terça-feira, 3 de junho de 2025

Pierre Verger. Mensageiro entre dois mundos

  

 

 
             PIERRE VERGER (1902-1996)

Fotógrafo, etnólogo autodidata e  historiador especializado na cultura e religiões africanas.

  

"No Candomblé  se pode ser verdadeiramente como se é e, não, o que a sociedade pretende que o cidadão seja. Para pessoas que têm algo a expressar através do inconsciente, o transe é a possibilidade do inconsciente se mostrar”


*******
Há pouco tempo, tive a sorte (ou falta dela) de viajar uma fila atrás de um senhorzinho em cadeira de rodas que falava e falava sem se importar se alguém queria ouvir.


Somente ao desembarcar, no aeroporto de Salvador, pude ver a figura  e tive muita pena de  não ter sido a pessoa sentada ao  seu lado. 

Porque, à alegria de estar voando entre as nuvens aliviado de sua invalidez, acrescentou histórias interessantíssimas da sociedade, política e cultura da Bahia com franqueza que os (talvez) noventa anos ou mais permitem.


É para o passageiro desconhecido do voo Gol 1535 das 15 horas (e que nunca vai ler) que escrevo agora esta  mini-mini-minibiografia  de seu ídolo declarado (e meu também), Pierre Verger, o Fatumbi, uma celebridade LGBTQ.

 

No site da Fundação Pierre Verger, o leitor vai encontrar todas as informações, calendário de exposições, entrevistas, depoimentos, trabalhos universitários  e muito mais sobre o querido “mensageiro entre dois mundos”.


***************

 
Pierre Edouard Léopold Verger nasceu em  4  de novembro  de 1902, numa família da alta burguesia. Sempre na contramão do protocolo rígido do seu meio social nunca pode, no entanto, expressar seus verdadeiros valores.

Interessado em fotografia, decidiu romper depois da morte da mãe (1932), sua última ligação com o  passado: com uma mochila e uma  Rolleiflex, saiu pelo mundo. 


Seguiu para a  Córsega,1.500 km a pé, em companhia do fotógrafo Pierre Boucher, seu mestre na arte , com quem fundou (1934), a agência de fotógrafos independentes Alliance Photo.

Durante 15 anos viveu nas ilhas do Pacífico e cada etapa da viagem foi documentada e se constitui hoje um precioso testemunho sobre civilizações que estão quase acabando.


Em seguida, foi para os Estados Unidos, Japão, China (como correspondente de Guerra da revista Americana LIFE), Mali, Filipinas, Nigéria, atravessou o Saara, visitou o Togo, o antigo Daomé (atual Benin), as Antilhas, México, Guatemala, Equador, Peru (organizando material para o Museu Nacional de Lima) e a Argentina, sempre ganhando a vida como fotógrafo.


Dirigiu o Museu da Etnografia, hoje Museu do Homem, em Paris.


Os retornos à França eram apenas uma pausa para reencontrar amigos e preparar o próximo destino.

Verger já era um renomado cidadão do mundo quando, em 1946, ao chegar a Salvador, aconteceu um caso de amor à primeira estadia pela cidade e seus habitantes.

Começou a estudar a história e a cultura dos descendentes de escravos africanos.
Permaneceu fiel  enamorado da Bahia  e se dedicou a pesquisar os ritos religiosos afro-brasileiros  e a influência cultural e econômica do tráfico de escravos.


Em 1948, recebeu bolsa  para se aprofundar nos estudos africanos, especialmente os dos Iorubás, etnia que teve grande influência na cultura baiana. 


Fez inúmeras viagens entre a Bahia e  ao continente africano (Nigéria e Benin, mais especialmente).

 ***********
A relação com a cultura negra foi se aprofundando e superou o interesse intelectual. Cada vez mais ligado ao candomblé, tornou-se um iniciado, em 1953.
**
Recebeu o nome de Fatumbi (renascido pelo Ifá - ifás são os búzios, as conchas de adivinhação), tornou-se babalaô e  nesse patamar passou a ter acesso a todo o patrimônio cultural dos Iorubás, incluindo mitologia e conhecimentos de botânica para fins terapêuticos.


