quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Bayard Rustin e o "I have a dream"





Nos 50 anos do célebre discurso "I have a dream",na Marcha sobre Washington (28/8/1963),relembro  a figura do guru e braço direito de Martin Luther King
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Nas décadas de 1950/60, Bayard Rustin foi um dos mais importantes líderes do movimento americano pelos direitos civis,mas como seu nome era raramente mencionado,foi ignorado pela mídia.
Um gênio nos bastidores que permaneceu distante do espetáculo que se desenrolava aos olhos do mundo
Por que?Homossexualidade e filiação,na juventude, ao Partido Comunista
Importante liderança na cultura afro-americana e na História do movimento LGBT,foi escolhido pelo Dr Martin Luther King,seu discípulo, para organizar o boicote aos ônibus segregacionistas na cidade de Montgomery (1963) e a Marcha sobre Washington (f) no mesmo ano
E conseguiu mobilizar as 250 mil pessoas que estiveram na Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade,em 28 de agosto de 1963, organizada e liderada pelo advogado, pastor,ativista dos direitos humanos e pacifista Martin Luther King,pelo segregação racial contra a população negra do país.

Coerência

Bayard Rustin Taylor nasceu a 17 de março de 1912, em West Chester, Pensilvânia,pequena ciperto de Filadélfia.Filho de mãe solteira,foi criado pelos avós maternos, que professavam a doutrina Quaker.
Com eles aprendeu que deve haver a igualdade de todos os seres humanos diante de Deus e, em consquência dessa postura,aparecem juntas a necessidade vital da não-violência e a importância de tratar os semelhantes com amor e respeito,
Rustin fez seus estudos básicos na cidade natal, ali praticou atletismo e desenvolveu bela sua voz com timbre de tenor.
Foi para Nova York em 1937 e matriculou-se no City College,mas nunca terminou o curso superior.


Como tantos jovens desejosos de mudar o mundo, agregou-se à União de Jovens Comunistas do City College que se posicionava no combate à injustiça racial,
Mas logo se desiludiu porque a União não tomou uma attitude que ele julgava coerente quando da escalada nazista.Conheceu A. Philip Randolph , chefe da Irmandade de Sleeping Car Porters,que era,naquela época,o principal movimento pelos direitos dos afro-americanos.

Começou a a articular uma marcha em Washington pela defesa da discriminação racial na indústria. (como vemos, a semente da Marcha de 1963 já estava plantada)
Veio o rompimento com Randolph por divergencias e Rustin-continuando seu trabalho pela paz-participou do Fellowship of Reconciliation e mais tarde do American Friends Service Committee ,do Partido Socialista e, durante a 1a Guerra mundial, da Liga dos Resistentes .

Como membro da igreja Quaker,tinha o direito assegurado de fazer um serviço alternativo em lugar de se alistar nas forças armadas,mas quando soube que outros jovens estavam recebendo pesadas penas por não servir recusou a saída fácil. e aderiu `a mesma causa.
Em março de 1944, foi acusado de desertor e,condenado a três anos de reclusão na penitenciária federal em Ashland, Kentucky,constatou que a segregação racial também era praticada em cárceres nos Estados Unidos.

Linha do tempo da militância



* Em 1947,cumprida a pena, Rustin se acertou novamente com a Fellowship of Reconciliation e se dirigiu a quatro estados do sul dos Estados Unidos, para verificar in loco a aplicação da jurisprudência recente do Supremo Tribunal americano sobre discriminação em transportes interestaduais.
A audácia rendeu mais 7 meses de prisão,onde se viu –novamente- vítima de tortura,
Cumprida mais uma pena ,chegou a hora de agir mais profundamente,


*Entre1947 e 1952, Rustin viajou a Índia e para a África, sempre com o apoio da Fellowship of Reconciliation ,para avaliar o uso da não violência nos movimentos de independência de Gana e da Índia
Durante um período em que fazia palestras patrocinadas pela Associação de Mulheres Universitárias,em Pasadena,California,foi preso por atentando ao pudor.Sua homossexualidade aberta era crime .

*Rustin tinha a convicção que lutar pelos os direitos dos homossexuais também fazia parte da educacão recebida em casa,no sentido de dar dignidade aos afro-americanos e outros povos oprimidos
As sucessivas prisões por “delitos” sobre orientação sexual fizeram com que perdesse a posição de liderança na Fellowship of Reconciliation .

Mas o caminho da militância não tinha volta.Na verdade,não costuma ter

*Bayard Rustin foi, durante doze anos secretário-executivo da Liga dos Resistentes Guerra e contribuiu muito para uma compilação de uma estratégia pacifista, publicada no The Progressive

*Em 1956 Lillian Smith, a romancista sulista e celebrada autora de Strange Fruit, intermediou um encontro com o Dr. Martin Luther King,para que Rustin explicasse como usar estratégias da não-violência de Gandhi ao boicote aos transportes públicos que começava a tomar corpo em Montgomery,
Luther King (na foto com BD) aceitava essa tendência,mas ainda não a tinha incorporado na sua luta. .

*Em 1957, Rustin teve papel importante na criação da Southern Christian Leadership Conference e na Peregrinação  de Oração para Washington,do dia 17 de maio.
O objetivo era pressionar o Presidente Eisenhower a aceitar a decisão da Suprema Corte de 1954 sobre discriminação nas escolas do país,
*Organizou duas Marchas da Juventude em 1958 e 1959
.

*Em 1959,publicou monografia em 1959 pela American Friends Service Committee , intitulada Falar verdade ao poder.


*Em 1965, quando achava que sua luta contra a segregação tinha chegado ao fim,Rustin viu a Guerra do Vietnam impedir qualquer passo adiante em direção ao progresso.
O movimento Black Power criticou sua postura em relação aos departamentos de estudos africamos de universidades americanas e, sobretudo,não aceitou seu apoio a Israel.
No “rescaldo do Holocausto”, conta um biiografo,Rustin achava que os judeus tinham direito a seu território,mesmo consciente da culpa e de injustiiças contra os palestinos.

*Entre 1970 e 1980, Rustin trabalhou como delegado da organização Freedom House e acompanhou as eleições e a aprovação dos estatutos dos direitos humanos no Chile, El Salvador, Granada, Haiti, Polônia e Zimbábue.

*Foi de sua autoria o relatório sobre direitos humanos no Haiti para estudar uma eleição democrática no país, já tão sofrido.

*Em 21 de agosto de 1987, sentiu uma indisposição tardiamente diagnosticada como peritonite,sequela da apendicite aguda que o matou 3 dias depois.
Seu companheiro era Walter Neagle.



* Bayard Rustin viveu `a sombra do mais carismáticos dos líderes dos direitos civis, mas foi uma figura fundamental no movimento para a igualdade dos negros da América e,de forma mais abrangente,pelos direitos dos seres humanos ao redor do globo, no século XX.

Ele também tinha um sonho.

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