quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Sarah Bernhardt



Os amores da Divina Dama   

Sarah Bernhardt foi a mais famosa atriz de sua época. Até hoje, mencionar seu nome remete a glamour e talento. 
Era uma linda mulher de pele clara, cabelos ondulados vermelhos, olhos azuis, alta e esguia. Seus movimentos eram graciosos e forte a personalidade. 

Tinha voz clara e bem modulada e tornou-se, no seu tempo, dicção-padrão para a língua francesa. 

Mais do que personagem principal nos palco, foi pintora, escultora, escritora, dona de teatro, produtora cultural e mulher de negócios. 

Causou escândalo em Paris - e no mundo civilizado - usando calças compridas, fazendo papéis masculinos e tendo numerosos amores, alguns com mulheres, como a pintora impressionista Louise Abbéma (1858-1927).
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 Henriette Rosine Bernard nasceu em Paris em 22 de outubro de 1844, filha da cortesã holandesa de origem judia Judith van Har - codinome Youle - e de um cristão francês, o estudante de direito Edouard Bernard. 
De acordo com a vontade do pai, foi batizada e educada (primeiras letras) em conventos. Aos 13 anos, para se sustentar trabalhava no teatro e também como cortesã. 
Na época, atriz ou prostituta eram a mesma coisa. 

  Emoção à flor da pele 

Assim que completou 16 anos, um dos amantes da mãe - o duque de Morny, irmão do imperador Napoleão III - conseguiu-lhe uma vaga no Conservatório de Paris. 

 Mais tarde, pelos próprios méritos artísticos, assinou contrato com o Teatro Odéon. Durante a guerra franco-prussiana de 1870/71, organizou um pequeno hospital militar nas instalações do teatro. 
Atriz favorita dos estudantes parisienses, logo encontrou o caminho natural para chegar à Comedie Française, em 1872. 
Sua atuação emocionada atingiu em cheio o público. 
Cada vez mais reverenciada a cada peça, tornou-se uma superstar e passou para a História como “A Divina”. 
Escultora e pintora, exibiu as suas obras de 1876 a 1881 no Salon de Paris, recebendo uma menção honrosa no primeiro ano. Orientada pelo empresário londrino Jarrett, criou sua própria companhia e partiu para os Estados Unidos por dois meses. Foi a primeira de oito viagens àquele país. Levou um séquito : uma secretária, um mordomo, dois cozinheiros, duas criadas de quarto e um empregado.

 O sucesso desta turnê, iniciada em 1880, levou Sarah Bernhardt a percorrer toda a Europa, as Américas do Norte e do Sul e a Austrália. 
Seus papéis mais populares, além da famosa Fedra, foram os de Marguérite Gautier na Dama das Camélias, de Alexandre Dumas filho e Adrienne Lecouvreur de Eugène Scribe. 

Era perfeita fazendo papéis masculinos, o que horrorizava a crítica. Em 1900, interpretou Napoleão I, na peça E L'Aiglon, de Edmond Rostand. 

  Extravagâncias 

Sarah Bernhardt se tornou um ícone da extravagância não só pela imensa quantidade de bagagem que sempre levava, mas pelas roupas que usava dentro e fora do palco e pelo hábito de meditar e dormir após as refeições dentro de um esquife construído sob medida. 
Em 1892, mudou-se para Londres, onde pontificava Oscar Wilde.
Tornaram-se amigos íntimos e Wilde dedicou-lhe uma obra : Salomé. 
A peça foi censurada por Lord Chamberlain e proibida antes de ser encenada. 

  Empresária 

No retorno a Paris arrendou o Teatro Renaissance, por seis anos. 
Produziu e atuou em Hamlet - mais um sucesso. 
Vencido o prazo, abriu seu próprio Théâtre des Nation, transformado em Théâtre Sarah Bernhardt, que gerenciou até a morte. 
Durante a 1a Guerra Mundial, representou para os soldados franceses nas trincheiras e foi agraciada com a Legion d’Honneur. 
  
Vida amorosa  
 A vida social era também conturbada.
De um romance com um nobre belga casado, nasceu seu único filho - Maurice Bernhardt. Muitos outros passaram por sua vida - entre eles Victor Hugo e Albert Edward, Principe de Gales - mas casamento para valer, somente um : com o ator grego Jacques Damala, em Londres (1882), Durou sete anos, até a morte de Damala por overdose de cocaína. Os casos lésbicos, exceção para Louise Abbéma, foram conduzidos com grande discreção. 
 A Divina no Brasil  

Durante suas longas e tumultuadas turnês ao Novo Mundo, Sarah Bernhardt esteve no Brasil 3 vezes.Em junho de 1886, estreou no Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, do Rio de Janeiro e atuou nos Teatros São Jose, de São Paulo e São Carlos, de Campinas. 

Retornou, em junho de 1893 e em outubro de 1905, para representar a “Tosca”, no Rio. 
Nesta úlima visita, no Teatro Lírico, aconteceu o acidente que afetaria para sempre a vida da Divina: em uma das cenas em que deveria simular o salto de uma janela, machucou seriamente o joelho direito.
 Suportou dores e cirurgias durante dez anos e, em 1915, teve a perna amputada. 
Continuou a atuar sentada em cadeira de rodas e, mais tarde, com ajuda de uma prótese ortopédica. 
Morreu em Paris, em 26 de Março de 1923, em consequência de problemas renais. 

Sara Bernhardt foi um mito tão poderoso que, apesar de seu comportamento transgressor, deixou para a posteridade a imagem de combatente com garra e feminista militante. •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

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