O gênio de Woody Allen conseguiu transformar em meros figurantes de seu "Meia Noite em Paris" alguns nomes fundamentais da arte e da cultura que estavam
baseados na Cidade Luz nos mágicos anos 20,como Ada Smith, a Bricktop
Ada “Bricktop” Smith
Ao começar este texto sobre Bricktop (Ada Beatrice Queen Victoria
Louise Virginia Smith) - certamente
levada pelo meu inconsciente - caiu a ficha: ela é a versão franco-americana da
Tia Zulmira. Personagem de Stanislaw Ponte Preta, codinome do jornalista,
crítico musical e expert em jazz Sergio
Porto (1923-1968).
Tia Zulmira era demais: filósofa atemporal de humor ferino e
picante, contava, modestamente, que havia ensinado psicanálise a Freud, teoria
da relatividade a Einstein, música a Chopin, etc.
Terminada a guerra de 1914/18, muitos ‘inferninhos” de negros
animavam Montmartre e eram frequentados por americanos desencantados e
milionários que faziam História.
Assim também Bricktop - (“Cabeça de tijolo”, negra retinta com os
cabelos pintados de vermelho), dançarina, cantora, proprietária do
nightclub “Chez Bricktop“em Paris, de 1924 a 1961 (a financiadora dessa
empreitada foi a figurinista Elsa Schiaparelli) - foi classificada como “uma
das mais legendárias figuras e importante formadora de opinião da história
cultural americana no século 20”. Em seu alentado currículo amoroso está o nome
de Josephine Baker, entre outras e outros.
Frank Sinatra declarou que, com ela, aprendeu a fazer sua perfeita
divisão de sílabas nas canções, o que
facilitava o entendimento de qualquer ouvinte, em qualquer região do mundo.
“Cabeça de tijolo“ prospera
Nascida em West Virginia (14 de agosto de 1894), mais nova de 4 filhos, quando da morte do pai, precisou começar a trabalhar muito cedo. Aos 16 anos e já famosa participante das turnês TOBA (uma associação de proprietários de teatro) e do vaudeville, Ada Smith passou a ser conhecida pelo apelido.
Aos vinte anos, a fama
levou-a à Nova York .
Quando trabalhava na Barron's Exclusive Club, uma casa noturna
no Harlem, recomendou ao proprietário um rapaz, compositor de jazz e
pianista que ela achava
talentoso, chamado Duke Ellington(1899-
1974).
Já em Paris, ensinou a um outro compositor chamado Cole Porter o
“charleston”, então a dança da moda.
Porter, morador da Cidade Luz, encantado, dedicou -se a divulgar a nova dança transgressora em ”deliciosas festas” no The
Music Box, no Le Grand Duc e,
depois, no"Chez Bricktop”, clubes
que a moça dirigiu com grande competência,
Bricktop trabalhou para o
governo francês nas emissões radiofônicas durante a segunda guerra mundial e
saiu de Paris nessa época, deixando saudosos o Duque e Duquesa de Windsor e F. Scott Fitzgerald,
que ambientou no Chez Bricktop seu
conto Babylon Revisited
(1931).
(Fitzgerald escreveu que seu maior trunfo na vida foi ter
descoberto Bricktop antes de Cole Porter.)
Teve um doce caso de amor com uma dançarina iniciante, Josephine
Baker, contado por um dos filhos da própria, Jean Claude Baker, em seu livro .Josephine: The Hungry Heart
A canção de Cole Porter
"Miss Otis Regrets” foi escrita especialmente para ela, também a inspiradora de Django Reinhardt e Stephane Grappelli numa canção chamada, adivinhem...."Brick Top".
Nossa biografada foi citada, elogiada, descrita, recomendada como
grande artista por Howard Hughes, Ernest Hemingway, Maya Angelou, Evelyn Waugh e T. S. Eliot.
Em 1972, gravou seu único disco "So Long Baby," com Cy
Coleman. Por incrível que pareça, Bricktop
achava que não tinha talento e preferia ser chamada de “performer”.
Em 1974, atuou no filme Honeybaby, Honeybaby onde fazia papel dela mesma cuidando da
boate "Bricktop's" em Beirute,
Líbano.
Em 1983, fez pequeno papel no filme Zelig, de Woody Allen. Na cena
que protagonizou, Bricktop,que recebia Zelig en seu clube, esperava por Cole
Porter para que alterasse a letra de
“You’re the top” para "You're the top, you're Leonard Zelig."
Bricktop by Bricktop,
autobiografia escrita com James Haskins foi publicada em 1983 pela “Welcome Rain Publishers” ( registro ISBN 0-689-11349-8
e “traz piadas sobre ricos, poderosos e famosos como John Barrymore, Jelly Roll Morton, Jack Johnson,
Legs Diamond, John Steinbeck, Django Reinhardt, Frank Sinatra, Edward G. Robinson, Tallulah Bankhead, Gloria Swanson, e fofocas
sobre reis e princesas ."
No final de 2008, foi apresentado o musical “Bricktop”, no Lorraine
Hansberry Theatre, em San Francisco. A vida de Ada "Bricktop" Smith
na visão de Calvin A. Ramsey, com música original de S. Renee Clark, letra e
roteiro de Ramsey and Thomas W. Jones e
coreografia de Dawn Axam. A ação se
passa no momento em que a artista deixa
Paris e prepara a volta aos Estados Unidos.
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Bricktop teve o fim dos escolhidos pelos Deuses:
morreu dormindo em seu apartamento de Nova York, em 1º de fevereiro de 1984.
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https://www.youtube.com/watch?v=-LqA0AttDI4
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Ada 'Bricktop' Smith -St Louis Blues (1970)
clique aquihttps://www.youtube.com/watch?v=-LqA0AttDI4
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