terça-feira, 11 de março de 2025

Cole Porter e Linda- um casamento sem sexo

  


  Há alguns anos, a MGM reuniu os seus maiores talentos musicais para rodar, em Londres e Veneza, mais um filme sobre a vida de Cole Porter. "Just one of those things" para contar com fidelidade a vida do compositor norte-americano e tendo como fio condutor o estranho e fascinante convívio num casamento sem sexo.
O elenco :Kevin Klein como Porter, Elvis Costello, Alanis Morissete, Robin Williams, para o papel de Linda, mulher do compositor, estava cotada Diana Krall-que acabou fazendo uma bela ponta.-mas foi Ashley Judd a protagonista na versão final.

A versão anterior da vida do compositor,'A Canção Inesquecível", foi produzida pela Warner, em 1946. Cary Grant vivendo Porter. O filme esqueceu de contar ique, apesar de casado com Linda Lee Thomas, Porter era homossexual. E a noiva, uma mulher muito mais rica do que ele, elegante, socialite exilada em Paris, não fazia questão de sexo na relação.
Mas nos tempos do Código de Hays isso seria impraticável.
******
Linda Lee Thomas, a musa platônica de Cole Porter, nasceu em 1883 em Louisville, Kentucky, filha de um banqueiro cujas origens vinham de um signatário da Declaração de Independência.
Chegou à França em 1912, divorciada do miliardário Edward Roussel Thomas, herdeiro de riquíssima família do ramo editorial. 
Enquanto casada, vivia cercada por uma riqueza além da imaginação: jóias magníficas, iates, cavalos de corridas, inúmeras casas, objetos de arte de valor incalculável.

Muito fragilizada por uma doença respiratória, precisou lidar com a brutalidade do primeiro marido que a espancava para dar vazão a seus instintos agressivos (foi o primeiro homem a matar alguém com um carro nos Estados Unidos).

O casamento

Cole Porter nasceu em 1891 de família milionária de Peru, Indiana. Foi estudante de Direito em Yale. Compositor já famoso internacionalmente, vivia na França sendo considerado símbolo do glamour: a simples menção de seu nome lembrava belos carros, casas suntuosas, os melhores círculos sociais, moda e bom gosto.

Gênio das palavras e da música, ouvi-lo era puro deleite. Linda, desde logo, sentiu-se seduzida pelo charme do compositor, que dominava qualquer ambiente com sua vivacidade e simpatia.

Quando começaram a relação, em 1918, Linda Lee Thomas estava em sua plenitude. Alta, magra, elegante, foi a primeira mulher de seu círculo social a pintar os cabelos.
Vestia-se de maneira discreta, mas seu porte naturalmente majestoso valorizava qualquer modelo. Colecionava arte chinesa antiga, era servida por um batalhão de criados, organizava jantares com qualidade cordon bleu para centenas de convidados, era amiga de todas as cabeças pensantes da época e íntima da realeza européia.

Ele, um esteta, apreciava a beleza, maturidade e sofisticação da americana divorciada. Ela, mulher cultivada, desejava um companheiro "leve", que a valorizasse e compreendesse suas limitações sexuais.
Estava formado o pano de cena onde brilhariam estas duas almas tão similares. Desde que se conheceram, a atração mútua foi intensa e uma força poderosa atraiu um para o outro.
Em 19 de dezembro de 1919, realizou-se o casamento com direito a lua-de-mel "espiritual" na Itália.
O estilo de vida do novo casal seguiu um roteiro fascinante: longas, luxuosas e exóticas viagens pelo mundo alternadas com temporadas no palacete da Rue Monsieur 13, no Quartier des Invalides.

Os Porters mantiveram, durante toda a vida em comum, uma suíte presidencial no Ritz e, depois, no Waldorf Astoria. 

Moraram, também, em uma mansão em Cap d'Antibes, na Riviera Francesa e em palácio de 4 andares em frente ao Grande Canal, em Veneza, cujo salão principal podia abrigar até mil pessoas.

Linda dedicou a vida a facilitar e aprimorar a obra de Cole . Fazia-lhe todas as vontades e compreendia-lhe o exibicionismo infantil. Através de seus contatos, abria muitas portas para ele. Em troca, havia a satisfação de ser a companheira de um artista notável e a realização das necessidades afetivas de uma milionária dócil e sem filhos.

