sexta-feira, 9 de outubro de 2015

São Sérgio e São Baco

 Sérgio à esquerda e Baco

 
Mártires da Igreja Ortodoxa e patronos das uniões homossexuais.

No  começo do século 4 dC, Sergio de Resapha e Baco de Barbalissus  - considerados erastai ( casal de amantes ) - viviam em Coele, Síria.
Eram dois importantes nobres romanos que  desempenhavam altos cargos no exército do imperador Cesar Maximiano. Sergio de Resapha como primicerius, uma espécie de comandante em chefe da tropa de elite e Bacco de Barbalissus como secundarius, seu auxiliar direto.
O  grupo que comandavam, composto de bárbaros, era chamado de   Schola Gentilium  ( Escola dos Pagãos).

Acolhimento e tolerância

A homossexualidade  de Sergio e Baco não representava nenhum problema. A Igreja  católica da época não só  recebia bem os gays como os unia em matrimônio.
Este acolhimento  da igreja foi descrito  pelo historiador da Universidade de Yale John Boswell (1947-1994), autor de inúmeros títulos sobre o assunto, que publicou suas pesquisas sobre os santos  no livro “Cristianismo, tolerancia social e homosexualidade” (Ed. Munchnik).

Duplo Martírio

Convertidos ao cristianismo, Sergio e Baco foram denunciados pela recusa de participação nos ritos pagãos.
Era tamanho o respeito e estima  que Maximiano tinha pelo casal que não acreditou nos informantes. Para testar  sua lealdade ordenou que oferecessem sacrifício no templo de Zeus e Júpiter e, quando Sergio e Baco assumiram oficialmente sua fé cristã, a  punição foi terrível.
Foram torturados tão severamente com chicotadas que Bacco morreu logo. Sergio sobrevivente da etapa inicial de  atrocidade,  teve que suportar intensos sofrimentos: correu quilômetros com os sapatos forrados  com pregos afiados que lhe atravessavam os pés e,  finalmente,  foi decapitado..
Ambos foram enterrados nos arredores da cidade de Resapah. 
Anos mais tarde, após a canonização, o Imperador Justiniano  construiu em honra   de Sergio igrejas em Constantinopla e Acre.  A primeira foi transformada em mesquita e  tem em seu interior raros exemplares da arte bizantina.

Em Roma

Construída no século VII, existe em Roma uma igreja consagrada a  Sergio e Baco. Os dois santos são representados pela arte cristã como soldados com roupas do exército e empunhando palmas de flores.
Os primeiros martiriológios do cristianismo registram as atrocidades e Teodoreto, respeitado historiador da época, confirma a veneração.


Na Igreja ortodoxa

Aos pés do Monte Sinai (1570 m) onde, conta a tradição, Moisés recebeu as Tábuas  da Lei, encontra-se o Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina, mandado construir pela Imperatriz Helena de Bizâncio e hoje dirigido por monges ortodoxos.
A origem do mosteiro remonta ao século IV dC, quando anacoretas perseguidos pelas tribos bárbaras buscavam refúgio nas terras do Sinai. Ali são encontrados ícones de São Sergio e São Baco representados  lado a lado, segurando, juntos, uma cruz. São venerados na liturgia bizantina em 7 de outubro.
Em fevereiro de 2000, o Papa João Paulo II visitou o local.  


Ícones

Os ícones são  sinônimo de Arte Sacra Bizantina e estão em todas as Igrejas Ortodoxas espalhadas pelo mundo.
A palavra ícone vem do grego EIKÓN e significa imagem. No Oriente Cristão -que não cultua estátuas -  é uma imagem pintada sobre madeira, com uma técnica especial.
O Império Romano do Oriente,também chamado Império Bizantino era formado pela Península balcânica, Ásia Menor, Síria, Egito e Cirenaica, com 20 povos de línguas e raízes diversas.
Bizâncio, fundada pelos gregos, tornou-se uma nova Roma e teve um importantíssimo papel histórico
Os cidadãos que ali  adotavam o cristianismo foram perseguidos por ordem de Diocleciano (284 a 305).
O império romano do ocidente sucumbiu aos bárbaros no séc. VI, mas a parte oriental sobreviveu até o séc. XV.

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