sábado, 3 de março de 2018

Homossexualidade no mundo animal: golfinhos,adoção entre casais do mesmo sexo e poliamor

 alguns dos exemplos relatados neste texto foram obtidos a partir de matéria da revista "Epoca " de 2/3/2018
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Os golfinhos são, talvez, os mais simpáticos entre os animais com quem convivemos.
E há mais um motivo   para que nós, cariocas, os amemos: eles
estão presentes em    nossa bandeira,representando  a cidade marítima.

Pertencem à categoria  de mamíferos aquáticos, ou mamíferos marinhos, adaptados a um estilo de vida semi-aquático.
Pertencem, também, `a sub-categoria cetáceos -  animais socialmente conscientes, que vivem em família e  se comportam de forma única : ensinam, cooperam, planejeam e ,às vezes,  até choram.
Adaptados à água, os mamíferos marinhos trazem  características da sua evolução,milênios afora, do tempo em que viviam, em terra firme.

A bióloga e escritora francesa Fleur Dagey, em  Animaux homos:histoire naturelle de l'homossexualité (Animais homos, uma história natural da homossexualidade-ainda sem tradução em português),encontrou curiosos casos de diversidade sexual.

Embora em qualquer espécie a proporção de héteros seja
maior que a de gays,entre os golfinhos a proporção é de 50%. 
A escritora encontrou relatos de relacionamento entre animais do mesmo sexo em mais de 1500 espécies diferentes.
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Os golfinhos machos começam  a "namorar" na adolescência e,uma vez formado o casal, seguem fiéis pelo resto da vida. 
Esta é a essência da  parte masculina da espécie: formar alianças.
Juntos, existe mais possibilidade de encontrar uma fêmea para relacionamento hétero e reprodução.

Adoção e Poliamor

cisne negro
* Adoção de filhotes por casal do mesmo sexo é fato corriqueiro o mundo animal.

*A Dra Dagey relata em seu livro o caso do cisne negro australiano.Um macho copula com a fêmea e ela é expulsa do ninho depois do nascimento dos filhotes, que são criados com outro macho.

*Uma espécie de gaivota larga o macho e forma um ninho com outra fêmea .
Ostraceiro

*Entre as aves de plumagem branca e preta e bico vermelho, os ostraceiros, existem famílias formadas por 3 adultos-ou dois machos e uma fêmea ou duas fêmeas e um macho-que se esmeram os cuidados aos ostraceirinhos.


Sobre o prazer 


Fleur Dagey defende que a sexualidade o mundo animal não é restrita à reprodução, o prazer é um um dado importante e exemplifica com os atos da alimentação e da cópula : quando busca comida,também vem junto o prazer de comer-além da necessidade de obter nutrientes.para sobreviver.

E  quando fazem sexo, os animais não estão "pensando " em ter filhos para dar continuidade à espécie.Buscam o prazer,instinto básico, tornando a sexualidade tão diversificada.


Sob este aspecto, penso, estão muito `a frente do racionai e preconceituoso
 homo sapiens.

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Do site BBC Brasil :Assessora de ministros sai do armário aos 91



 "Eu realmente aprecio o fato de que, na minha idade, posso ser totalmente livre com as pessoas. Acho que corro um pouco o risco de me tornar um ícone gay!", diz Barbara Hosking, que decidiu assumir sua homossexualidade aos 91 anos.
Como funcionária pública, a inglesa trabalhou para dois primeiros-ministros britânicos, Edward Heath (1970-74) e Harold Wilson (1964-70 e 1974-76), e também foi uma executiva de televisão.
Combateu o sexismo em toda sua carreira, tendo defendido equiparação salarial entre homens e mulheres e brigado para estar na mesma sala durante algumas reuniões.
Em entrevista à BBC Radio 5,  explicou o motivo de nunca ter falado de sua sexualidade para a sua família.

"Meus pais não teriam entendido e teriam ficado chocados.

 Eles me amavam muito, mas meu pai era um homem à moda antiga, convencional. Minha mãe provavelmente teria pensado que foi uma escolha difícil e infeliz para eu ter feito. Na verdade eu tenho sido muito feliz. Tive uma vida plena."