Foi Ogã dos terreiros Opô Afonjá e Opô Aganju.

Responsável pelo toque dos atabaques, o Ogã tem de ser bem preparado e coroado  para exercer a função, pois, além de ser médium intuitivo, é um Sacerdote nato, o que nasce com a função de falar por um Orixá, sendo seu instrumento puro.


Convidado pelo  Instituto Francês da África Negra  para conferências, falou sobre sua vivência naquele continente e expôs suas fotos.

Textos sobre culto de orixás, publicados em 1957, são a porta de entrada para o mundo acadêmico: a Sorbonne lhe confere o título de Doutor Honoris Causa. 


E  logo a ele, que tinha abandonado os estudos aos 17 anos.


Então colaborador e pesquisador de várias universidades, continuou a vida de  cidadão do mundo até o final dos anos 70, quando  decidiu se fixar para sempre em Salvador, onde se tornou professor da Universidade Federal da Bahia (1973), responsável pelo estabelecimento do Museu Afro-Brasileiro.


Em 1988, criou a Fundação Pierre Verger, no bairro Vasco da Gama, para preservar e difundir a obra que reuniu em 40 anos de viagens. 


A entidade sem fins lucrativos, guarda mais de 63 mil fotografias e negativos tirados até 1973, como também os documentos e correspondência.


Verger morreu durante o sono,  que na minha opinião é o fim dos eleitos dos Deuses, em 11 de fevereiro de 1996, na casa-Fundação, pintada com as cores de seu orixá Xangô. 


**************
Algumas Homenagens

Gilberto Gil é o responsável pelo documentário “Mensageiro entre dois mundos”, com roteiro de Marcos Bernstein, que mostra a vida e obra de Verger  e onde  estão sua última entrevista  e depoimentos de pessoas que o conheceram. 


Personalidades ou simples anônimos realçam suas qualidades humanas.


Enredo do  GRES União da Ilha do Governador, no carnaval do Rio de Janeiro, em 1998. A letra do samba enredo letra fala da Trajetória de Pierre Verger a Fatumbi. 


Jérôme Souty publicou um ensaio muito documentado sobre a obra e a vida de Verger : “Pierre Fatumbi Verger. Du regard détaché à la connaissance initiatique”, Paris: Maisonneuve & Larose, 2007 (520p. 144 fotos, em francês).

Em 2009, Salvador recebeu mostra de Pierre Verger,  durante o Ano da França no Brasil. Em seguida, a exposição “De um Mundo ao Outro – Pierre Verger nos anos 30” itinerou pelo nosso país.

 

******************************************
Joahbson Borges, último assistente, foi escolhido e  apontado pelo próprio Verger como sucessor natural. 

Fundação   site:pierreverger.org


Fundação Pierre Verger site:pierreverger.org

domingo, 25 de maio de 2025

Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil

 Olhar acadêmico focaliza a menor das minorias





Zapeando , anos atrás,sem compromisso, achei uma pérola rara para observação sócio-antropológica: numa emissão Fiocruz pela NBR estavam sendo entrevistados o sociólogo sueco Don Kulick (foto)e a antropóloga Miriam Goldenberg (autora,entre outras obras, de "A Outra: um Estudo Antropológico sobre a Identidade da Amante do Homem Casado", 1990, Editora Revan). 

Falavam sobre a trajetória do primeiro, que dividiu seu tempo com treze travestis, durante um ano, alugando um quarto de casa de cômodos no Pelourinho, Salvador, Bahia.

Falavam, também ,do livro que resultou dessa experiência: Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil


A pesquisa de campo da tese foi financiada pelo Conselho Sueco para a Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. Don agradece também aos militantes baianos,  que o levaram até Keila Simpson, a quem é dedicado o livro. Keila é maranhense, ex-presidente da ANTRA, associação que congrega outras travestis.
Ela serviu de professora de português e parceira de trabalho, tornando-se ao final, amiga pessoal de Don. 
O livro  retrata o dia a dia ,entre 1996 e 1997, do grupo que serviu como base do trabalho acadêmico.

