quarta-feira, 10 de junho de 2020

"Morte em Veneza-" 50 anos- e afins

 
    


 


 


Puro deleite na noite de  insônia

  Graças ao canal Art 1, que 
ajudou a tornar menos desagradável mais uma noite em claro. pela enésima vez, me emocionei com a soberba interpretação de Dick Bogarde em “Morte em Veneza”, baseado em obra de Thomas Mann e - quintessência do luxo - com tema musical de Gustav Mahler.

Todos os nomes citados acima tinham algo mais em comum além da genialidade,refinamento :talento, inspiração e sensibilidade
No caso de Mahler, grandes conflitos internos afetaram profundamente a vida conjugal. A amada (espiritualmente), mas insatisfeita Alma Mahler,  virou ‘femme fatale’, mais tarde casada com o arquiteto Walter Gropius, com o poeta Franz Werfel, e teve casos quentíssimos com os pintores Oskar Kokoschka, Gustav Klimt e etc,etc,etc.  "


"Morte em Veneza”


Hospedado em um hotel de veraneio em Veneza, no início do século XX e de férias para se recompor de stress causado por perdas e fracassos, famoso compositor - Prof. Gustav Aschenbach (Dirk Bogarde) - reservado e discreto, é surpreendido pela atração imediata, secreta e platônica que sente por outro hóspede, um jovem polonês, efebo de beleza angelical. 

 Uma epidemia de cólera permeia os acontecimentos. Aos poucos, o envolvimento vai se transformando em autodestruição. A obra prima rendeu a seu diretor o Prêmio especial do 25º Aniversário do Festival de Cannes (1971). Direção: Luchino Visconti. Com: Dirk Bogarde, Bjorn Andersen (o anjo em forma de gente), Silvana Mangano, Mark Burns, Marisa Berenson.

Don Luchino Visconti di Modrone, Conde de Lonate Pozzolo (1906-1976)

O diretor que transformou o romance clássico de Thomas Mann em "uma obra-prima de poder e beleza" - segundo o crítico William Wolf - era descendente de nobre família milanesa, filho de Giuseppe Visconti, Duque de Grazzano, e de Carla Erba (proprietária da empresa farmacêutica) e dedicou a juventude a cuidar de seu haras particular enquanto frequentava o mundo das artes. 

Entre 1936 e 1938, viveu na França, amigo de Coco Chanel e Jean Renoir, com quem trabalhou no filme "Une partie de campagne"e a trajetória continuou em Hollywood, até voltar a Roma.
Em 1940, ligado aos intelectuais que faziam o jornal “Cinema”, vendeu bens e jóias da família que lhe cabiam para realizar sua primeira película. Em seguida, foi contratado pelo Partido Comunista Italiano para realizar 3 documentários sobre camponeses e pescadores.

Continuou a filmar com monstros sagrados do cinema e o reconhecimento da crítica veio com o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza por "Le notti bianche".
O primeiro êxito de bilheteria veio em 1960 com"Rocco e seus irmãos". Em 1963, conquista a Palma de Ouro do Palma do Festival de Cannes com o grandioso "O Leopardo", filme de três horas de duração extraído do romance homônimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, que conta a história da transição da nobreza para o populismo, na Sicília nos tempos da unificação italiana.
Com o refinado "Morte em Veneza" (1971), protagonizado por Dick Bogarde, atingiu seu apogeu.

Uma crise cardíaca o prendeu à uma cadeira de rodas, mas não impediu a realização de mais jóias do cinema, sempre privilegiando uma “estética política” no olho do furacão do neorealismo Italiano.

Em 1976, morreu na residência de Roma.
14 filmes, 3 documentários, 36 direções teatrais e 23 direções de óperas, indicação ao Oscar, 2 prêmios Bodil de melhor filme europeu, Palma de Ouro em Cannes por “Il Gattopardo” e Leões de todos os matizes nos Festivais de Veneza ficaram como legado material do aristocrata mais refinado e mais “povão” que a Itália jamais produziu, um grande marxista de alma e coração.

Thomas Mann (1875-1955)

Alemão e um dos maiores romancistas do século XX, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1929.
Filho do comerciante Johann Heinrich Mann e da escritora e produtora cultural brasileira Júlia da Silva Bruhn, casou-se com Katia Pringheim. 

 Irmão mais novo do romancista Heinrich Mann, foi pai de seis filhos. Na obra de Thomas Mann não há menção à terra da mãe, mas existem inúmeras teses, trabalhos e ensaios sobre como esta mestiçagem teria pontuado sua vida e influenciado sua produção.
Em 1893, edita a revista "Der Frühlingssturm" (A Tempestade de Primavera) e participa do quadro de colaboradores.

Apaixona-se por Wilri Timppe, filho de um de seus professores. Mais tarde, Timppe seria inspiração para Pribslav Hippe, personagem de "A Montanha Mágica", um retrato da Europa em ebulição, com a Primeira Guerra Mundial em seus primórdios.

Começou a criar 'Buddenbrooks", saga de uma família por 4 gerações, durante uma viagem à Itália e, de volta a Munique, editou um jornal satírico/humorístico "Simplicissimus".
Esse foi o momento da paixão não correspondida por Paul Ehrenberg, que definiu mais tarde como a "experiência central de seu coração”.
Quando Hitler chegou ao poder, a família inteira perdeu a cidadania alemã e Mann asilou-se na Suíça até 1938, mudando-se para os Estados Unidos e obtendo a cidadania americana em 1944. Consta que o Presidente Roosevelt chegou a avaliar a possibilidade de Thomas Mann assumir o governo alemão no pós-Guerra.
Com a chegada do macartismo,o escritor cansou de ser alvo de perseguições, voltou à Europa e morreu em Kilchberg , próximidades de Zurich, em 1955.


Sir Dick Bogarde (1921-1999)
O ator, chiquérrimo, primeiro inglês a presidir o júri do Festival de Cannes, em 1984, preferia manter a vida particular bem distante da profissional, onde brilhava com sua grandiosa capacidade de representar em cerca de 70 películas, especialmente o trabalho em "Morte em Veneza". Aos 50 anos, começou carreira de escritor, muito bem sucedida.

Gustav Mahler (1860 –1911)

Entre o final do século 18 até o raiar do século 20, Viena foi (também) o centro de uma corrente cultural musical. Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig von Beethoven, Johannes Brahms, e Gustav Mahler residiam na cidade, terra natal de Johann Strauss (pai e filho), Arnold Schoenberg e Franz Schubert.
Além de compositor, Mahler foi grande maestro e suas técnicas são presentes até os dias de hoje, divulgadas nos anos 60 por Leonard Bernstein.
E uma geração de admiradores e regentes deu grande exposição à sua produção, em especial às sinfonias.
O fundo musical de “Morte em Veneza” contribuiu para a notoriedade mundial do compositor.
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