Hosking mantém um relacionamento homossexual há 20 anos e decidiu revelar isso publicamente ao escrever sua autobiografia, com o título Além dos meus limites: Memórias de uma Desobediente Funcionária Pública (em tradução livre).


"Os homens tiveram um grande momento libertador quando as leis (que proibiam a homossexualidade) mudaram e eles não corriam mais perigo de serem presos ou, mais antigamente, serem mortos (por causa da orientação sexual)", diz ela. "As mulheres nunca tiveram isso, mas é extremamente difícil - você pode facilmente ser relegada ao ostracismo."
A inglesa se mudou da Cornuália para Londres aos 21 anos, em busca de uma carreira no jornalismo.
e se integrou ao escritório de imprensa do Partido Trabalhista e passou a servir como assessora de imprensa de Edward Heath e Harold Wilson.

Igualdade salarial

 Hosking, que já soube de subordinados que ganhavam salário maior que o seu, diz estar desanimada com o fato de as mulheres terem de continuar lutando por igualdade profissional.
"Acho isso chocante. Por que é tão difícil pagar salários iguais? (A desigualdade) acontece em vários lugares, (mas) poderia ser resolvida."
 Ela lembra de mulheres sendo convidadas a se retirar da sala após um jantar de alto nível em Bruxelas.
"Eu respondi 'Sinto muito, eu preciso voltar. Estou com meu ministro, sou sua secretária particular'.
E eles disseram: 'Você não pode fazer isso, as mulheres se retiram para os homens então poderem discutir'. E eu disse: 'Ele não será capaz de fazer isso sem mim, eu fiz todo o trabalho para isso'", conta. "Me disseram que eu viraria tema de conversa em Bruxelas no dia seguinte (por causa dessa postura)."

 
Barbara  torce para que o movimento #MeToo, que começou com os escândalos de Hollwood e se espalhou por todo o mundo trazendo denúncias de assédio e abuso sexual vivenciados por mulheres, seja um divisor de águas, mas não esconde certo ceticismo. "Pode haver uma mudança cultural, mas é algo difícil", opina. "No passado, (o assédio) era algo que você suportava e guardava para você. Você dava um tapa na mão deles (homens) ou dava um bom empurrão. Acho que você poderia dar uma joelhada se fosse o caso."

Ela também diz lamentar o Brexit, já que esteve com o primeiro-ministro Edward Heath quando ele assinou o Tratado de Roma, em 1957, que lançou as bases para a formação da União Europeia.
"Eu votei para que o Reino Unido permanecesse na União Europeia. Que grande tiro no próprio pé (é o Brexit). As pessoas queriam mudança, então foi fácil culpar a imigração ou a Europa, como se não fossemos parte da Europa."
Por fim, ela revela sua estratégia de longevidade: vinho tinto. "Bebo duas taças por dia. Meu médico sabe e diz que está tudo bem". ""

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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A história de Chaz Bono









"Chaz Salvatore Bono (nascido Chastity Sun Bono em 4 de março de 1969) é um ativista dos direitos LGBT,escritor,ator e músico americano . Bono é o único filho dos entertainers americanos Cher e Sonny Bono, ainda que ambos tenham filhos de outros casamentos"


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O canal Discovery Home & Health apresentou  um emocionante dcumentário sobre   Chaz e sua trajetória de filha lésbica de ícones do show business americano a transexual. 
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 Chaz Bono cresceu praticamente nos palcos  e,aos 3 anos, estava no The Sonny and Cher Comedy Hour onde,vestida com miniaturas das roupas da mãe,desejava boa noite aos espectadores no final do show .Teve uma adolescência comflitada, usando répilcas das roupas do pai,alvo perfeito para colunas de fofocas e paparazzi. 


Em 1987, após a formatura na High School for Performing Arts em New York,saiu do armário para os pais e para a família,ao se declarar lésbica
Com a exposição nacional que teve desde criança,também se tornou porta-voz dos direitos humanos (Human Rights Campaign (HRC) e  da comunidade LGBT (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD) e seu comportamento coerente angariou a tolerância do público.