 Os personagens são observados quando se preparam para sair, enquanto esperam seus clientes e na volta para casa - quando explicam as particularidades de cada programa. 

O texto mergulha fundo no imaginário das travestis e mostra detalhes comoventes da vida da que chamo menor das minorias. 
São seres humanos tão discriminados que mesmo a comunidade acadêmica,tão ávida de temas, lhes dedica pouquíssimas teses e trabalhos. 
A noite de autógrafos da edição brasileira aconteceu ano passado no IFCS -Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, aqui no Rio. 

Don Kulick, que é gay (o que, segundo ele, facilitou muito a sua aceitação na comunidade trans) é Mestre em antropologia pela Universidade de Nova York, escreveu originalmente seu trabalho em inglês e o publicou pela primeira vez em 1998.
                             Curiosidade explícita  
Nesses meus muitos anos de militância pelos direitos humanos em geral e pela não homofobia em qualquer nível em particular,uma curiosidade  nem sempre apenas latente está no ar quando, em palestras e reuniões sobre o tema , surgem as famosas perguntas sobre a diferença entre transexual e travesti.
Os sociólogos "da antiga" associavam uma espécie de conforto social ao uso de indumentária feminina – comportamento que julgavam também conectados com homossexualidade e fetichismo.
A legendária monografia de Magnus Hirschfeld (1868-1935) publicada em 1910, define o travestismo como uma escolha particular. A partir daí, ensaios começaram a ser publicados em revistas médicas e aumentaram a visibilidade do tema. 
                                   A tese de Benjamin
 Em 1954, o psiquiatra norte-americano Harry Benjamin (1885-1986) procurou estabelecer a diferença: enquanto o transexual não aceita seu sexo biológico, tentando adequá-lo ao sexo emocional, o travesti aceita e convive com as possibilidades de seu corpo, ficando assim mais em contato com sua sexualidade. 

Os órgãos genitais são o centro de seu prazer, como para qualquer outro homem. 
Os estudos de Benjamin sugeriam, inclusive, que um travesti não é necessariamente um homossexual. 

Se o homem hétero que aprecia o travestismo tiver uma companheira tolerante - o que é muito raro - pode resolver suas necessidades psicológicas dentro casa mesmo. 

Com freqüência maior que se imagina, muitos travestis, casados ou solteiros, estão circulando por aí vestindo lingerie feminina, por baixo de seus ternos e gravatas. Para um transformista profissional, entretanto, usar roupas femininas faz parte do trabalho
.                       A contribuição de Don Kulilck 
Enquanto lia o livro,(foto da capa) esqueci que era uma tese acadêmica. 

O texto me envolveu como o de qualquer bom romance. 
Falando pouco ou nada de português, o autor observava com muito mais requinte as posturas corporais e percebia como transcorriam as relacões afetivas.
A interação com o grupo foi completa. 
Don conta que Keila tinha grande orgulho em levá-lo de braços dados à padaria próxima para que todos pensassem que ela tinha arranjado um gringo. 

Ele comenta a opressão dos travestis pelo Estado naquele período, a relacão com a Aids e a introdução no Brasil do silicone que começava a ser utilizado indiscriminadamente e viria a trazer tantas tragédias.
Anos depois da publicação do texto americano, as coisas haviam mudado, vivenciando um momento raro. 
Primeira vez lançáva-se um olhar governamental às claras e em público sobre a cidadania das travestis e transexuais.
A EDITORA FIOCRUZ está de parabéns e os que militam por um Brasil sem xenofobia e respeitoso às diversidades, igualmente,pois nada é para sempre. 

