terça-feira, 31 de outubro de 2023

Madame Durocher. A parteira do segundo império

  



6/1/1809- Paris, França/
     25 de dezembro de 1893 (84 anos) Rio de Janeiro


Assim era Marie Josephine Mathilde Durocher, Madame 
Durocher,obstetra da Imperatriz Teresa Cristina, do high society,das escravas  e das desvalidas. 

Interessante a explicação dada por Madame para o uso de indumentária estranha.

"Eu determinava que o meu exterior deveria inspirar uma moral aos meus pacientes do sexo feminino, dando-lhes confiança e distinguindo a parteira das mulheres comuns, e eu não estava enganada”


Em um tempo em que a pudicícia era institucionalizada, a gente custa a crer que com  trajes masculinos e  tal estampa, ela tivesse livre acesso às alcovas.


Primeira mulher a ser recebida como membro titular a Academia Imperial de Medicina em 1871.

Primeira mulher a assinar textos científicos a área de Medicina-










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O Texto abaixo conta a história da primeira parteira com formação, no Brasil.
Madame Duroucher deu, sem dúvidas, o pontapé inicial para esta profissão que hoje é reconhecida em todo o mundo: A enfermagem obstétrica.
Foi publicado no site do CONEN,o Conselho Nacional de Enfermagem.

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 “Marie Josephine Mathilde Durocher nasceu em Paris em 1809. Veio para o Brasil aos 7 anos de idade, na leva de imigrantes que fugiam da volta dos Bourbons ao trono francês, depois da queda de Napoleão.

Acompanhada de sua mãe, a florista Anne Durocher, que se estabeleceu como comerciante de moda no Rio de Janeiro, na Rua dos Ourives, no centro comercial da cidade.


Com a morte da mãe, assumiu os negócios da família. 
Mas foi só após o assassinato do comerciante francês Pedro David, com quem vivia e com o qual tinha dois filhos, que resolveu abandonar os negócios que já vinham se deteriorando desde a morte de sua mãe e dedicar-se à profissão de parteira. 
Foi influenciada por duas outras mulheres parteiras: Madame Piplar e Madame Berghou, parteira da Santa Casa de Misericórdia.

Naturalizou-se brasileira. 

Matriculou-se no Curso de Partos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1833. 

Completou sua formação com aulas particulares de importantes médicos da corte e foi a primeira mulher a obter o título de parteira diplomada.

Madame Durocher, como ficou conhecida, adotou uma indumentária peculiar, criando um tipo masculinizado, vestindo-se de preto, com casaco masculino, gravata, cartola e uma saia. 

 
Usava um vestuário, que não só era mais confortável, mas que também foi digno e característico daquilo que deveria ser uma parteira. 
Determinava que o exterior deveria inspirar uma moral pacientes do sexo feminino, dando-lhes confiança e distinguindo a parteira das mulheres comuns, e  não estava enganada”. 
Certamente, a indumentária também facilitava o seu trabalho quando tinha que sair a noite para socorrer parturientes, numa época que as poucas mulheres que se aventuravam a sair à noite sozinha eram tomadas por prostitutas.

Madame Duroucher atendia a todas as mulheres sem distinção de escravas a membros da nobreza. Em 1866, foi nomeada parteira da Casa Imperial. Atendeu a Imperatriz Tereza Cristina no parto da Princesa Leopoldina, filha de D. Pedro II. 

Dominava as técnicas de obstetrícia mais usadas em sua época, cuidava de recém-nascidos, indicava amas-de-leite, tratava de febre amarela, cólera e dava pareceres sobre defloramento. 
Teve papel importante nas políticas de saúde publica, aprovando e/ou condenando medicamentos. 

Publicou vários artigos relacionados à obstetrícia na revista da Academia Imperial de Medicina, na qual se destaca “Considerações sobre a clínica obstétrica”, o mais completo estudo sobre a prática obstétrica no Brasil no século XIX.

 Em sessenta anos de profissão realizou mais de 5 mil partos.
Em 1871,   foi a primeira mulher convidada a ingressar na Academia Imperial de Medicina. Faleceu no dia 25 de dezembro de 1893, no Rio de Janeiro.”

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 Sobre cinebiografia de Madame Durocher:
https://telaviva.com.br/31/08/2022/com-roteiro-de-rita-buzzar-e-joao-segall-cinebiografia-madame-durocher-tem-filmagens-iniciadas/

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