Apesar da imagem moderninha que tentavam passar em seus dias de estrelas da rock music os pais não eram assim tão solidários.Divorciado de  Cher em 1975, Sonny Bono tornou-se empresário em Palm Springs e, depois,Prefeito e conservador membro do que seria a nossa Câmara de Deputados Federais,votando sempre contra o avanço dos direitos civis para os gays
Morreu em 1988. 
Cher continuou sua carreira de atriz e cantora, sempre cercada de gays mas com grande dificuldade de aceitar sua filha lésbica.Apesar de alguns problemas, a família  se mantém unida,principalmente os mais jovens-irmãos de outros relacionamentos dos pais.

Ativismo

Nos anos 90,Chaz participou do grupo de rock Ceremony,nos vocais e na guitarra acústica.
A banda lançou o album  , Hang Out Your Poetry( 1993).
Em 1995,  foi capa da revista The Advocate com uma entrevista bombástica como lésbica.
 
Cher  passou a aceitar melhor a situação e deu-ela mesma- outra famosa entrevista de capa na The Advocate,saindo do armário como mãe gls e apoiando os direitos da comunidade.
O pai não foi assim tão amigável e quando morreu,não tinha tido contato com  Chaz  durante dois anos.

  Começou aí uma carreira pública de ativista. Tornou-se  colaborador da The Advocate,e porta-voz dos direitos humanos LGBT.
Escreveu dois livros baseado em sua experiência de vida:
, Family Outing: A Guide to the Coming Out Process for Gays, Lesbians, and Their Families (1998) e  The End of Innocence: A Memoir (2003).

No livro The End of Innocence, Chaz  conta a experiência de  "ser tirado"do armário pelos tablóides sensacionalistas e a morte de sua parceira Joan vitimada por um cancer. 
  Transição


A transição começou em 2008 quando Chaz se submeteu a uma série de cirurgias estéticas e tratamentos hormonais mais intensos.

Nesse momento, contou com  o apoio da companheira,na foto ao lado-grande mulher que ama além das aparências e das convencões sociais-.da madrasta e, enfim, da mãe.
Aproveitou a exposição na mídia para conscientizar o público sobre a necessidade de aceitar as diferenças

Em 2010, pelas leis da California, obteve o direito de trocar de gênero e nome, agora Chaz Salvatore Bono.
(nome do meio em homenagem ao pai)
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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

CRAIG RUSSEL





Aqui jaz Craig Russell, 1948 até o ano 2000, sempre numa boa. Morreu  quebrado, desenganado e maltratado por agentes e promotores vigaristas.Foi enterrado vestido de drag, e será esquecido” 
 

Este autoepitáfio contém um erro e um acerto: Craig Russell não chegou ao ano 2000 e ,decididamente, foi esquecido. 
 

Pouca memória restou de sua cuidada arte de transformista, da sua brilhante mas breve carreira de ator e de sua atuação como embaixador da cultura gay canadense. 
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Nascido Russell Craig Eadie em Port Perry, Ontario,no dia 10 de Janeiro de 1948 ), já aos cinco anos fazia imitacões para divertir a família. O divórcio dos pais (aos 9 anos) e as crises da mudança de idade motivaram grandes tormentos.
Como costuma acontecer com gente sensível, a alma reagiu mostrando o sofrimento sob a forma de graves problemas na pele.
Muitas vezes precisou usar maquiagem para disfarçar as imperfeições no rosto, o que gerou muitas críticas e gozações de seus colegas de ginásio.
Aos 13 anos, fundou o Fan Clube Internacional de MaeWest.
Em 1965, foi convidado pela atriz para ser seu secretário particular e acompanhante, em Los Angeles.
Durante algum tempo viveu entre o Canadá e os Estados Unidos e, finalmente, decidiu se fixar em Toronto.
A idéia era completar os estudos, mas a reprovação acelerou o início de uma vida profissional regular.
Começou a trabalhar como datillógrafo e, de 1969 a 1971,estabeleceu-se como cabeleireiro com enorme clientela.
A partir de então ,adotou o nome artístico Craig Russell e começou a se apresentar em bares gays de Toronto.
As imitações de Judy Garland, Bette Davies, Janis Joplin, Carol Channing, Marlene Dietrich, Connie Francis, Peggy Lee e,claro, Mae West fizeram-no famoso em todo o continente. Tornou-se a atração principal do After Dark Club, em San Francisco.
Dotado de um timbre de voz raro, conseguia alcançar as 3 oitavas necessárias para imitar - com perfeição - Barbra Streisand.
Também fazia parte de seu repertório um espetacular ” dueto” com Ella Fitzgerald e Louis Armstrong .
No encerramento dos shows, costumava fazer um “pout porri” de todas as cantoras que interpretava.