Só não conseguiu conviver com as contradições na vida do marido: era nos bares de beira de cais que Cole ia buscar seus corpulentos marinheiros e caminhoneiros e nos prostíbulos os amantes negros que tanto lhe agradavam.
E foi em meio ao triunfo em Hollywood, em 1935, que Cole passou a afrontar seu refinado círculo social desfilando com a nata dos gays da Cidade, jovens atores em busca do estrelato, a quem era apresentado em festas programadas exclusivamente para isso.

Correram algumas lendas sobre uma relação rápida, mas intensa, com John Vernon Bouvier III, o pai de Jacqueline Kennedy.
Muito constrangida com a situação, a elegante Linda resolveu retornar a Paris, preocupada com a exibição pública da homossexualidade de Cole, que poderia trazer danos à brilhante carreira que ela havia ajudado a incrementar.

O Acidente

Em 1937, já separado de Linda, Cole envolveu-se num gravíssimo acidente de hipismo - o cavalo que montava caiu sobre suas pernas, esmagando-as.
Esta tragédia pessoal significou um enorme impacto em seus valores estéticos. Cole era obcecado pela boa aparência mantendo rituais diários de beleza que chegavam à obsessão.

Linda voltou aos EUA para impedir que fosse realizada uma amputação, e acompanhou carinhosamente a internação no Doctor's Hospital de Manhattan. Permaneceu à beira do leito no decorrer de longa série de cirurgias.
Na volta ao trabalho profissional, incentivou-o a compor mesmo hospitalizado, sendo desta época alguns de seus melhores escores musicais. Para completar a cura, levou-o a visitar Machu Pichu, no Peru, sobre um cavalo com as pernas ainda enfaixadas.

Em 1954, Linda - com a doença pulmonar agravada pelos muitos cigarros que fumava diariamente, corcunda, sem nenhum traço da antiga beleza e andando com auxílio de uma bengala - começou a economizar drasticamente até mesmo em pequenos itens como lanches.

O objetivo era deixar, ao morrer, dois milhões de dólares cash para o marido, além das casas, das jóias, dos objetos de arte e das ações..


Porter mergulhou numa profunda depressão após a morte de Linda e nunca mais compôs. Abandonou qualquer cuidado com a higiene pessoal e teve sua perna direita amputada em 1958. Depois da amputação, sua produção criativa, prestigio social e felicidade se desvaneceram. Morreu em 15 de Outubro de 1964.

Sempre em segundo plano em relação à pessoa, às glórias, à fama e o sucesso de Cole - que teriam sido consideravelmente menores sem ela - o pequeno epitáfio da lápide no cemitério de Peru, Indiana, onde repousam seus restos é uma revelação:

"Linda Lee, mulher de Cole Porter"

quarta-feira, 5 de março de 2025

Discurso histórico emocionante de Milton Cunha durante o desfile da escola de samba Tuiuti


ative o som , embaixo, à direita

 https://www.instagram.com/euandregabeh/reel/DG0oOwbxsAg/

A Quarta-feira de Cinzas

 



Marcha da Quarta feira de cinzas  - Vinicius de Morais e Carlos Lyra

Clique e conheça as histórias desta música:

https://www.google.com.br/search?sca_esv=b04edf4c6777ddf8&q=marcha+da+quarta+feira+de+cinzas&udm=7&fbs=ABzOT_BYhiZpMrUAF0c9tO


Qual é o significado da Quarta-feira de Cinzas?

Visão geral criada por IAobrigada IA,OK por hoje,mas o plano é continuar usando a minha 
 





domingo, 23 de fevereiro de 2025

A filha do Pai- Anna Freud, a pioneira da psicanálise infantil

   

 

Anna Freud, a pioneira da psicanálise infantil, filha caçula-discípula e, para usar uma palavra moderna, foi cuidadora de Freud durante a doença malvada até 1939, quando o chamado Pai da Psicanálise sucumbiu aos devastadores efeitos do câncer de mandíbula.


Diabo Negro

Nascida em Viena em 3 de dezembro de 1895, sexta filha de Sigmund e Martha, nunca foi uma criança convencional.
Vivendo sempre com a família na cidade natal, no apartamento da Bergstrasse 19, era o "schwarzer Teufel" -diabo negro- apelido dado pelo pai ao perceber a desatenção nos estudos e confirmar sua "Unartigkeit", ou malcriação.
Deixem-me falar aqui como filha, mãe, avó,quase bisavó e ser humano: a sexta filha nascida no momento em que um pai está chegando ao auge da carreira e desejava um varão, recebe a atenção possível, não a desejada.

