quinta-feira, 13 de julho de 2023

Coccinelle -Popstar e sensação na mídia- A primeira pessoa a mudar de sexo na França

 

 

 

Sou mãe de um filho homossexual que saiu do armário numa boa e vive em paz.

Quando fico sabendo que uma família recebe a mesma notícia sobre seu (sua) menino (a) como se fosse o somatório dos efeitos de  tsunami  me pergunto : o que deve acontecer no momento em que chega a hora da verdade para as famílias dos transgêneros e travestis?

Entretanto, existe uma curiosidade - nem sempre apenas latente - quando se debate a diferença entre um transexual e um travesti em palestras e reuniões sobre a comunidade LGBT.

Os sociólogos “da antiga” associavam uma espécie de conforto social ao uso de indumentária feminina - comportamento associado à homossexualidade e ao fetichismo.

A famosa monografia de Magnus Hirschfeld (1868-1935) publicada em 1910, define o travestismo como uma escolha particular. 
A partir daí, ensaios começaram a ser publicados em revistas médicas e aumentaram a visibilidade do tema.
 
En 1954, o psiquiatra norte-americano Harry Benjamin (1885-1986) procurou estabelecer a diferença: enquanto o transexual não aceita seu sexo biológico, tentando adequá-lo ao sexo emocional; o travesti aceita e convive com as possibilidades de seu corpo, ficando assim mais em contato com sua sexualidade.

Os órgãos genitais são o centro de seu prazer, como para qualquer outro homem.

Sabemos todos os que nos interessamos pelos temas da comunidade LGBT que um travesti não é, necessariamente, um homossexual. 
Se tiver uma companheira tolerante - o que é muito raro - pode se travestir dentro de casa.

Com frequência maior do que se imagina, muitos travestis, casados ou solteiros, estão circulando por aí vestindo lingerie feminina, por baixo de seus ternos e gravatas.

Para um transformista profissional, usar roupas femininas faz parte do trabalho, é coisa banal, vista com naturalidade. 
Embora, segundo os sexólogos, as raízes do travestismo estejam mergulhadas no erotismo e na sexualidade.
Enquanto a comunidade científica debatia o assunto, o problema médico-legal se estabelecia.

***

Com exceção da Dinamarca, onde se realizou a 1ª cirurgia de mudança de sexo em 1953 .
 Christine Jorgensen, primeiro transexual masculino para feminino submetida a cirurgia comprovadamente bem sucedida.
A castração- relizada por um médico era penalizada e -somente a partir dos anos 80 a legislação na Europa passou a levar em consideração esta modificacão no estado civil.
 
 
A História de Coccinelle

Jacques Charles Dufresnoy nasceu em 23/8/1931, em Paris. 

Desde os 4 anos, sentia-se desconfortável com seu corpo e, num carnaval, usando uma fantasia vermelha com bolinhas pretas foi chamado de Coccinelle (joaninha) e assumiu o apelido.

Em 1953, começou a trabalhar no cabaré “Chez Madame Arthur”, onde sua mãe vendia flores. O jornal “France Soir” chamou a atenção para seu talento e logo Coccinelle se tornou estrela no “Carrousel de Paris”.

Multidões iam ver o” fenômeno”, que logo se tornou atração internacional.

Numa de suas turnês, quase por acaso, a artista ficou sabendo que um ginecologista em Marrocos praticava uma intervenção cirúrgica que " transformava um homem em mulher."
Coccinelle foi até lá para marcar consulta com o Dr Burou.

A cirurgia, realizada em 1958, foi um sucesso e, ao acordar da anestesia e ouvir “Bonjour, Mademoiselle” (bom dia, senhorita!), Cocinnelle conta que se sentiu um perfeita harmonia interior e exterior.

A primeira pessoa a mudar de sexo na França trouxe a fortuna à conta bancária do cirurgião. 
Jornalistas de todo o mundo contaram a incrível história.

Vestindo um modelo exclusivo de Guy Laroche a agora rebatizada na fé cristã como Jacqueline Charlotte Dufresnoy entrou na igreja, levada pelo, pai para se casar com um reporter esportivo. 
Esta ligação durou apenas alguns meses.

O segudo casamento, com Mario, um companheiro de elenco nos shows, durou 14 anos.

Em junho de1963, Bruno Coquatrix convidou-a para estrelar o show " Chercher la Femme “(Procurar a Mulher) no “Olympia”, templo sagrado da arte francesa.

Terminada a temporada, convites choveram de todas as partes.
Percorreu a Alemanha de ponta a ponta, contratada pelo “Chez nous”, famosa casa noturna de Berlim, onde viveu durante 9 anos.
Quando estava pronta para estrelar um show sobre sua vida no “Casino de Paris”, a Guerra do Golfo impediu Coccinelle - que seguiu um rígido regime para emegrecer e se submeteu a várias cirurgias plásticas - de ver todo seu esforço compensado.

Decepcionada, resolveu mudar-se para Marselha, sul da França. Ali, em 1994, foi fundada pela atriz a “ASSOCIATION DEVENIR FEMME “ (Associação Tornar-se Mulher)  que se propõe a ajudar transexuais que não tiveram a mesma oportunidadee e, logo em seguida, aconteceu o terceiro casamento

Em 1987, saiu a autobiografia Coccinelle
Ela também ajudou a criar o Centro de Ajuda,Pesquisa e 
Informação sobre Transexualidade e Indentificação de Gênero

A associação se propõe a ajudar transexuais que não tiveram a mesma oportunidade de Cocinelle que, em 2000, se aposentou da carreira artística.
 
Hospitalizada em Marselha em consequência de um derrame cerebral,ali faleceu em 9 de outubro de 2006
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