"Cruzado anti-gay" ativista


Outra imitação de muito sucesso, que fazia subir a audiência de qualquer programa nos anos 70, era a da cantora americana Anita Braynt, que liderava uma campanha homofóbica, interpretando o Hino da Batalha da República (“Gloria,Gloria,Aleluia”).
Anita recebeu uma torta na cara quando discursava em Des Moines, Iowa, numa campanha para “salvar” crianças da homossexualidade.


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Fantasiado de cruzado anti-gay, Craig Russell mostrava com sutileza um alto nível de engajamento e ativismo.
Em 1977, dirigido pelo compatriota Richard Benner, Craig Russell estrelou o filme Outrageous!, adaptação do livro Making It, deMargaret Gibson.

Foi o primeiro filme gay a receber certificado de distribuição na América do Norte.
Pelo papel de Robin Turner, um cabelereiro gay que desejava ser drag queen,  recebeu o Urso de Prata como Melhor Ator , no Festival de Berlim de1978.
Este grande sucesso trouxe-lhe a oportunidade de imitar muito mais cantoras e abriu as portas do mundo: San Francisco, Las Vegas, Berlim, Londres e Paris passaram a fazer parte de sua agenda. Idealizou e protagonizou um espetáculo “off-Broadway” : Um homem e suas mulheres”
***
Craig Russell foi mais um astro que não soube administrar as pressões que traz a fama.Teve enormes dificuldades para lidar com o sucesso.
A dependência ao álcool e o agravamento dos problemas psicológicos acabaram por afetar sua carreira. Em 1986 foi filmada uma continuação de Outrageous: Too Outrageous!, também dirigido por Richard Brenner.
Contava a história de uma drag queen trabalhando em Nova York. Craig Russel voltava no papel de Robin Turner, agora um cabeleireiro gay que se travestia.

Hollis Mc Laren interpretva sua namorada esquizofrênica. Sempre foi um gay assumidíssimo, embora tendo se casado com Lori Jenkins, uma de suas maiores fãs.
Depois de lutar bravamente contra as complicações decorrentes da Aids, morreu aos 42 anos ( 30 de Outubro de 1990), no Toronto Western Hospital.

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Fantasiado de cruzado anti-gay, Craig Russell mostrava com sutileza um alto nível de engajamento e ativismo.
Em 1977, dirigido pelo compatriota Richard Benner, Craig Russell estrelou o filme Outrageous!, adaptação do livro Making It, deMargaret Gibson.

Foi o primeiro filme gay a receber certificado de distribuição na América do Norte.
Pelo papel de Robin Turner, um cabelereiro gay que desejava ser drag queen,  recebeu o Urso de Prata como Melhor Ator , no Festival de Berlim de1978.
Este grande sucesso trouxe-lhe a oportunidade de imitar muito mais cantoras e abriu as portas do mundo: San Francisco, Las Vegas, Berlim, Londres e Paris passaram a fazer parte de sua agenda. Idealizou e protagonizou um espetáculo “off-Broadway” : Um homem e suas mulheres”
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Craig Russell foi mais um astro que não soube administrar as pressões que traz a fama.Teve enormes dificuldades para lidar com o sucesso.
A dependência ao álcool e o agravamento dos problemas psicológicos acabaram por afetar sua carreira. Em 1986 foi filmada uma continuação de Outrageous: Too Outrageous!, também dirigido por Richard Brenner.
Contava a história de uma drag queen trabalhando em Nova York. Craig Russel voltava no papel de Robin Turner, agora um cabeleireiro gay que se travestia.