Além das informações preciosas que contém, o livro é um charme: o acabamento gráfico da capa é primoroso e o marcador, super criativo, é uma fitinha do Bonfim estilizada.
  ***************************************************************** 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

'Thriller', clipe de Michael Jackson , já completou 40 anos



 

Com 12 minutos, vídeo lançado em dezembro de 1983 tinha efeitos especiais marcantes e homenagem a mitos do terror, como lobisomens e zumbis. Clique abaixo para conferir:





Michael Jackson em cena do clipe de 'Thriller' — Foto: Divulgação Michael Jackson em cena do clipe de 'Thriller' — Foto: Divulgação
Michael Jackson em cena do clipe de 'Thriller' — Foto: Divulgação



Quarenta anos depois de sua estreia, o videoclipe "Thiller", do astro Michael Jackson (1958-2009), continua sendo uma referência histórica para a música, um ponto de mudança nas produções audiovisuais do pop.
"Quando a MTV exibiu 'Thriller', de Michael Jackson, neste mesmo dia no ano de 1983, esse curta-metragem mudou o gênero dos vídeos musicais de cabeça para baixo para sempre", diz uma mensagem publicada na conta oficial do cantor no Twitter.

O Rei do Pop morreu em 2009, aos 50 anos, após uma overdose de remédios.
Dirigido por John Landis, conhecido pelo sucesso em filmes como "Os irmãos cara de pau" (1980) e "Um lobisomem americano em Londres" (1981), o clipe de "Thriller" revolucionou as regras da promoção musical e se tornou rapidamente um fenômeno mundial.

Graças a espetaculares efeitos especiais, uma coreografia bastante recordada e imitada, além de um ambicioso enredo, "Thriller" prestava uma homenagem a mitos do terror, como zumbis e lobisomens em um videoclipe de 12 minutos de duração.
"Thriller" ganhou o Grammy de melhor vídeo musical longo e também conquistou três prêmios no MTV Video Music Awards (VMA).

Além disso, o clipe foi incluído em 2009 no Registro Nacional de Cinema da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos por ser considerado como o "vídeo musical mais famoso" da história.

O clipe contribuiu de maneira notável para o extraordinário sucesso do álbul "Thriller", que tinha sido publicado em novembro de 1982. Além da música de mesmo nome, o disco continha enormes sucessos, como "Beat It" e "Billie Jean".

Segundo a última atualização da Associação da Indústria da Gravação dos EUA (RIAA), publicada em agosto, "Thriller" é, com 33 milhões de cópias, o segundo álbum mais vendido da história nos EUA, só atrás de "Their Greatest Hits", do The Eagles, que vendeu 38 milhões de discos.

(fonte : Wikipedia )

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Leonard Bernstein

  

Cinebiografia de Leonard Bernstein, Maestro, indicada a 7 categorias no Oscar 2024, é estrelada  e dirigida por Bradley Cooper.

 

            *************************************

Maestro americano (entre os maestros mais importantes de sua época),compositor, pianista, educador musical, autor e  benfeitor.






***

  Trecho de West Side Story,com regência do próprio Bernstein.A canção transformou a história dos musicais da Broadway.

clique aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=srb2EyvTSGw


 *******

Leonard Bernstein nasceu em 25 de agosto de 1918, em Lawrence, Massachusetts, com o nome de batismo  Louis,para agradar a avó

Mas sempre foi chamado de Leonard.

Aos 16 anos ,oficialmente ,adotou esse nome.

 Era filho de Samuel e Jennie Bernstein, casal de imigrantes vindo da Ucrânia.

O pai, assim que chegou aos Estados Unidos, começou a trabalhar como limpador de peixes. 

Este pai prosperou,mudou de ramo e ,de vendedor de perucas, passou a ser um próspero distribuidor de produtos de beleza.

 Leonard aprendeu que sucesso nos negócios era fundamental e que música, arte e cultura eram ocupações menores.

Foi uma  criança tímida e doente e se apaixonou pela música depois que uma  tia deu para a família  um piano vertical ,velho e desgastado pelo tempo.