Foi com um telegrama lacônico que Dr. Freud informou o nascimento a Wilhelm Fliess, amigo íntimo e também médico com o qual se correspondia constantemente.

E ser comparada a um personagem de Halloween não chega a ser elogio.
Anna cresceu à sombra da irmã Sophie, dois anos e meio mais velha, a beleza da família que ora adorava, ora odiava e procurou desenvolver desde muito cedo um trabalho complexo no sentido de ser conhecida como a irmã inteligente da charmosa Sophie.

Enquanto todas as moças do círculo social da família eram mandadas estudar o suficiente para se tornarem esposas e mães, Anna foi enviada a uma escola especializada em pedagogia.
Mais tarde tornou-se professora - o tradicional papel que as moças das famílias modernas de Viena exerciam.

Mestra e colega
Começou a trabalhar aos 18 anos e ensinou por

nove anos no Cottage Lyceum, onde havia estudado

e porque, na opinião da diretoria da escola, tinha um

talento especial para o magistério.
Mas o chamamento da psicanálise era mais profundo e, incerta a respeito do futuro profissional no colégio e circulando entre a clientela do pai, começou a estudar com ele.
Talvez pudesse juntar as duas vertentes: ensinar atenta às necessidades emocionais das crianças, especialmente as que tinham tido experiências traumáticas.
E Anna Freud se tornou uma psicanalista especiallizada na área infantil.

Os biógrafos acham que ao mesmo tempo em que se mantinha ligada a Freud, exprimia seu senso de independência.

A diabinha negra foi a única dos filhos do pai que se tornou psicanalista.

Em 1922, Anna publicou sua primeira tese: "Lutando contra fantasias e sonhos diários", sobre suas experiências masturbatórias.


A partir daí passou a ser levada a sério pela comunidade acadêmica que a cercava, assumindo o cargo de Secretária do Instituto de Formação Psicanalítica de Viena.
Foi quando começou a clinicar.
Os biógrafos de Anna Freud são unânimes em frisar a intensa ligação pai-filha, assim como o desejo de manter uma distância regulamentar da poderosa influência.


Terapeuta

Por volta de 1925, Dorothy Tiffany Burlingham, filha do mecenas nova-iorquino Louis Comfort Tiffany e casada com um cirurgião atingido por uma psicose maníaco-depressiva internado várias vezes, levou o marido até Viena, na esperança de um bom tratamento.
Ali, descobriu o universo da psicanálise.
Tornou-se companheira de vida e de trabalho de Anna e passou a morar com os Freud no mesmo apartamento da Berggasse 19.

As duas desenvolveram juntas terapias destinadas às crianças e continuaram a relação pelo resto de suas vidas.

O primeiro livro de Anna foi "O Tratamento Psicanalítico de Crianças" (1927).


Em 1936 ,foi publicado "O Ego e os Mecanismos de Defesa", que seria o mais conhecido de seus escritos. "Infância Normal e Patológica" veio em 1965. "Os escritos de Anna Freud" (1968-1983) é uma coletânea de 8 volumes.

A vida seguia em Viena até que ,em 1938, foram todos obrigados a deixar o lar e rumar para Londres, logo que a Áustria foi anexada à Alemanha Nazista. Para a perigosa jornada, contaram com a ajuda de Ernest Jones e da Princesa Marie Bonaparte.
Pioneira
Após a morte de Freud, em 1939, Anna e Dorothy

Burlingham fundaram em Londres a Hampstead

Nurseries, casa para abrigar crianças tiradas de seus

lares durante a Segunda Guerra.
As duas mulheres dedicaram as vidas e carreiras a melhorar a qualidade da vida emocional das crianças, promovendo as teorias freudianas e defendendo-as dos críticos ferozes.
Dorothy Burlingham morreu em 1979 e a companheira teve dificuldade em suportar a ausência.

Após sofrer um derrame em março de 1982, Anna Freud morreu em 9 de outubro do mesmo ano.

A clínica passou a se chamar "The Anna Freud Center" e a residência de Maresfield Gardens, de acordo com sua vontade, se tornou o Museu Freud em 1986.
Os conflitos entre as teorias de Melanie Klein e Anna Freud levaram a British Psychoanalytical Society a criar duas correntes de pensamento paralelas, para evitar dissidências ainda maiores entre os membros da instituicão.
Os mecanismos de defesa
(Agradeço ao Dr.David Rajs,psiquiatra radicado

aqui no Rio e amigo de muitos anos, o

acompanhamento na elaboração dos parágrafos

que vocês vão ler e a ajuda para repassar seu

conteúdo)
Os mecanismos de defesa,ações que cuidam da integridade do Ego, são muito importantes para nosso desenvolvimento emocional quando não conseguimos lidar com situações que consideramos ameaçadoras.
Atuam num nível subconsciente ou inconsciente e são a solução que encontramos (ao nível da consciência) para tentar resolver as angústias.

