segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Franz Schubert

 


Que os leitores me permitam fazer uma analogia entre a vida de Franz Schubert e a composição Money for nothing, da banda Dire Straits.


Consta que a canção de 1985 é um olhar  irônico sobre 

a declaração de um vendedor de hardware, ao perceber 

a presença do grupo na loja de eletrodomésticos 

onde trabalhava.

" Eu deveria aprendido a tocar algum instrumento 

musical. E não ficar carregando TVs, fornos de 

microondas, refrigeradores. Vejam esses 

aí,ganham vida fácil, sem  trabalhar",teria 

comentado ele.

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No final do século 18 e meados  do século 19-duração 

da presença física de Schubert no planeta Terra-ser 

músico era sofrer preconceito,enfrentar dificuldades 

financeiras e decepcões e,ao mesmo tempo, inspirar 

impressão errônea de vida mansa.

Mesmo hoje em dia,somente alguns poucos conseguem   
a fama, o dinheiro, as homenagens e o 

reconhecimento.

  Schubert é frequentemente considerado como o protótipo do artista romântico: doente, pobre  e pouco apreciado durante sua vida,mesmo tendo alcançado algum sucesso com suas  Lieder (plural de Lied ,canção em alemão). 



Só foi realmente compreendido, apreciado e aclamado

post mortem.




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Franz Peter Schubert nasceu em Viena no dia 31 de janeiro de 


1797.


Filho caçula de Franz Theodor Schubert, um professor, e sua esposa, a dona de casa Elisabeth, e irmão de Ignaz, Karl e Ferdinand. 

Era uma   família de classe média respeitada,  cultivada e musical.O pai tocava viola num quarteto de corda com os filhos mais velhos. 

Stadtkonvikt

Em 1808, Schubert ganhou uma bolsa de estudos, que incluía um lugar no coro imperial e educação no Stadtkonvikt,mo-nastério-escola,onde seus mestres foram 

Wenzel Ruzicka,organista da corte  emais tarde, o compositor Antonio Salieri.

Quando sua voz mudou,na adolescência (1812), deixou Stadtkonvikt e passou a estudar como aluno particular de Salieri.


Continuou os estudos na Faculdade de Pedagogia em Viena e,no final de 1814, tornou-se  professor assistente na escola de seu pai,onde trabalhou até 1818.


 
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1814- A primeira obra prima reconhecida, Gretchen em Spinnrade, adaptava  um poema de Goethe `a música.

Apenas em  1815, compôs mais de 140 canções. 

No total, deixou 600 obras.

 A Sinfonia Inacabada (1822),última grande obra antes de contrair sífilis,é conhecida pela sua  maravilhosa qualidade acrescida de ousadia harmônica. 

A partir dessa época, as músicas expressavam desespero e a presença da morte era muito constante.
No hospital, em 1823,  compôs Die Schöne Müllerin,em que a paixão sexual do protagonista o  leva ao suicídio.

No Quarteto em Ré Menor, conhecido como Death and the Maiden (1824),mostra que é na morte que um jovem encontra o conforto tão necessário.

Em 26 de março de 1827, o desaparecimento de Beethoven-que muito influenciou seu estilo-aumentou o desespero ,mas o inspirou o Trio em Mi bemol, que explora a estrutura  da Quinta Sinfonia  e foi elaborado no primeiro aniversário da partida do ídolo.

O último ano de  vida de Schubert, 1828, foi preenchido com mais composições. 

Sinfonia em Dó Maior ("O Grande"), é  de  março do mesmo ano. Apresentada em público pela primeira vez 12 anos depois-1840-é considerada o ápice de sua realização criativa.

Um de seus melhores duetos de piano, Fantasia em Fá Menor,   também data de 1828. 
Ela evoca uma violência perturbadora e beleza lírica.

São de setembro e início de outubro de 1828 suas últimas três sonatas para piano, em Ré menor, Lá  maior, e Si bemol Maior, sintetizando com sucesso muitos dos seus recursos estilísticos. 

O Quinteto de Cordas em Dó Maior foi a  última peça instrumental antes da morte ,em Viena, em 19 de novembro de 1828.

O corpo foi enterrado no cemitério Wahring, praticamente ao lado de Beethoven.

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Vida pessoal

Schubert  tinha um grupo de amigos do sexo masculino,conhecido como  Círculo Schubert.

Os relacionamentos com um amigo de escola,  Joseph von Spaun, com o  poeta Johann Mayrhofer e o rico e jovem Franz von Schober, foram os mais importantes de sua vida.

Com  Franz Schober  chegou a  viver junto, e  por períodos prolongados.

A homossexualidade de Schubert  era  conhecida no meio musical,mas apenas em 1981, um longo artigo de  Maynard Solomon para a publicação americana Imago,sobre música do século 19,explicitou a situção.

 A reação  de muitos musicólogos e críticos ,para disfarçar  o preconceito  (que já pegava mal naquele momento pós Stonewall) , foi  a recusa de evidências ou,ao contrário,  foi o disparo de uma homofobia escancarada.
A delicadeza de sentimentos e a divisão interior que marcaram a vida breve de Schubert parece que não foram levadas em conta por esses últimos, verdadeiros algozes e donos da verdade, em nome não sei bem de que. Talvez aquela velha história que Freud explica.

Nos últimos anos,  a imagem de um Schubert gay tornou-se mais compreendida ou-talvez- menos controvertida.

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 Sinfonia Inacabada
19/5/2012  
Regência de Claudio Abbado  
Sinfônica de Berlim


https://www.youtube.com/watch?v=cdhBumzco8g
 

 

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