Hollis Mc Laren interpretva sua namorada esquizofrênica. Sempre foi um gay assumidíssimo, embora tendo se casado com Lori Jenkins, uma de suas maiores fãs.
Depois de lutar bravamente contra as complicações decorrentes da Aids, morreu aos 42 anos ( 30 de Outubro de 1990), no Toronto Western Hospital.

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Veja  que pessoa patética era a cantora Anita Bryant)

http://youtu.be/BmJUdLUo8HQ

E veja a hilária imitação

http://youtu.be/Rl50Z1yakSk
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domingo, 28 de janeiro de 2018

Tifanny Abreu,primeira mulher trans do vôlei brasileiro



Tiffany se submeteu a uma cirurgia para aprimorar seu processo de mudança de sexo 
Leia aqui :
  https://www.instagram.com/p/BiO8-lmn2GF/?utm_source=ig_embed



"Uma mudança de sexo não é um passeio."
 Pasqualino Giangrossi treinador do Palmi.
 






  
 
Contratada em 2017,causa polêmica.
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Assista ao desempenho de Tiffany 
https://globoplay.globo.com/v/6369722/  

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Dr Harry Benjamin-Anjo da Guarda e Porta-Voz

 


Uma vida dedicada à diversidade sexual


Tia, da próxima vez a senhora traz batom e esmalte ?”, pediu  a travesti de rua depois de receber a refeição diária que uma querida amiga aí de São Paulo  distribui  aos necessitados. Perplexa, me ligou no dia seguinte, querendo saber como alguém vivendo naquele nível de miséria ainda poderia pensar em supérfluos e em vaidades. Respondi que aquela era uma tentativa quase final de preservar a auto estima  em meio à marginalidade.
Em  manifestação  na porta da Prefeitura de Barcelona, vi dezenas de prostitutas esconderem o rosto para as câmeras de TV, enquanto as drag queens, transexuais e travestis de caras limpas e descobertas gritavam palavras de ordem pelos seus legítimos direitos.
 A gente conhece a imagem definida de personalidades bem sucedidas – após enormes sofrimentos durante a transição - como Cocinnelle, Christine Jorgensen e as nossas Isabelita dos Patins, Rogéria, Roberta Close e Mayte Schneider, embora cenas mostradas pela mídia muitas vezes façam questão de enfocar detalhes embaraçosos e que parecem chocantes para o povão conservador.
Por trás de cada drama íntimo bem sucedido  ou da esperança de fechar a dolorosa  charada hormonal e psicológica  dos TTs, está a figura iluminada do Dr.  Harry Benjamin.

Anjo da Guarda

Sexólogo alemão naturalizado norte americano, muito conhecido por seu trabalho pioneiro com a transexualidade, morreu aos 101 anos (24 de agosto de 1986) depois de ter dedicado a vida inteira a desmitificar o que costuma ser tratado como estigma.   
Harry Benjamin nasceu em Berlim, em 12 de Janeiro de 1885.
Já na Universidade de Tübingen sentiu-se atraído pelos mistérios da sexualidade, levado pelo grande amigo Magnus Hirschfeld (1868-1935) cuja famosa monografia publicada em 1910, define o travestismo como uma escolha particular e pelo endocrinologista vienense Eugen Steinach, especialista em geriatria que foi o primeiro a estudar o papel do estrogêno e da testosterona  na produção das características sexuais secundárias.
Benjamin tornou-se um “gerontoterapista”, usando medicação injetável para rejuvenescer  e estimular a libido dos pacientes.
Terminados os estudos médicos em 1912, seguiu para os Estados Unidos para uma especialização em Pneumologia. Ao retornar à Alemanha, no início da Primeira Guerra Mundial,  seu navio interceptado e levado para a Inglaterra,
Sua condição de cidadão alemão levou-o, por pouco tempo, à prisão. Logo, retornou para os  Estados Unidos, tornou-se cidadão norte-americano e abriu um consultório de grande respeitabilidade e reputação.
Nos anos 40, passando um verão em São Francisco, aproveitou para se inteirar das novidades na administração de medicação hormonal e percebeu que seus colegas se recusavam a administrá-la aos transgêneros.
Quando da  cirurgia de Christine Jorgensen na Dinamarca, viu-se no centro das discussões sobre transsexualidade (termo cunhado por David O. Cauldwell, em 1949).
 Prescrevia hormônios para os pacientes particulares e ajudava nas cirurgias de reconstrução. Em 1956,  publicou  “O fenômeno transexual”, cujos paradigmas ainda estão em uso.
Foi um medico modelo. Em  sua honra, a associação que congrega médicos, psicólogos  e psiquiatras que assistem  pacientes transgêneros foi denominada “Associação Internacional da Diversidade de Gêneros Harry  Benjamin”  (HBIGDA).

