sábado, 26 de fevereiro de 2022

Clovis Bornay, ícone do carnaval carioca



 Tributo



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Vencer concursos de fantasia nunca foi novidade para Clóvis Bornay que era e continuará sendo sinônimo de Carnaval Carioca e símbolo da alegria da Cidade Maravilhosa.
Ano após ano, sua imagem colorida e triunfal alegrava os espectadores do Sambódromo.


Caçula de doze irmãos, Clóvis nasceu em 10 de janeiro de 1916 em Nova Friburgo (município da região serrana do Rio de janeiro), filho de mãe espanhola e pai suíço. Em 1928, ainda menino e frequentador dos bailes do Fluminense Futebol Clube, manifestou uma grande vocação de folião.

Em 1937, inspirado nos nos bailes de máscaras dos carnavais de Veneza convenceu o então diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Silvio Piergilli, a instituir um Baile de Gala em que fantasias de luxo seriam premiadas. Diante dos deslumbrados membros do júri do concurso, Clovis se apresentou de “Príncipe Hindu” e ganhou o primeiro lugar.


Juventude, beleza e disposição não eram suficientes. Bom gosto e criatividade iigualmente contavam pontos. Mais tarde,as fantasias foram agrupadas por categoria: luxo e originalidade. Em 1953, com um original Arlequim, dividiu o prêmio com Zacharias do Rego Monteiro, que vestia um de seus belíssimos e tradicionais pierrôs.

O maior concorrente de Bornay no Municipal era, entretanto, o costureiro baiano Evandro de Castro Lima. Artistas como Jésus Henriques, Mauro Rosas, Wilza Carla, Marlene Paiva., Guilherme Guimarães, Flavio Rocha, Marcos Varella e tantos outros criaram, confeccionaram ou vestiram fantasias que eram verdadeiras jóias.

O baile do Teatro Municipal resistiu até 1972. A platéia era coberta por estrutura de madeira revestida de compensados e o piso ficava na altura dos camarotes. Ali brincavam cerca de oito mil foliões. No dia seguinte à festa noturna, acontecia o baile infantil, quando também era realizado um concurso de fantasias.

Os primeiros carnavais.

A introdução do carnaval ao Brasil é atribuída às celebrações populares para comemorar a chegada da Família Real Portuguesa.
Os já festeiros cariocas saíram às ruas cantando músicas, usando máscaras e fantasias. O registro do primeiro baile carnavalesco no Brasil é de 1840, no Hotel Itália, por iniciaiva dos proprietários, que desejavam reproduzir aqui os grandes bailes de máscaras do carnaval da Europa.

O sucesso foi tão grande que muitos outros se seguiram. O carnaval era o espelho da desigualdade social na sociedade brasileira. Nos clubes e teatros estava a classe média emergente, nas ruas, ao ar livre a festa popular.


Um novo elemento foi agregado para abrilhantar a festa: o desfile dos carros alegóricos, depois incorporados pelas escolas de samba.O escritor José de Alencar foi o idealizador dos desfiles e um dos fundadores da Sociedade Sumidades Carnavalescas.

O ”Abre Alas” foi a primeira música especialmente composta para carnaval, por Chiquinha Gonzaga, para o Cordão Rosa de Ouro.
O século 20 traz também os mascarados, o lança perfume, as batalhas de confete e os bailes infantis.

Em 1928, foi fundada a primeira escola de Samba “Deixa falar” e, logo depois, a Mangueira. Os primeiros desfiles começam em 29 e foram realizados na Praça Onze até 1942, quando passaram para a Avenida Presidente Vargas.


Carnaval do Quarto Centenário



A partir de 1963, as escolas assumem a posição de maior atração do carnaval carioca e, em 1965 - Carnaval do 4º Centenário - Clóvis Bornay surge triunfal fantasiado de Estácio de Sá, o fundador da cidade.
Os bailes de fantasia do Iate Clube (“Baile do Havaí”), do Hotel Copacabana Palace e os concursos de fantasia do Clube Federal, no Leblon e do Clube Monte Líbano, na Lagoa ainda resistiram por algum tempo.

Depois de ter recebido a distinção de “hors concours”, que lhe concedeu o direito de se apresentar em qualquer concurso de fantasias sem ser julgado, a arte de Clóvis Bornay chegou à Passarela do Samba. Ele foi o carnavalesco da Portela em 1969 e 1970 e da Mocidade Independente em 1972 e 1973 . 

A partir daí as fantasias de luxo foram para o asfalto, passaram a ser destaques, apresentadas por artistas e figuras populares da cidade.

Em 1974, o desfile das escolas de samba passa para a Avenida Rio Branco, por causa das obras do metrô. Fica lá até 1984, quando foi inaugurado o sambódromo, onde as escolas desfilam até hoje.

Museólogo - trabalhou no Museu Histórico Nacional e em outras entidades culturais – morador da Prado Junior, em Copacabana, esta doce figura era uma atração diária da paisagem carioca.

Suas fantasias, verdadeiras obras de arte são expostas constantemente pelo Brasil e algumas já pertencem ao acervo de museus na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1996, Clóvis Bornay recebeu da Assembléia Legislativa a Medalha Tiradentes, honraria concedida a personalidades que, de alguma forma, tenham prestado serviços ao Estado do Rio de Janeiro.
Ele nos deixou no dia 9 de outubro de 2005,aos 89 anos,vitimado por uma parada cardiorrespiratória

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