Leonardo Da Vinci passou pelas amarguras da intolerância na Inquisição.
No ano de 1476 compareceu perante o tribunal de Florença para responder à
acusação de sodomia, a pena legalmente prevista era a morte na
fogueira, mas ele acabou absolvido por falta de provas.
A absolvição permitiu que vivesse mais 43 anos deixando um acervo
incomparável de obras artísticas, científicas e culturais. Uma fogueira
chegou perto de privar o mundo de uma das figuras mais
extraordinárias de todos os tempos.
Da
Vinci é o símbolo do homem da Renascença, escultor, inventor, músico,
astrônomo, pintor, anatomista e fisiologista, químico, botânico,
ferreiro, mecânico, arquiteto, engenheiro, filósofo, matemático, homem
belo e forte, excelente esportista - ótimo nadador e cavaleiro - Da
Vinci padeceu do preconceito que atingia os bastardos e os trangressores
e teve sua vida envolvida em sombras por muito tempo. Finalmente, o
mistério foi desvendado por inteiro. Já se conhece o nome de seu último
companheiro e herdeiro da obra e dos bens: Francesco Melzi, (foto da
direita) um pintor alguns anos mais novo.
Filho do um tabelião e da camponesa Caterina, nasceu em Vinci,
cidadezinha próxima a Veneza, em 15 de abril de 1452. Sua entrada na
Universidade foi negada em virtude da origem bastarda sendo, então,
privado da educação humanística disponível na época.
Ele mais que compensou esta falha educacional ao se transformar no maior
gênio da humanidade nos dois últimos milênios. Dedicou-se a temas tão
diversos quanto a cinemática, as causas das marés, o mecanismo do
movimento do ar nos pulmões, hábitos noturnos das corujas, as leis
físicas da visão humana e a natureza da Lua.
Inventou urn máquina voadora, elaborou teoremas geométricos, desenvolveu
diversos estudos hidráulicos, concebeu o vapor como meio de propulsão,
escreveu poemas, fábulas e máximas filosóficas.
O primeiro robô humanóide lançado pela NASA foi inspirado nos desenhos de Leonardo Da Vinci.
Em 1991, Donald Calne, revendo os manuscritos encontrados no palácio de
Windsor, concluiu que ele já conhecia a doença de Parkinson. Foi aluno
de Andrea del Verrochio, pintor ligado à poderosa família Medici, que o
protegeu.
Em 1476, enquanto ainda morava na casa de Verrochio foi acusado da maior
das vilezas na época: sodomia. O “alvo”: Giacomo di Caprotti, (foto) um
jovem modelo de 17 anos, com quem acabou se relacionando durante 20
anos.
Embora a Florença daqueles dias acolhesse os homossexuais, acusações
desta natureza causavam sérios danos às carreiras de artistas
dependentes de patrocínio, especialmente os que contavam com a chancela
da Igreja Católica. Para escapar deste escândalo, mudou-se para Milão
onde desenhou equipamento militar para o Duque Ludovico Sforza: armas
manuais, projéteis, lança-chamas, canhões e arcos para arremesso de
pedras e flechas.
Os traumas da rejeição social e do preconceito fizeram Leonardo fechar
sua vida privada a sete chaves. Sempre cercado por belos jovens, seus
desenhos de genitálias, esboços de nus e escritos mostravam grande
apreço pela beleza masculina e não há registro de amizade mais íntima
com mulheres. Pinturas femininas perfeitas, só do colo para cima. Quando
se arriscava a ir mais fundo, os genitais femininos, segundo críticos,
ficavam distorcidos e mal resolvidos.
De acordo com seu diário, Da Vinci manteve relações bem próximas com seus estudantes, mas não era promíscuo.
Além da relação com Giacomo di Caprotti, teve, nos últimos anos, a
companhia constante do também pintor Francesco Melzi, aristocrata da
Lombardia, que foi seu testamenteiro, herdeiro universal e administrou o
acervo de mais de 5.000 manuscritos que detalhavam inventos em ótica,
acústica, mecânica dos fluídos, hidraullica, vôo, astronomia, anatomia e
armamentos, pontes portáteis, túneis subterrâneos, navio à prova de
bombas, formação de chuvas.
As invenções eram protegidas, pois já naquela época havia a espionagem
industrial e roubo de direitos autorais. As idéias de Leonardo Da Vinci
eram inacreditáveis e impraticáveis para seu tempo.
Ao visitar uma exposicão em Amboise (França)patrocinada pela IBM, com
maquetes construídas a partir de seus esboços, fiquei me perguntando se
ele viajou no tempo ou se recebeu a visita de um viajante do futuro,
pois lá estavam, entre tantas outras, o bate-estacas das construções
modernas, a caixa de marchas dos automóveis, a bicicleta, o tanque de
guerra, o helicóptero.
Descobriu a glândula tireóide, estudou a placenta, o cordão umbilical e
as vias de nutrição fetal. Estudou o coração, concluíndo que esse órgão é
massa muscular alimentada por artérias, possuindo veias, como os outros
músculos. Intuiu ainda o princípio da sustentação do "mais pesado que o
ar". Técnicas revolucionárias compensaram o “pequeno” número de
pinturas, se o compararmos com outros artistas, mas elas se tornaram as
mais valorizadas do mundo.
A primeira encomenda para pintar o mural do refeitório da Igreja Santa
Maria delle Grazie, em Milão, resultou no afresco “Última Ceia”
(1495-1498) onde Da Vinci usou técnicas pioneiras, admiráveis pelo uso
da perspectiva, mostrando, também, detalhes psicológicos dos componentes
da mesa. Esta “Última Ceia” começou a se deteriorar 50 anos após seu
término.
Mesmo muito comprometida e desgastada, teve e tem uma primordial
importância na História da Arte. Tornou-se grande amigo do maior
político e escritor daqueles tempos: Niccolo Machiavelli.
Na idade madura, foram elaboradas as obras mais conhecidas: Mona Lisa,
Leda e São João Batista. A Mona Lisa, ou Gioconda, exposta no Museu do
Louvre é seu quadro mais famoso e ambíguo. Embora tenha sido
apresentado ao mundo como o retrato da mulher do comerciante Francesco
del Giocondo, alguns experts em Da Vinci especulam sobre a possibilidade
de ser uma reprodução da figura da mãe do artista ou, mesmo, sua auto
imagem em travesti.
Em 1507, começou a trabalhar para Francisco I ,sucessor de Luís XII no
trono da França - e aceitou o convite para morar em Cloux, perto de
Amboise, no castelo que ganhou do soberano. Precisou voltar à terra
natal para resolver pendências relativas à herança do pai e lá ficou até
1511, ano em que conheceu Francesco Melzi, último companheiro, a quem
confiaria, ao morrer, todos os seus manuscritos, todos os bens, todos os
esboços, todas as pinturas.
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