Teve um casamento de mais de sessenta anos com sua amada Gretchen, a quem dedicou toda obra e toda pesquisa e morreu em Nova York aos 101 anos, em  plena atividade profissional

A tese de Benjamin

Em 1954,  Harry Benjamin  procurou estabelecer a diferença. Enquanto o transexual não aceita seu sexo biológico, tentando adequá-lo ao sexo emocional; o travesti aceita. E convive com as possibilidades de seu corpo, ficando assim mais em contato com sua sexualidade. Os órgãos genitais são o centro de seu prazer, como para qualquer outro homem.
Os estudos sugeriam, inclusive, que um travesti não é, necessariamente, um homossexual. Se o homem hetero que aprecia o travestismo tiver uma companheira tolerante - o que é muito raro - pode resolver suas necessidades psicológicas dentro casa mesmo.
Com freqüência maior que se imagina, muitos travestis, casados ou solteiros, estão circulando por aí vestindo lingerie feminina, por baixo de seus ternos e gravatas. Para um transformista profissional, entretanto, usar roupas femininas faz parte do trabalho.

A História de Coccinelle

Jacques Charles Dufresnoy nasceu em 23/8/1931, em Paris. Desde os 4 anos,  sentia-se desconfortável com seu corpo e, num carnaval, usando uma fantasia vermelha com bolinhas pretas foi chamado de Coccinelle (joaninha) e  assumiu o apelido.
Em 1953, começou a trabalhar no cabaré “Chez Madame Arthur”, onde sua mãe vendia flores. O jornal “France Soir” chamou a atenção para seu talento e logo Coccinelle se tornou  estrela no “Carrousel de Paris”.
Multidões iam ver o” fenômeno”, que logo se tornou atração internacional.
Numa de suas turnês, quase por acaso, a artista ficou sabendo que um ginecologista em Marrocos praticava uma intervenção cirúrgica que transformava um homem em mulher.
Coccinelle foi até lá para marcar consulta com o Dr Burou.
A cirurgia, realizada em 1958, foi um sucesso e, ao acordar da anestesia e ouvir “Bonjour, Mademoiselle” (bom dia, senhorita!) Cocinnelle conta que se sentiu em perfeita harmonia interior e exterior.  
A primeira pessoa a mudar de sexo na França trouxe a fortuna à conta bancária do cirurgião. Jornalistas de todo o mundo contaram a incrível história.
 Em  junho de1963, Bruno Coquatrix  convidou-a para estrelar o show  " Cherchez la Femme” (Procure a Mulher) no “Olympia”, templo sagrado da arte francesa.
Terminada a temporada, convites choveram de todas as partes.
Percorreu a Alemanha de ponta a  ponta, contratada pelo “Chez nous”, famosa casa noturna de Berlim, onde viveu durante 9 anos.
Quando estava pronta para estrelar um show sobre sua vida no “Casino de Paris”, a Guerra do Golfo impediu  Coccinelle - que seguiu um rígido regime para emagrecer e se submeteu a várias cirurgias plásticas - de ver todo seu esforço compensado.
Decepcionada, resolveu mudar-se para Marselha, sul da França.  Ali, em 1994, foi fundada pela atriz a  “ASSOCIATION DEVENIR FEMME “ (Associação Tornar-se Mulher). 
A Associação se propõe a ajudar transexuais que não tiveram a mesma oportunidade de Coccinelle que, em 2000, se aposentou da carreira artística.
Faleceu em 31 de agosto de 2006.