*Negação: O paciente não

percebe o que acontece

ou percebe e foge da realidade.

Por exemplo, ao

receber um diagnósico de doença

séria.

*Racionalização: Aqui a inteligência é usada para avalizar a "desculpa" que encontramos para lidar com a angústia.
*Intelectualização: O paciente

tudo sabe, leu tudo

a respeito de suas neuras, sempre

acompanha uma

novidade surgida sobre o assunto.

*Sublimação: Desvio de ideias perturbadoras em

direção a uma "via" aceitável para mascarar o que

causa a repressão.

*Projeção: Que coloca nos outros o centro de seus

conflitos (como os homofóbicos, que possuem

características homossexuais, as percebem, mas não

as aceitam).
*Identificação: O indivíduo assimila um aspecto ou

uma característica de outro e se transforma, total ou

parcialmente, no outro. Pensei no personagem

Dâmaso Salcede, dandy de "Os Maias",que copiava

Carlos Eduardo.


*Introjeção: Procedimento um tanto oposto à projeção, porque tudo que agrada é introjetado.
*Formação Reativa: Quando o procedimento e os

sentimentos externados são opostos aos verdadeiros

impulsos, se os julgamos inconfessáveis.

*Isolamento: Interrupção de contato, e para usar

uma definição técnica, "ruptura das conexões

associativas de um pensamento ou de uma ação".
*Anulação: Ação que desfaz o dano que o paciente

imagina que pode ser causado pelos seus mais

profundos desejos.

*Deslocamento: A famosa imagem de se aborrecer no trabalho e chutar o cachorro ao chegar em casa,pela frustração não-resolvida.  

*Idealização: Atribuir a uma pessoa qualidades nem
sempre existentes que a tornariam um ser especial.

*Conversão: Resolver um conflito interior por meio

de somatização, colocar no corpo os problemas da

alma.  

*Regressão: Voltar a um nível anterior de

desenvolvimento quando a frustração devolve a

pessoa a etapas já ultrapassadas.

*Repressão: Esquecer ou recalcar um sentimento ou

desejo inoportuno.  

*Substituição: O inconsciente encontra substituto

para satisfazer, no imaginário, um desejo.

*Fantasia: Situação mental que substitui um desejo que não pode se satifeito no real.
Exemplo clássico a fantasia durante o ato sexual,usando outros parceiros imaginários . '

*Compensação: Quando uma "deficiência" é

compensada por outro aspecto da personalidade e

passa a ser considerada um trunfo.

****  

Sempre é bom lembrar que os mecanismos de
defesa ,quando expostos ou percebidos, devem ser acolhidos como coadjuvantes do tratamento, não olhados de forma negativa.São eles que "temperam" nossa sanidade.

Sem um recalquezinho aqui, uma transferênciazinha ali, uma racionalizaçãozinha acolá, seríamos todos e, em especial as crianças,irremediavelmente neurotizados.

****************

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Clovis Bornay, ícone do carnaval carioca

 


 
MEU TRIBUTO  NOS 20 ANOS DE SUA PARTIDA



**

Vencer concursos de fantasia nunca foi novidade para Clóvis Bornay que era e continuará sendo sinônimo de Carnaval Carioca e símbolo da alegria da Cidade Maravilhosa.
Ano após ano, sua imagem colorida e triunfal alegrava os espectadores do Sambódromo.


Caçula de doze irmãos, Clóvis nasceu em 10 de janeiro de 1916 em Nova Friburgo (município da região serrana do Rio de janeiro), filho de mãe espanhola e pai suíço. 
Em 1928, ainda menino e frequentador dos bailes do Fluminense Futebol Clube, manifestou uma grande vocação de folião.

Em 1937, inspirado nos nos bailes de máscaras dos carnavais de Veneza convenceu o então diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Silvio Piergilli, a instituir um Baile de Gala em que fantasias de luxo seriam premiadas. 
Diante dos deslumbrados membros do júri do concurso, Clovis se apresentou de “Príncipe Hindu” e ganhou o primeiro lugar.