 INFLUÊNCIAS

Juventude

Durante seus estudos, Leonard Bernstein conheceu Dimitri Mitropoulos, que despertou nele o desejo de se dedicar à regência e Aaron Copland que despertou a atração por compor e divulgar a música americana.

Mais tarde, durante as aulas de verão (em 1940 e 1941) em Tanglewood, foi Serge Koussevitzki quem deixou a sua marca no jovem talentoso. Ele identifica seu potencial e o contrata como assistente.

Bernstein também é fascinado por Gustav Mahler (1860-1911) de origem judaica, que como ele, foi compositor, pianista e maestro. 


SURPRESAS DO ACASO

Em 1943, Leonard Bernstein tornou-se regente assistente da Filarmônica de Nova York.

 Uma surpresa do acaso acelerou o início da carreira : ele teve que substituir Bruno Walter em cima da hora, durante um show transmitido pela rádio, sem ensaio. 

Bernstein foi excepcional naquela noite e, dia seguinte, aos 25 anos, tornou-se celebridade em todo o país


A partir daí, aconteceu a mais brilhante das carreiras de maestro do século XX.


O INTÉRPRETE

Bernstein  trabalha na América, Europa e Ásia,regendo música dos seus contemporâneos ao mesmo tempo em que revisita os grandes autores, do barroco à música do século XX. 

Primeiro maestro americano a se tornar diretor da Filarmônica de Nova York, foi convidado para o La Scala de Milão.

Como pianista, atua como solista e em música de câmara. 

Deixou mais de 400 gravações e inúmeros vídeos. 

ENGAJAMENTO


Músico engajado,preocupado com os problemas sociais do seu tempo, esteve presente em momentos históricos, como a celebração da queda do Muro de Berlim, quado regeu a Sinfonia nº 9 de Beethoven em cada lado do muro.

Desaprovou abertamente a guerra lançada pelos Estados Unidos no Vietnam, apoiou a integração das minorias e o movimento pelos direitos civis. 

Em 1970, causou escândalo ao organizar com sua esposa Felicia uma noite de apoio à Pantera Negra, uma organização política afro-americana.


O COMPOSITOR

Musicais, sinfonias, balés, música de câmara, música sacra, melodias, obras para piano, maestro e professor, Leonard Bernstein ,se destaca em todos estes gêneros. 

Lida com diversos estilos com facilidade - jazz, pop, música clássica, popular, folclore, coral religioso - que mistura em músicas representativas da América do século XX,


 

Compôs a trilha de "West Side Story", "Amor, sublime amor".no Brasil, filme  ganhador do Oscar em 1962, com 29 vitóriais e 11 indicações  em festivais ao redor do mundo.

VIDA AFETIVA

maestro e a atriz costarriquenha Felicia Montealegre   se conheceram durante uma festa em 1946, três anos depois dele ter sido convidado para reger a Filarmônica de Nova York.Ambos em início de carreira.

Em 1951, casaram-se  e  tiveram três filhos, Jamie, Alexander e Nina. 

Foi uma relação turbulenta,repleta de traições, principalmente com homens.

Ele a deixou em 1976 para viver sua homossexualidade, depois voltou para o antigo lar para cuidar dela durante o câncer que a acometeu, até a morte, em 16 de junho de 1978.

Trecho de uma carta de Felicia,mulher admirável:

Felicia

"Você não admite a possibilidade de uma vida dupla, mas se a sua paz de espírito, a sua saúde, todo o seu sistema nervoso dependem de um determinado padrão sexual, o que você pode fazer?... Estou disposta a aceitá-lo como você é, sem ser mártir... vamos tentar ver o que acontece se você for livre para fazer o que quiser, mas sem culpa e confissão." 

TEMPOS FINAIS

Sua última apresentação pública foi em Tanglewood, dia 19 de agosto de 1990 com a Orquestra  Sinfônica de Boston, numa performance de "Four Sea Interludes" de Benjamin  Britten e da Sétima Sinfonia de Beethoven


Bernstein fumou muito por um longo período de tempo, e por isso ,teve enfisema desde a metade da década de 1950.