Ex-pracinha vira beleza loura

A  manchete do  New York Daily News “Ex GI becomes Blonde Beauty” fez com que Christine Jorgensen, primeiro transexual  masculino para feminino submetida a cirurgia  comprovadamente bem sucedida, ganhasse status  de celebridade, sendo escolhida  a  Mulher do Ano.
O tímido filho de imigrantes dinamarqueses, nascido em 1926, teve uma infância normal e feliz  ao lado da irmã,  mas, desde  muito cedo, começou a  experimentar os tormentos  da transexualidade: a estranha sensação de  ter  cromossomos, hormônios e genitais de um sexo e a convicção íntima de pertencer ao gênero oposto.
Seu corpo já mandava as mensagens da confusão sexual.  Era muito magro, frágil e não tinha pelos no peito, braços e pernas.
Convocado pelo Exército Americano durante a 2ª Guerra Mundial, depois do Armistício  serviu 14 meses num cargo burocrático, o que  lhe possibilitou  contato com vasta biblioteca.
Durante anos, empenhou-se numa pesquisa independente sobre cirurgia para mudança de sexo, fez cursos de fotografia e leu tudo que estava ao alcance sobre hormônios sexuais e desequilíbrios  glandulares.    
Através de um amigo médico tomou conhecimento de que cirurgias como a que procurava já vinham sendo realizadas na Dinamarca,pela equipe do Dr. Christian Hamburger, o psiquiatra  Stürup e os cirurgiões  Poul Fogh-Andersen e Erling Dahl Iversen.

Ela desejava que sua trajetória  de homem para mulher fosse uma coisa privada, mas a indiscrição de um amigo da família trouxe a  notoriedade e o assédio da mídia.  Transformou-se numa digna embaixatriz da emergente comunidade transexual. Quinhentos milhões  de palavras ( o correspondente a 15 livros de tamanho médio) foram usadas pela imprensa mundial, em 1953,  para registrar os resultados da primeira cirurgia de mudança de sexo comprovadamente bem sucedida

Abriram-se as portas para uma fulgurante carreira no show business  e Christine Jorgensen passou o resto de sua vida sob luzes de palcos. Atuou no Orpheum Theater, em Los Angeles narrando um documentário que dirigiu e filmou na Dinamarca.

Trabalhou em casas noturnas e cassinos. Tornou-se  cantora e apresentadora de talk shows.
Escreveu um livro autobiográfico em 1967 - “A Personal Autobiography” - editado pela Cleis Press que continua sendo um sucesso de vendas até hoje e pode ser encomendado em sites de livrarias pela internet.
 Morreu em de câncer em 1989, vinte e três dias antes de completar 63 anos.
 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Diretor americano Gus Van Sant no Festival Mixbrasil


Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que este ano comemora a sua 25° edição, irá fazer uma homenagem especial ao cineasta americano Gus Van Sant, que virá ao Brasil pela primeira vez. Considerado o maior evento cultural sobre a diversidade sexual da América Latina e um dos maiores do planeta, o Festival acontece de 15 a 26 de novembro e abrirá no dia 15 de novembro com a exibição para convidados do longa “Me Chame Pelo Seu Nome” (Itália / França) do diretor italiano Luca Guadagnino.