Juventude, beleza e disposição não eram suficientes. Bom gosto e criatividade iigualmente contavam pontos. 
Mais tarde,as fantasias foram agrupadas por categoria: luxo e originalidade. 
Em 1953, com um original Arlequim, dividiu o prêmio com Zacharias do Rego Monteiro, que vestia um de seus belíssimos e tradicionais pierrôs.

O maior concorrente de Bornay no Municipal era, entretanto, o costureiro baiano Evandro de Castro Lima. Artistas como Jésus Henriques, Mauro Rosas, Wilza Carla, Marlene Paiva., Guilherme Guimarães, Flavio Rocha, Marcos Varella e tantos outros criaram, confeccionaram ou vestiram fantasias que eram verdadeiras jóias.

O baile do Teatro Municipal resistiu até 1972. 
A platéia era coberta por estrutura de madeira revestida de compensados e o piso ficava na altura dos camarotes. 
Ali, brincavam cerca de oito mil foliões. No dia seguinte à festa noturna, acontecia o baile infantil, quando também era realizado um concurso de fantasias.

Os primeiros carnavais.

A introdução do carnaval ao Brasil é atribuída às celebrações populares para comemorar a chegada da Família Real Portuguesa.
Os já festeiros cariocas saíram às ruas cantando músicas, usando máscaras e fantasias. 
O registro do primeiro baile carnavalesco no Brasil é de 1840, no Hotel Itália, por iniciaiva dos proprietários, que desejavam reproduzir aqui os grandes bailes de máscaras do carnaval da Europa.

O sucesso foi tão grande que muitos outros se seguiram. O carnaval era o espelho da desigualdade social na sociedade brasileira. 
Nos clubes e teatros estava a classe média emergente, nas ruas, ao ar livre a festa popular.


Um novo elemento foi agregado para abrilhantar a festa: o desfile dos carros alegóricos, depois incorporados pelas escolas de samba.
O escritor José de Alencar foi o idealizador dos desfiles e um dos fundadores da Sociedade Sumidades Carnavalescas.
***
O ”Abre Alas” foi a primeira música especialmente composta para carnaval, por Chiquinha Gonzaga, para o Cordão Rosa de Ouro.
O século 20 traz também os mascarados, o lança perfume, as batalhas de confete e os bailes infantis.

Em 1928, foi fundada a primeira escola de Samba “Deixa falar” e, logo depois, a Mangueira. Os primeiros desfiles começam em 29 e foram realizados na Praça Onze até 1942, quando passaram para a Avenida Presidente Vargas.


Carnaval do Quarto Centenário



A partir de 1963, as escolas assumem a posição de maior atração do carnaval carioca e, em 1965 - Carnaval do 4º Centenário - Clóvis Bornay surge triunfal fantasiado de Estácio de Sá, o fundador da cidade.
Os bailes de fantasia do Iate Clube (“Baile do Havaí”), do Hotel Copacabana Palace e os concursos de fantasia do Clube Federal, no Leblon e do Clube Monte Líbano, na Lagoa ainda resistiram por algum tempo.

Depois de ter recebido a distinção de “hors concours”, que lhe concedeu o direito de se apresentar em qualquer concurso de fantasias sem ser julgado, a arte de Clóvis Bornay chegou à Passarela do Samba. 
Ele foi o carnavalesco da Portela em 1969 e 1970 e da Mocidade Independente em 1972 e 1973 . 

A partir daí ,as fantasias de luxo foram para o asfalto, passaram a ser destaques, apresentadas por artistas e figuras populares da cidade.

Em 1974, o desfile das escolas de samba passa para a Avenida Rio Branco, por causa das obras do metrô. Fica lá até 1984, quando foi inaugurado o sambódromo, onde as escolas desfilam até hoje.

Museólogo - trabalhou no Museu Histórico Nacional e em outras entidades culturais – morador da Prado Junior, em Copacabana, esta doce figura era uma atração diária da paisagem carioca.

Suas fantasias, verdadeiras obras de arte são expostas constantemente pelo Brasil e algumas já pertencem ao acervo de museus na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1996, Clóvis Bornay recebeu da Assembléia Legislativa a Medalha Tiradentes, honraria concedida a personalidades que, de alguma forma, tenham prestado serviços ao Estado do Rio de Janeiro.

Ele nos deixou no dia 9 de outubro de 2005,aos 89 anos,vitimado por uma parada cardiorrespiratória

Pierre Verger. Mensageiro entre dois mundos

                    PIERRE VERGER (1902-1996) Fotógrafo, etnólogo autodidata e  historiador especializado na cultura e religiões africanas. ...