time.  

Suas peças foram imortalizadas por maiores estrelas do cinema: Elizabeth Taylor, Vivien Leigh, Katharine Hepburn, Marlon Brando e Paul Newman, além de Richard Burton e muitos outros.  

Do teatro ao cinema, Tennessee Williams deixou uma marca importante na cultura americana.  
 Um homem atormentado vivia  atrás dos bastgidores de glória   

Com a irmã  Rose
Criado no sul dos Estados Unidos em um ambiente muito puritano,  uma mãe sufocante e   pai autoritário,  Thomas Lanier -nome verdadeiro  "perdeu "  a amada irmã Rose, esquizofrênica, lobotomizada na juventude.  A cirurgia terminou mal  e Rose ficou inválida pelo resto da vida, grande choque para Tennessee Williams que era muito ligado a ela e, provavelmente, foi um dos fatores que o tornaram um alcoólatra. 

A lobotomia foi tema da outra famosa peça " De Repente no Verão Passado " , escrita em 1957
O drama familiar  também foi questionado nos personagens
  loucos ou marginais,na sexualidade, em Deus. 

 Ou como  conciliar   desejos carnais com   aspirações espirituais.  Excêntrico, apaixonado, desesperado,  procurou paz,carinho e segurança em muitos braços masculinos, no álcool, drogas e viagens.  

Morou na Flórida, em Nova Orleans e na Itália. Frequentou os artistas mais talentosos de sua geração: Elia Kazan, Jean Cocteau, Carson McCullers, Françoise Sagan, Gore Vidal e Truman Capote.

Encontrou estabilidade emocional com o relacionamento com
  Frank Merlo , de 1947 até a morte do companheiro, com câncer, em 1963. 
 

Morte

 
Mesmo numa miniminibiografia para a mídia digital, é necessário relatar com exatidão a morte de Tenessee Williams.

Toda vez que precisava usar um colírio,   o autor abria o frasco, colocava a tampa na boca, se inclinava para trás e aplicava o medicamento.


Em uma noite fatídica, no quarto do Hotel Elysée, em Nova York,  Tennessee morreu asfixiado  pela tampa do frasco de colírio.  

O relatório policial,  sugeriu que o uso de barbitúricos e álcool encontrados no quarto, contribuiu para sua morte , pois   pode ter diminuído os seus reflexos. 

O foi em 3 de março de 1983, no St. Malachy's Roman Catholic Church, em Nova York, e foi enterrado no Calvary Cemetery, em St Louis, Missouri.

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Gata em teto de zinco quente-Filme completo dublado em Português- acompanha  resumo do roteiro


  /Gata_em_Teto_de_Zinco_Quente_1958_Dubl

terça-feira, 19 de junho de 2018

Conto com temática LGBT vence Prêmio Sesc de Literatura 2018

  A carioca Juliana e o gaúcho Tobias foram os grandes vencedores nas categorias romance e conto, respectivamente




 


 
"Os vencedores da edição 2018 do Prêmio Sesc de Literatura foram anunciados nesta quinta-feira (14/6). São eles, Juliana Leite, com o livro Magdalena usa as mão na categoria romance, e Tobias Carvalho, com As coisas em contos.

No ano em que o prêmio completa 15 anos, 1.540 trabalhos foram inscritos, sendo 720 livros de contos e 820 romances. Os escritores e críticos literários Beatriz Resende, Flávio Carneiro, Letícia Wierzchowski e Daniel Galera foram encarregados da avaliação final.

"Há quatro anos, quando comecei a escrever esse romance, a circunstância mais fabulosa que me ocorria, em sonho mesmo, era ganhar o Prêmio Sesc. Era aquela espécie de farol, de rumo idealizado, da concretização mais bacana de um caminho duro e de muita persistência", comentou Juliana Leite, carioca de 35 anos, em nota oficial à imprensa.

O romance vencedor do prêmio trata de uma mulher que, após sofrer um acidente, desperta com o corpo marcado por cicatrizes profundas. Com a ajuda das tias e as sabedorias da família, parte numa jornada para reaprender a falar e redescobrir os gestos de sua própria integridade.

Já Tobias Carvalho, 22, o ganhador da categoria Conto, com As coisas, é um gaúcho nascido em Porto Alegre. O livro retrata personagens homossexuais, no qual histórias se cruzam sob diferentes gêneros e olhares. “Pra mim, ter vencido o Prêmio Sesc é começar a minha carreira literária com um aval importantíssimo, um pontapé mais que bem-vindo e muito menos que esperado. Um sonho", afirmou.

O Prêmio Sesc de Literatura tem como objetivo da premiação identificar novos escritores, com obras com qualidade literária para edição e circulação em todo o país. Os vencedores terão as obras publicadas e distribuídas pela editora Record, com tiragem inicial de dois mil exemplares.