Inédito em São Paulo, o filme, Premiado no Festival de Melbourne (Austrália) e selecionado para os Festivais de Sundance (EUA), Berlim (Alemanha) e Toronto (Canadá), narra a história do sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa, Elio, de 17 anos. O garoto está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver, um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega.
O cineasta americano Gus Van Sant também estará na abertura e receberá um troféu pelo conjunto de sua obra, além de participar do MixLab Spcine no decorrer do Mix Brasil. 
O diretor ainda ganha uma retrospectiva dentro do Festival com a exibição de importantes títulos de sua cinematografia, entre eles seu primeiro longa, “Mala Noche” (1987), filmado em preto e branco e “Garotos de Programa” (1991), com River Phoenix e Keanu Reeves no elenco.
Competição nacional

Já no circuito nacional, o festival premiará com o Coelho de Ouro o melhor longa-metragem brasileiro. Os doze selecionados são “A Filosofia na Alcova” de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez (SP), “A Moça do Calendário” de Helena Ignez (SP), Alguma Coisa Assim de Esmir Filho, Mariana Bastos (SP), Aos Teus Olhos de Carolina Jabor (RJ), Berenice Procura de Allan Fiterman (RJ), Casa da Xiclet de Sofia Amaral (SP), Guigo OffLine de René Guerra (SP), Intimidade Pública de Luciana Canton (SP), Luana Muniz – Filha da Lua de Rian Córdova e Leonardo Menezes (RJ), Meu Nome É Jacque de Angela Zoé (RJ), Música para Quando as Luzes se Apagam de Ismael Caneppele (RS), Serguei, O Último Psicodélico de Ching Lee eZahy Tata Pur’gte (PA).
Como já é tradição no Mix Brasil os curtas-metragens nacionais também concorrem ao Coelho de Ouro e Prata em diversas categorias. Este ano foram selecionados 20 filmes que estão representando as cinco regiões do Brasil. São eles: Afronte de Bruno Victor e Marcus Azevedo (DF), Ainda Não de Julia Leite (SP), Aquela Estrada de Rafael (AM)
Cachorro de Gustavo Vinagre (SP), Dandara de Flávia Ayer, Fred Bottrel (MG/ CE), Estamos Todos Aqui de Chico Santos e Rafael Mellim, (SP), Inocentes de Douglas Soares (RJ), Luiza de Caio Baú (PR), Minha Única Terra é na Lua de Sergio Silva (SP), Na Esquina da Minha Rua Favorita com a Tua de Alice Name-Bomtempo (RJ), Namoro à Distância de Carolina Markowicz (SP), O Porteiro do Dia de Fábio Leal (PE), O Quebra-Cabeça de Sara de Allan Ribeiro (RJ), Pele Suja Minha Carne de Bruno Ribeiro (RJ), Sam de Miguel Moura)(RJ), Stanley de Paulo Roberto (PB), Tailor de Calí dos Anjos (RJ), Vaca Profana de René Guerra (SP), Vando Vulgo Vedita de Andréia Pires e Leonardo Mouramateus (CE), Vênus-Filó a Fadinha Lésbica de Sávio Leite (MG).

O 25° Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade conta com a curadoria artística de João Federici e este ano terá entrada 100% gratuita em todos os seus eventos que envolvem música, cinema, teatro, performances, conferência, eventos paralelos e muito mais.
O evento é uma realização da Associação Cultural Mix Brasil e Ministério da Cultura. Ele com a iniciativa da Lei de Incentivo à Cultura e com o patrocínio do Itaú e da Sabesp e o copatrocínio da Spcine, Secretaria Municipal de Cultura, e o apoio cultural do Sesc e Secretaria de Estado da Cultura e o apoio institucional do Itaú Cultural, Dot Cine, Ctav e promoção do Canal Brasil.
***********Serviço************** 25° Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade
São Paulo – 15 a 26 de novembro de 2017
Entrada gratuita em todos os eventos
Locais: CineSesc, Espaço Itaú Augusta, Centro Cultural São Paulo, Museu da Diversidade, Auditório Ibirapuera e circuito Spcine
Nas redes sociais: www.facebook.com/FestivalMixBrasil
Programação completa: www.mixbrasil.org.br

ISADORA DUNCAN E ELEONORA DUSE.- A amizade virou amor

  Famosas, aclamadas, deusas para seus admiradores, Isadora Duncan - a criadora do ballet moderno e Eleonora Duse - considerada em sua época...