Morreu de infarto agudo do miocárdio causado por um mesotelioma, cinco dias depois de se aposentar,em 14 de outubro de 1990, aos 72 anos,em Nova York.

 *******************************

segunda-feira, 7 de abril de 2025

LADY GAGA VEM AÍ

 "Começou a preparação para o show de Lady Gaga no Rio de Janeiro. A cantora vai se apresentar no dia 3 de maio e, nesta segunda (07 de abril), a praia de Copacabana já recebe a estrutura que será usada na montagem do palco. Os organizadores esperam um público superior a 1 milhão de pessoas". Fonte:G1



 

 **********************




Ame-a ou Deixe-a:
Há um talentoso ser humano atrás do fenômeno

No dia 29 de abril de 2010, a revista "Time" considerou Lady Gaga a artista mais influente do mundo, superando os maiores nomes do cinema, teatro e televisão.

Mais que estar no topo das paradas musicais, ela e sua carreira recentíssima foram reconhecidas pela importância artística.
O texto publicado sobre o fenômeno foi escrito por Cyndi (famosa, entre outros pelos sucessos “Time after Time" ”e” Girls just wanna have fun" .

E ao ser indagada numa entrevista se é transexual, respondeu que se sente “muito orgulhosa com a comparação”, mas que sua vagina “ficou magoada”.
A bela é militante dos direitos humanos: interrompeu uma turnê mundial ,promoveu o evento e discursou durante a  Marcha Nacional pela Igualdade em Washington (outubro de 2009)

***************
Stefani Joanne Angelina Germanotta nasceu em Nova York em 28 de março de 1986, filha do ítalo americano Joseph Germanotta e de Cynthia Bissett.

Começou aulas de piano aos quarto anos, compôs sua primeira balada aos 13 e aos 14 começou a atuar em peças teatrais, durante os estudos no Convent of the Sacred Heart, escola católica particular. 
Era boa aluna e disciplinada, mas muito discriminada por sua aparência exótica e seu espírito livre.

Gaga explica a excentricidade numa entrevista para o Elle Magazine “Sou canhota”.

Aos 17, Stefani Germanotta, a nossa futura Lady Gaga, passou a freqüentar a escola de Artes da New York University. Estudou música e composição, artes, religião, ciências sociais e políticas.

Desafio

Decidida a investir na carreira artística largou os estudos e pediu ajuda ao pai, que concordou em pagar mesada durante um ano com a condição de a filha voltar a Faculdade em caso de insucesso.


"Para economizar, fui morar sozinha no apartamento mais barato que encontrei e comi merda até que alguém quisesse me ouvir”, contou numa entrevista.


Aos 19 anos foi contratada e logo demitida da Def Jam Records , o que permitia que cantasse à noite no meio musical alternativo de Nova York e trabalhasse, durante o dia, para o selo Interscope Records, compondo para artistas conhecidos : Pussycat Dolls, Fergie e Britney Spears e Akon.

Depois de ouvir Gaga cantar, e impressionado com tanto talento, convenceu o presidente da Interscope Jimmy Iovine a contratá-la.


Foi assinado um acordo musical entre a gravadora e a de Akon, a Kon Live.
O nome artístico foi invenção do produtor musical Rob Fusari para Stefani Germanotta. O timbre de voz da moça lembrou o de Freddie Mercuty interpretando o sucesso “Radio Ga Ga” do grupo Queen.


O album de estreia,"The Fame"foi lançado em agosto de 2008 e chegou ao primeiro lugar de vendas,segundo o Billboard "Top Electronic Albums".

Os dois primeiros singles do álbum, “Just Dance" e "Poker Face", se tornaram grandes sucessos internacionais, sendo que o primeiro foi indicado na categoria "Melhor Canção Dançante" no 51º Grammy Awards.



Em 2009, Lady Gaga abriu turnês de grupos como New Kids on the Block e Pussycat Dolls . Em seguida, embarcou na sua própria, a The Fame Ball Tour.
Vendeu mais de 20 milhões de singles digitais e 8 milhões de álbuns.