Os ganhadores estarão na programação do Sesc Paraty durante a Flip 2018, em 25 a 29 de julho. Juliana e Tobias também serão premiados em cerimônia, no segundo semestre, por ocasião do lançamento dos livros."
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terça-feira, 5 de junho de 2018

Homofobia na Confeitaria

 Suprema Corte americana dá ganho de causa a confeiteiro que se recusou a fazer bolo para casamento gay



"Bolo não tem gênero nem orientação sexual"

( o texto  abaixo, orignal, foi publicado no El País de ontem,4/6/2018)

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"A Suprema Corte dos Estados Unidos deu razão nesta segunda-feira ao confeiteiro do Colorado que em 2012 recusou-se elaborar um bolo nupcial para o casamento de dois homens, alegando que isso violava suas crenças religiosas. 
Os juízes ampararam o artesão por uma maioria de sete a dois, ao considerar que a Justiça do Estado não tinha sido neutra, mas evitaram se pronunciar sobre o mérito da questão, ou seja, se uma empresa tem o direito de não atender clientes homossexuais usando a religião como argumento.
A sentença estava fadada a ser um divisor de águas na história dos direitos civis, como a que legalizou o casamento gay em todo o país a partir de um caso concreto e a que proibiu a segregação racial em espaços privados

Mas os juízes evitaram emitir uma opinião geral sobre onde acaba a liberdade religiosa e onde começa a discriminação aos homossexuais na prestação de serviços.
 Mesmo assim, foi uma derrota para a comunidade LGBT que nos últimos tempos viu várias conquistas sociais retrocederem.
O fato

Charlie Graig e Dave Mullins
Charlie Graig e Dave Mullins foram em julho de 2012 à confeitaria de Jack Philips em Lakewood, um subúrbio de Denver (Colorado), para encomendar o bolo do seu casamento. 
Philips recusou-se, argumentado que isso violentava suas crenças, e o casal o denunciou à Comissão de Direitos Civis, que lhe deu razão. 
A Justiça estadual ratificou a decisão em 2015. Mas o confeiteiro levou o caso à Suprema Corte, e nesta segunda-feira saiu vitorioso.
O mais alto tribunal dos EUA é composto por uma maioria de nove juízes conservadores, mas a sentença saiu com o apoio também de dois dos quatro considerados progressistas. 
A decisão favorável ao dono da confeitaria Masterpiece Cakeshop se baseia no que os juízes consideram ser um viés antirreligioso da Comissão de Direitos Humanos do Colorado, que foi a primeira instância a multar o confeiteiro. 
“O tratamento deste caso tem alguns elementos de uma clara e intolerável hostilidade contra as sinceras crenças religiosas”, afirma o juiz Anthony Kennedy no voto majoritário. Entretanto, salienta que “o resultado de casos como este em outras circunstâncias deve aguardar uma maior elaboração da Corte”.
É ilegal que um comércio recuse um cliente em função de sua raça, religião ou orientação sexual. Mas, em sua argumentação, o confeiteiro Jack Philips se define como artista e apela à liberdade expressão, a primeira emenda da Constituição, para defender seu direito de não elaborar um bolo nupcial para homossexuais. Não os discrimina, diz, porque está disposto a lhes vender qualquer outro doce. Cita como exemplo que tampouco elabora bolos com motivo de Halloween ou com mensagens ateias.

O argumento esbarra no fato de que o bolo de  Halloween tem a ver com o bolo em si, independentemente de quem o compre, sem importar sua raça, religião ou orientação sexual. Mas os bolos nupciais para casais gays não existem como tal, pois um bolo não tem gênero nem orientação sexual. Philips se recusa a elaborar para dois homossexuais o mesmo bolo que faz para um casal heterossexual. 

Sua negativa não tem a ver com o produto, e sim com a orientação sexual de quem o quer servir em seu casamento. O conflito não teve a ver com o desenho do bolo, já que, como reconhece a Suprema Corte, as partes não chegaram a falar sobre isso, pois a recusa de Philips foi imediata e explícita: não fazia bolo para casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Ao não se pronunciar sobre o mérito da questão, a Suprema Corte deixa no ar o que vai ocorrer com outros casos semelhantes que seguem pendentes, como o de floristas, desenhistas e fotógrafos que se recusaram a trabalhar em casamentos de pessoas do mesmo sexo. 
Em seu voto vencido, as juízas progressistas Sonia Sotomayor e Ruth Bader Ginsburg advertem que, independentemente do que se possa pensar das declarações de “um ou dois” membros daquela comissão do Colorado que a Suprema Corte questiona, elas não deveriam se sobrepor ao fato de que Jack Philips se negou a fazer um bolo de casamento para um casal, e o motivo é que eram homossexuais."
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Inacreditável  isso acontecer em pleno final da segunda década do século 21.Temo pelo que pode vir a chegar aqui para nós.....


ISADORA DUNCAN E ELEONORA DUSE.- A amizade virou amor

  Famosas, aclamadas, deusas para seus admiradores, Isadora Duncan - a criadora do ballet moderno e Eleonora Duse - considerada em sua época...