domingo, 27 de outubro de 2024

# tbt Codigo de Hays e trilogia # tbt. O gala era gay.


 Comemorando os 10 anos do blog, seus 225379  leitores  (hoje,27/10/24) e as incríveis mudanças sociais que tornaram CRIME preconceito e discriminação,reposto aqui a trilogia que deu inicio a esta jornada.

Antes, o  abominável  e hipócrita código de conduta que Hollywood impôs ao mundo, entortando cabeças de  gerações inteiras e-ao mesmo tempo-estimulando a indústria do tabaco.

Ajudando, assim, a causar centenas de  milhões de mortes por cancer de pulmão ( e de outros órgãos do corpo ).

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CÓDIGO DE HAYS : SEXO, MENTIRAS E HOLLYWOOD:

 

Um dos documentos mais sórdidos produzidos pela Humanidade

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A excelente  série "Hollywood",da NETFLIX, cita, várias vezes, o Código de Hays .
Em momento de repúdio total aos tabagistas ,pensei novamente nos anos da escalada de hipocrisia em Hollywood.
A indústria do tabaco pagava merchandising por minuto de fumacê nas telas.
Os mesmos tentáculos que inculcaram e sutilmente forçaram, agora reprimem.punem e estimulam o consumo escondido.
Em 1956, foi abolido o "código de ética" hollywoodiano que entortou a cabeça de gerações.


                 Trechos do Código de Hays.

 O nu completo não é admitido em hipótese alguma. A proibição é também para o nu de perfil e toda visão licenciosa de personagens do filme. 
É igualmente proibido mostrar órgãos genitais de crianças, inclusive de recém nascidos. Orgãos genitais masculinos não devem sobressair. 
Caso um tema histórico exija uma calça justa, a forma característica dos órgãos genitais deve ser suprimida, na medida do possível. 
Os órgãos genitais da mulher não devem aparecer, nem como sombra, nem como sulco. 
Toda alusão ao sistema capilar, inclusive as axilas, está proibida”.
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Por volta de 1920, as coisas começavam a mudar no cenário de Hollywood.
Espectadores, submetidos às cenas chocantes da 1ª Grande Guerra, já não se abalavam tanto com cenas de violência. O público ficou mais próximo das experiências fortes e realísticas e as idílicas fantasias dos filmes dos anos 10 se tornaram ultrapassadas.

Nos anos finais da década, aconteceu uma espécie de liberação sexual no cinema. 
A chegada e a massificação do som (1926) acrescentaram ao estereótipo clássico do protagonista masculino, um novo atributo : o tom de voz adequado, grave e sensual.

A mulher comum norteamericana tornava-se menos inocente e mais participativa. Os personagens deixam de ser meramente decorativos e ganharam audácia e desejo de liberdade, despertando paixões. Surge então a figura da Vamp (de vampira).

Os homens, que voltavam da primeira grande guerra, queriam mais do que figuras que pudessem dominar - desejavam, veladamente, observar o corpo feminino. A aparente inocência das mulheres,começando a mostrar o corpo,satisfazia essa necessidade

De audácia em audácia, o cinema chega ao primeiro nu em cena de banho, protagonizado por Gloria Swanson em “Male and Female”, dirigido por De Mille. Claudette Colbert e Esther Ralston também protagonizam cenas de banho, escandalizando o público.

Roscoe "Fatty" Arbuckle, um astro do cinema mudo, ainda fazia grande sucesso como comediante quando teve sua carreira destruída ao ser detido, acusado e depois julgado pela morte de uma aspirante a atriz -Virginia Rapp - em meio a uma orgia de drogas, bebidas e sexo, num hotel de San Francisco.
Os mais competentes advogados contratados pela Paramount não conseguiram mudar a reação do público, que se voltou contra ele, influenciado por uma campanha do diário San Francisco Express, de William Randolph Hearst.

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*Cortemos para outras cenas: Durante o processo de divórcio da primeira mulher - Mildred Harris - Charles Chaplin foi acusado de praticar cunilíngua, fato que chocou os Estados Unidos. Sua segunda esposa, Lita Gray, foi mãe de Charles Chaplin Jr aos 14 anos.

*Clara Bow, na tela a inocente garota que tinha “it”, era viciada em jogos de azar. E tinha um amante - o médico William Earl Person, estado civil: casado.

*Greta Garbo e Marlene Dietrich, amantes quando ainda aspirantes ao estrelato, eram “parceiras” num agitado affair com a milionária diretora espanhola Mercedes Acosta.

*0 filme Ecstasy, também chamado de Sinfonia de Amor, provocou outro escândalo da história do cinema. Durante dez minutos, a atriz austríaca Hedy Lamarr corria nua entre as árvores e mergulhava no rio. 
Em seguida, havia uma simulação do ato sexual. 
Tudo visto de muito longe, mas o suficiente para que um comitê do governo americano tirasse o filme de cartaz e queimasse a maioria das cópias.

A reação, à moda americana.

Will Hays - advogado, membro da Igreja Presbiteriana e amigo íntimo do Presidente dos Estados Unidos Herbert Hoover - era presidente da Motion Picture Producers and Distibutors of America - MPPDA. 
Obcecado por sexo, Hays (olhem o rostinho lombrosiano dele, abaixo) estava convencido da influência nefasta de Hollywood sobre a moral e costumes norteamericanos.
Para formalizar a política censora mandou elaborar uma lista, a “Dont’s and Be Carefuls”, também conhecida como Código de Hays. "

 (Will Hays)


Don’ts"

Não permitia, entre outras coisas, nudez “libertina”, tráfico de drogas, escravidão branca, cenas de nascimento, cirurgias, cenas de primeira noite, homem e mulher deitados na mesma cama (inclusive casados), genitália de crianças, beijos excessivos ou prolongados, a mais leve alusão a homossexualidade.Miscigenação? Never..

"Be Carefuls"

Deliberava sobre, entre outros temas, o uso da bandeira americana, execuções legais, roubo de trens e sugestão de vulgaridade.
Como não contava com o apoio do Estado, pois tal atitude violaria a os princípios da democracia americana, Hays se empenhou em mobilizar os adeptos do catolicismo, representados por Martin Quigley.
Assim, dez milhões de católicos assinaram um manifesto em favor da Legião da Decência, na esperança de livrar a sociedade norteamericana “da grande ameaça da lascívia no cinema”.

Um mutirão ecumênico - envolvendo vinte milhões de membros das igrejas protestantes e ainda organizações judaicas, a Liga Civil de Massachusetts e outras organizações da sociedade civil - ajudou a resgatar “a tradição da moral americana”.
Enquanto isso, a indústria do tabaco estreava o "merchandising" no cinema, pagando aos produtores por cada minuto de película em que os protagonistas aparecessem fumando.....

O "selo de aprovação" da PCA.
Em julho de 1934, foi criada a PCA (Production Code Administration) para supervisionar o estrito cumprimento do Código de Hays. Os filmes que estivessem de acordo com os padrões morais recebiam um "Selo de Aprovação". Os recusados perderiam automaticamente os canais de distribuição da poderosa MPPDA, de Hays.
A desobediência significaria uma multa de 25 mil dólares, fortuna para a época.
O Código de Hays, administrado pelo católico Joseph Breen até 1954, sobreviveu até 1956.

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