Estrela Cintilante

Conversei com músicos, com um consultor de marketing especializado em imagem e com um psiquiatra, na tentativa de procurar entender a incrível ascensão dessa Madonna do século 21.
Foi desafio do pai italiano e mais o talento real como musicista, foram às letras passionais?
O desgaste dos antigos ídolos que confundem persona com a pessoa real e se tornam humanos demais para os fans?
Ou o trabalho dos marqueteiros da gravadora debruçados no inconsciente coletivo que clamava por um novo ícone para o público chamar de seu?
Acho que a resposta é muito mais simples.



As razões provavelmente são originadas pelo toque pessoal. Disco e letras que, dizem, são compostas em poucos minutos, a voz potente, mesmo ao vivo, e a coreografia criativa: conjunto que transformou Lady Gaga na jovem estrela cintilante que veio para brilhar por muito tempo.

Cantora, compositora, produtora, toca piano e sintetizador e é ligada ao povo da moda. Ela é amada, imitada ou odiada.

 ***********************************************

 Cantora admitiu ter lúpus. 

O problema (da Wikipedia)

"Seu nome completo é lúpus eritematoso sistêmico
Em resumo, ele é um distúrbio crônico que faz o sistema imunológico produzir anticorpos em excesso sem um motivo aparente. 
A questão é que os anticorpos, quando em alta concentração, passam a atacar o próprio organismo, provocando inflamações e lesões em vários órgãos. 
Rinspulmõespele e articulações são as áreas mais acometidas, porém a doença eventualmente atinge até cérebro e coração.

****************************

Mais comum nas mulheres jovens, o transtorno pode ser brando em determinados casos e, em outros, incapacitante ou mesmo fatal. E seu curso é imprevisível. Às vezes, o indivíduo fica anos sem nenhum sintoma e, de repente, volta a sofrer com dores e outras complicações. Até por isso é tão crucial seguir o tratamento e as orientações dos especialistas."

terça-feira, 1 de abril de 2025

FRANZ SCHUBERT

 

 


Que os leitores me permitam fazer uma analogia entre a vida de Franz Schubert e a composição Money for nothing, da 

banda Dire Straits.

Consta que a canção de 1985 é um olhar  irônico sobre 


a declaração de um vendedor de hardware, ao perceber 

a presença do grupo na loja de eletrodomésticos 

onde trabalhava.

" Eu deveria aprendido a tocar algum instrumento 

musical. E não ficar carregando TVs, fornos de 

microondas, refrigeradores. Vejam esses 

aí,ganham vida fácil, sem  trabalhar",teria 

comentado ele.

 *****

No final do século 18 e meados  do século 19-duração 

da presença física de Schubert no planeta Terra-ser 

músico era sofrer preconceito,enfrentar dificuldades 

financeiras e decepcões e,ao mesmo tempo, inspirar 

impressão errônea de vida mansa.

Mesmo hoje em dia,somente alguns poucos conseguem   
 
a fama, o dinheiro, as homenagens e o reconhecimento.

  Schubert é frequentemente considerado como o protótipo do artista romântico: doente, pobre  e pouco apreciado durante sua vida,mesmo tendo alcançado algum sucesso com suas  Lieder (plural de Lied ,canção em alemão). 



Só foi realmente compreendido, apreciado e aclamado

post mortem.




**************************


Franz Peter Schubert nasceu em Viena no dia 31 de janeiro de 


1797.


Filho caçula de Franz Theodor Schubert, um professor, e sua esposa, a dona de casa Elisabeth, e irmão de Ignaz, Karl e Ferdinand. 

Era uma   família de classe média respeitada,  cultivada e musical.O pai tocava viola num quarteto de corda com os filhos mais velhos. 



 Em1808, Schubert ganhou uma bolsa de estudos, que incluía um lugar no coro imperial e educação no Stadtkonvikt,monastério-escola,(foto acima)onde seus mestres foram Wenzel Ruzicka,organista da corte  emais tarde, o compositor Antonio Salieri.

