quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Frederico II da Prússia,O Grande

Ele mudou o mapa do mundo


  

Intelectual, mecenas, apaixonado e chefe militar.

A situação pessoal mais dolorosa na vida de  Frederico II da Prússia – fora os castigos corporais e humilhações verbais,  impostos por seu pai o “Rei Sargento”Frederico Guilherme I, diante da tropa - deve ter sido  o episódio envolvendo o Tenente Hans Herman von Katte. 

O Tenente era membro do exército recrutado homem a  homem, pelo próprio soberano. 

Musicista nato, poeta, filósofo, bem apessoado e oito anos mais velho que Frederico, Hans logo se tornou mais que um amigo.
Chegada a idade de casar para dar continuação à dinastia, Frederico se recusou e elaborou plano um  com o objetivo de partir  para a Inglaterra. 

Os tenentes  Herman von Katte e seu outro amigo Kein, que eram bem relacionados por lá, desacataram  as ordens do Rei e ajudaram na fuga, com a cumplicidade da irmã preferida, Princesa Guilhermina.
Julgados por um conselho de guerra, os jovens militares foram presos e condenados. 

Despedida de Frederico e Katte
O herdeiro e Kein pegaram  pena  pesada e Katte foi condenado à morte, com  detalhe de crueldade decidido pelo Rei, sabedor do relacionamento de seu filho. A execução foi na Praça Krustin, em frente a uma janela do quarto onde o fugitivo e  malsucedido príncipe morava.

Frederico mandou um beijo ao condenado e pediu perdão. Recebeu como resposta uma reverência e as seguintes palavras “Senhor, nada tenho a lhe perdoar”.
Encaminhou-se para o cadafalso e foi decapitado. A linda cabeleira loura foi preservada e, durante muitos anos, ornou a tumba do tenente Hatte.

Origem e  breve casamento
   

Frederico  nasceu  em Berlim  no dia  24 de Janeiro de 1712, filho de Frederico Guilherme I da Prússia e  de Sophia Dorothea de Hannover. Pertencia à dinastia Hohernzollem. 

Após o episódio da morte de Hatte, Frederico acatou a ordem do pai para casar-se com Isabel Cristina, filha de Fernando Alberto de Breunswick (1733).  voltando a ser príncipe herdeiro. Passou com a esposa o tempo necessário para consumar a união - alguns relatos falam em poucas horas e que,talvez, nada tenha acontecido entre os nubentes - e retirou-se para o castelo de Rheinsberg.

Ali estudava filosofia e história, fazia seus poemas e mantinha uma correspondência constante com os filósofos franceses, especialmente com Voltaire. A princesa, que era apenas uma figura decorativa, - muito bonita, por sinal - aparecia nas solenidades públicas, duas ou três vezes por ano.
Em 1740, morreu o pai carrasco e tudo mudou.
           

Sans Souci, reduto das artes sem presença feminina


Frederico, agora Rei,  amante da música, arte e literatura francesa, era um grande militar.
Sua maior habilidade era impedir que exércitos inimigos se aliassem contra  ele. O gosto pelas artes atraiu Voltaire e outros sábios e cientistas franceses, que passaram a frequentar a nova  residência  real de Sans Souci, mandada construir  em Potsdam, em estilo rococó francês.

Foi criado um centro emissor de arte e erudição, frequentado pelas mentes mais brilhantes da Europa. Voltaire ali residiu entre 1750 e 1753. Em maio de 1754, Sans Souci hospedou Johann Sebastian Bach, que escreveu para o monarca sua    "Oferenda musical".  A presença feminina era vetada. 

Decidido a reunir a elite da intelectualidade européia,   Frederico II  chamou o queridinho da corte da Inglaterra, Francesco Algarotti, expert em arte e música, amigo dos mais importantes autores de seu tempo
Algorotti havia conhecido  Frederico quando este, ainda príncipe, logo se rendeu aos encantos do italiano.

Quando tornou-se rei, mandou uma mensagem ao muso:  "Querido Algorotti, minha sorte mudou. Não me deixe esperar por sua presença, Cisne de Pádua”.
Algarotti aproveitou a fase boa  para  tirar uma  casquinha: desejava o posto de Embaixador na Itália. O rei mandou chama-lo e escreveu num bilhete:” : "Querido Algorotti, continuo a te aguardar com grande impaciência, mas, prefiro  te  ter como amigo a receber teus relatórios como meu embaixador”. 

A relação se deteriorou e Algarotti partiu, em busca de  postos “mais rentáveis”.
Mais tarde reataram, e o italiano recebeu de Frederico a”Ordem do Mérito” e ao morrer foi erigido  um belo  túmulo em sua honra.
 

Chefe Militar

Frederico, o Grande, como passou a ser chamado, mergulhou de cabeça numa política favorável a seu país e, em seguida, exigiu a devolução do ducado da Silésia, em troca da aprovação prussiana da Sanção Pragmática (norma ou disposição legal promulgada de forma solene por um soberano absoluto que disponha sobre aspectos fundamentais do Estado, regulando questões como a sucessão no trono, as matérias de religião de Estado e outras).

Na Sanção de 1713, o  imperador Carlos VI da Áustria desejava manter unificados os domínios dosHabsburgos, declarava que a sua filha Maria Teresa I da Áustria o sucederia no trono.
Maria Teresa, que herdou a coroa no mesmo ano (1740) não aceitou a proposta e a Prússia invadiu a Silésia, iniciando a Guerra de Sucessão Austríaca.,que mudou o mapa do mundo.

Frederico liderou o exército prussiano  na Guerra dos Sete Anos e é considerado um dos maiores estrategistas militares de todos os tempos.

Legado


Político, compositor e escritor, fez de Berlim uma das principais cidades de seu tempo, aboliu a tortura ao aceitar as críticas de Montesquieu aos métodos de interrogar prisioneiros. 

Fundou escolas públicas, decretou a tolerância religiosa, construiu canais e abrigou refugiados  franceses que fizeram chegar à Prússia novas técnicas na agricultura, comercio e  nos produtos manufaturados e a tornaram uma das principais potências da Europa.

Tirou a nação da letargia, assentou as bases econômicas e  enfrentou a Rússia e a França na Guerra dos Sete Anos, liderando pessoalmente as tropas nas frentes de batalha. 
Colocou a Prússia entre as principais potências da Europa.

Faleceu em 17 de agosto de 1786, em seu querido castelo Sans Souci e foi sucedido pelo sobrinho, Frederico III da Prússia, filho de seu irmão Príncipe Augusto Guilherme.

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