Iconoclasta
provocador que vai além da ironia.
Escritor, editor,
fotógrafo é o diretor de cinema para
quem se pode usar a expressão “corte
epistemológico do paradigma”. Bruce inverteu a mão de direção das correntes e
fundou o movimento “queercore” enfrentando com provocação o que chama de
status “fora dos esquadros“ dos
homossexuais.
Bruce LaBruce é
um cineasta punk, gay e parece não ter
limites.
Seus filmes mostram
mundos habitados por seres marginalizados. Artistas pornôs, prostitutas,
michês, skinheads, drag queens, sadistas, masoquistas e outras sexualidades
atípicas. LaBruce acredita que esses personagens estão em “sério perigo” e
ameaçados de extinção no conformista século 21.
Queercore, Hardcore, Punk, Emo
O termo “Queercore” é
uma combinação de queer - algo
“estranho” ou “incomum”, que a parte
mais politizada do movimento LGBT americano resolveu resgatar - com hardcore, facção punk, que se expressou na cena
musical a partir dos anos 80.
O estilo hardcore
ocupa um lugar de fácil identificação na cultura contemporânea : as letras
falam de preconceito, liberdade, diversidade sexual e anarquismo.
O termo
“punk”, existente nos textos do crítico de rock Lester Bangs e,
mais tarde, nos versos da canção de Frank Zappa “Flower Punk”, do álbum de 1967
'We’re Only in It for the Money'
acabou por ser empregado para
gays em prisões. Triste final, pois o movimento gay se caracteriza pela
predileção por músicas dançantes, culto ao corpo e a eterna busca pela juventude
e beleza.
O “queercore” já foi definido como o emocore ao contrário : rebeldia, música engajada
e visual agressivo.
J.W.Kielwagen explica
- na edição de 11 de junho de 2008 da
“Revista da Cultura” : “O queercore surgiu fora dos sistemas comerciais, de
modo que os fanzines – publicações não comerciais, produzidas de forma
independente - foram cruciais para o seu desenvolvimento. Centenas de zines
impressos ou eletrônicos formaram uma rede intercontinental, permitindo que o
movimento se espalhasse de forma subterrânea e que membros de comunidades
menores, afastados dos grandes centros urbanos, participassem”. Foi onde o
termo queercore apareceu pela primeira vez. A cultura gay tradicional
representava uma ortodoxia a ser contestada e superada, de forma semelhante a
como os punks vêem a sociedade em geral.
Os JDs
Entre 1985 e 1991, LaBruce editou o
fanzine JDs – Juvenile Delinquents – onde lançou as bases para uma espécie de
contra-cultura gay. Seus filmes são considerados absurdamente chocantes.
E é esse “normalizador das coisas extremas”, como se autodefine, esteve em São Paulo,
para participar (mais uma vez) do 16º Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade
Sexual. ( sua primeira visita data de1997, no 5º Festival).
Bruce LaBruce, aliás,
Justin Stewart, nasceu em 3 de Janeiro de 1964, em Southampton, Ontario, Canadá
e acha que o gosto por cinema deve ter começado quando - plantado na frente
da televisão - captou os fundamentos da cultura norte-americana.
O seu trabalho mais conhecido em artes gráficas
foi o JD, editado em parceria com G.B. Jones, em que mandava uma metralhadora giratória de
contestação geral : da estética da sociedade capitalista submissa a dinheiro ao
desempenho dos papéis sexuais tradicionais.
Quando começou a
filmar, usava seus amigos como atores e ele mesmo participou de algumas
produções.
Produções
“Skin Off My ASS”
o primeiro filme - em 8 mm, depois
passado para 16mm (1991) - virou cult. Tem um roteiro muito criativo, apesar da
perplexidade que causou : um cabeleireiro cheio de afetação (ele mesmo) se
relaciona com um skinhead mudo, desempenhado por Klaus Von Bucker, seu namorado
na vida real.
A “Skin Off My Ass”
seguiu-se “Super 8 ½ “ ( de 1994)
sobre astro/diretor pornô (ele mesmo?) cuja auto estima como cineasta
não anda muito firme. Este trabalho também virou cult em festivais como
Sundance, Toronto, Vancouver, San Francisco, Londres, Berlim, Dublin e Tóquio.
O filme seguinte, “Hustler White” -
em colaboração com o fotógrafo Rick Castro
- foi lançado em 1996 : co-estrelado por Tony Ward, a drag queen Vaginal Davis,
e o próprio LaBruce. Lançado em Sundance, virou cult de festivais. Em Cannes,
ganhou o grande prêmio do International Trash Film Festival.
Em 1999, foi a vez de
“Skin Flick” (Tirando o Couro ), em parceria com a Cazzo Films (Berlim) com duas versões, uma
“softcore”, de arte, e outra, “hardcore”, 100% pornográfica.
Tom International,
LaBruce - ele mesmo - e a modelo Nikki
Uberti se transformaram em astros pornô.
LaBruce pode ser
considerado como o produto final das influências de Andy Warhol, Fassbinder,
John Waters, Kenneth Anger, Pasollini e Gus van Sant. Bruce é graduado em
Cinema pela York University de Toronto, Canadá.
É autor de dois
livros de edições esgotadas: “Ride,
Queer, Ride!”, com os roteiros de Super 8 1/2 e “Hustler White”, contendo entrevistas e fotos do cineasta e a
autobiografia “The Reluctant Pornographer”. Foi colunista da revista de música
canadense “Exclaim!”, do “Toronto Life”, do ”National Post” e do “UK Guardian”.
Seu ultimo filme, "Otto, or, Up With Dead People", foi exibido no Sundance Film Festival de 2008.
Seu ultimo filme, "Otto, or, Up With Dead People", foi exibido no Sundance Film Festival de 2008.
Em abril de 2006, concedeu uma entrevista a Ferdinando Martins, do MixBrasil, onde conta sua
trajetória artística, pensa a cena queercore
e sugere que as novas gerações
oprimidas respondam com repulsa às infra-estruturas de comando e controle,
diferente da sua postura dos anos 80 quando lidava com os mesmos problemas de opressão
Leia aqui:
http://mixbrasil.uol.com.br/cultura/entrevis/entrev/bruce/bruce.shtm
**************************************************************
**************************************************************
Nenhum comentário:
Postar um comentário