Quando sua voz mudou,na adolescência (1812), deixou Stadtkonvikt e passou a estudar como aluno particular de Salieri.


Continuou os estudos na Faculdade de Pedagogia em Viena e,no final de 1814, tornou-se  professor assistente na escola de seu pai,onde trabalhou até 1818.


 
*************

1814- A primeira obra prima reconhecida, Gretchen em Spinnrade, adaptava  um poema de Goethe `a música.

Apenas em  1815, compôs mais de 140 canções. 

No total, deixou 600 obras.

 A Sinfonia Inacabada (1822),última grande obra antes de contrair sífilis,é conhecida pela sua  maravilhosa qualidade acrescida de ousadia harmônica. 

A partir dessa época, as músicas expressavam desespero e a presença da morte era muito constante.
No hospital, em 1823,  compôs Die Schöne Müllerin,em que a paixão sexual do protagonista o  leva ao suicídio.

No Quarteto em Ré Menor, conhecido como Death and the Maiden (1824),mostra que é na morte que um jovem encontra o conforto tão necessário.

Em 26 de março de 1827, o desaparecimento de Beethoven-que muito influenciou seu estilo-aumentou o desespero ,mas o inspirou o Trio em Mi bemol, que explora a estrutura  da Quinta Sinfonia  e foi elaborado no primeiro aniversário da partida do ídolo.

O último ano de  vida de Schubert, 1828, foi preenchido com mais composições. 

Sinfonia em Dó Maior ("O Grande"), é  de  março do mesmo ano. Apresentada em público pela primeira vez 12 anos depois-1840-é considerada o ápice de sua realização criativa.

Um de seus melhores duetos de piano, Fantasia em Fá Menor,   também data de 1828. 
Ela evoca uma violência perturbadora e beleza lírica.

São de setembro e início de outubro de 1828 suas últimas três sonatas para piano, em Ré menor, Lá  maior, e Si bemol Maior, sintetizando com sucesso muitos dos seus recursos estilísticos. 

O Quinteto de Cordas em Dó Maior foi a  última peça instrumental antes da morte ,em Viena, em 19 de novembro de 1828.

O corpo foi enterrado no cemitério Wahring, praticamente ao lado de Beethoven.

**************
Vida pessoal

Schubert  tinha um grupo de amigos do sexo masculino,conhecido como  Círculo Schubert.

Os relacionamentos com um amigo de escola,  Joseph von Spaun, com o  poeta Johann Mayrhofer e o rico e jovem Franz von Schober, foram os mais importantes de sua vida.

Com  Franz Schober  chegou a  viver junto, e  por períodos prolongados.

A homossexualidade de Schubert  era  conhecida no meio musical,mas apenas em 1981, um longo artigo de  Maynard Solomon para a publicação americana Imago,sobre música do século 19,explicitou a situção.

 A reação  de muitos musicólogos e críticos ,para disfarçar  o preconceito  (que já pegava mal naquele momento pós Stonewall) , foi  a recusa de evidências ou,ao contrário,  foi o disparo de uma homofobia escancarada.
A delicadeza de sentimentos e a divisão interior que marcaram a vida breve de Schubert parece que não foram levadas em conta por esses últimos, verdadeiros algozes e donos da verdade, em nome não sei bem de que. Talvez aquela velha história que Freud explica.

Nos últimos anos,  a imagem de um Schubert gay tornou-se mais compreendida ou-talvez- menos controvertida.

*********************************
 Sinfonia Inacabada
19/5/2012  
Regência de Claudio Abbado  
Sinfônica de Berlim


https://www.youtube.com/watch?v=cdhBumzco8g
 

 

***************

Pierre Verger. Mensageiro entre dois mundos

                    PIERRE VERGER (1902-1996) Fotógrafo, etnólogo autodidata e  historiador especializado na cultura e religiões africanas. ...